RELATÓRIOS DA REDE MOVA BRASIL

V ENCONTRO NACIONAL DO MOVA-BRASIL
MOVA-BRASIL, TECENDO A EDUCAÇÃO POPULAR LIBERTADORA: POLÍTICA PÚBLICA E DIVERSIDADE
09 a 11 de junho de 2005
CTE/CNTI – Luziânia/GO
Realização
COORDENAÇÃO NACIONAL DO MOVA – BRASIL; GTPA/DF – FÓRUM DE EJA/DF; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - DECANATO DE EXTENSÃO - FACULDADE DE EDUCAÇÃO; MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE – SECAD; SINDICATO DOS PROFESSORES DO DISTRITO FEDERAL - SINPRO/DF; CENTRO DE EDUCAÇÃO PAULO FREIRE DE CEILÂNDIA – CEPAFRE.

Apoio:
UnB/DEX-FE, MEC/SECAD, MTE/SENAEs, MDA/INCRA-PRONERA, MMA/IBAMA, GDF/SEE, UFG, UEG, FACEB/Ceilândia, SINPRO/DF, ADUnB-seção ANDES, SINTFUB, ASEFE, CNTI, CEPAFRE, Instituto Agostín Castejon-IAC, Instituto Paulo Freire-IPF, FEPAD, FUBRA, FINATEC, FUNCER, AEC-BRASIL, ONG MORADIA E CIDADANIA, SESI-NACIONAL/COALFA, SESC/DF, Ed. EDUCARTE Ltda, PALCO LOCAÇÃO Ltda e parlamentares:
Deputados Distritais – PT: Chico Leite, Arlete Sampaio, Érica Kokay e Paulo Tadeu,
Deputados Federais – PT: Paulo Delgado e Wasny de Roure,
Senadores: Cristóvam Buarque – PT/DF e Heloísa Helena – PSOL/AL..
RELATÓRIO FINAL

O Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA-BRASIL), cujas raízes assentam nos movimentos populares dos anos 1960, quando grupos e organizações atuaram na educação popular de jovens e adultos numa perspectiva libertadora, vem articulando-se nacionalmente, discutindo e propondo políticas públicas para essa modalidade.
Conforme podemos ver no histórico (anexo 01) entregue no V Encontro Nacional do MOVA-Brasil, e presente no sítio www.forumeja.org.br, desde então,
“(...) Mesmo no período militar pós 64 alguns movimentos populares continuaram seu trabalho silencioso, mas de profundo significado, atuando ao lado de campanhas como o MOBRAL.
Com o processo de abertura política nos anos de 1980, uma das grandes ações implementadas foi a parceria entre os Movimentos Sociais e as Administrações Populares municipais e estaduais na construção dos Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos – MOVAs. Os MOVAs vêm promovendo uma ação alfabetizadora popular compreendida como um ato político de leitura e escrita da palavra e do mundo de forma crítica, pautando-a nos princípios da formação cidadã, envolvendo toda a sociedade civil em parcerias com os poderes públicos para a garantia da alfabetização enquanto ação política e cultural, rompendo com as práticas das antigas campanhas com vieses assistencialistas, descomprometidas com a continuidade da escolarização e com a transformação da sociedade brasileira.
O MOVA-SP, criado em 1989, é um marco dos Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos implementados em Administrações Populares, cuja iniciativa foi seguida por outros como Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha e Caxias do Sul (RS); São Paulo, Diadema, Embú, Mauá, Guarulhos, São Carlos, Araraquara, Ribeirão Pires e Santo André (SP); Angra dos Reis (RJ), Belém e Cametá (PA); Chapecó, Rio do Sul e Blumenau (SC); Ipatinga (MG); o Ler-Rio Claro e, em Goiânia (GO), o Programa AJA-Expansão, entre outros. Também há projetos como o MOVA-Brasil, uma parceria do IPF/FUP/Petrobrás, como parte do Programa Fome Zero; bem como municípios empreendendo o Programa Brasil Alfabetizado, com princípios da educação popular. Ainda, em âmbito estadual, mencionamos os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Acre. Há intenção de iniciar o trabalho com o MOVA-Brasil em alguns municípios, entre eles o de Botucatu/SP e Vitória/ES.
Outros movimentos sociais de alfabetização de jovens e adultos alicerçados nos mesmos princípios da educação popular libertadora, compõem o MOVA-Brasil, tais como: no Distrito Federal o Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização do Distrito Federal e Entorno - GTPA/DF, fundado em 1989, cujas origens remontam a 1985, com uma experiência em Ceilândia e que tem lutado para viabilizar as ações em prol da Alfabetização de Jovens e Adultos no Distrito Federal e Entorno e reivindicações políticas contando ou não com parcerias oficiais; Programa Vaga-Lume – Alfabetização e Valorização Humana (GO), etc.
Em 2001, mesmo participando dos fóruns estaduais e encontros de EJA, de seminários de estudo, de redes como a RAAAB – Rede de Apoio à Ação Alfabetizadora do Brasil - no 1º Fórum Social Mundial, o MOVA-RS, juntamente com as ONGs Ação Educativa e Instituto Paulo Freire, convocou uma reunião com os representantes de MOVAs que estavam ali presentes e dessa reunião nasceu a organização do 1º Encontro Nacional de MOVAs, marcado para outubro de 2001.
A partir de então foram realizados o 1º Encontro de MOVAs em Porto Alegre; o 2º Encontro no ABC- paulista, em especial Santo André e Diadema, em julho de 2002; o 3º Encontro em Goiânia/GO, em agosto de 2003, quando uma das deliberações da plenária foi a constituição da REDE NACIONAL DE MOVAs, denominada de MOVA-BRASIL; o 4º Encontro Nacional foi realizado em Campo Grande/MS, no período de 09 a 11/06/2004, que chamou para Brasília o 5º Encontro Nacional do MOVA-BRASIL, para dar continuidade e aprofundamento às discussões já realizadas.
O tema do 5º Encontro Nacional – “MOVA-BRASIL, tecendo a Educação Popular Libertadora: política pública e diversidade” – buscou comprometer o poder público, cada vez mais, com os MOVAs presentes de norte a sul do Brasil, na luta pelo direito à educação de jovens e adultos (EJA). Assim os objetivos deste encontro nacional foram: consolidar o MOVA-BRASIL como rede de Educação Popular Libertadora na política pública de EJA e diversidade; debater o financiamento do MOVA-BRASIL como política pública de EJA com controle social; promover troca de experiências dos MOVAs, demonstrando as práticas de Educação Popular Libertadora; fortalecer os princípios político-pedagógicos de Paulo Freire na formação dos educadores populares e inclusão digital multimídia; promover a integração da alfabetização com a Economia Solidária na gestão coletiva do trabalho; aprofundar o conceito de alfabetização e diversidade; formular diretrizes sobre gestão, parcerias, diversidade e continuidade de programas e projetos dos MOVAs/EJA (cf. projeto - anexo 02).
Este encontro contou com a participação de 740 (setecentos e quarenta) participantes, procedentes de 159 municípios, reunidos no período de 09 a 11 de junho de 2005, em Luziânia - GO, no Centro de Treinamento Educacional (CTE)/ Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI). Entre os participantes havia representantes dos governos federal, estaduais e municipais; secretarias estaduais e municipais de educação, reitores e diretores de universidades; instituições públicas e privadas, Fóruns de MOVA e EJA; líderes e participantes de movimentos sociais, conselhos municipais e estaduais de educação, ONGs, sindicatos; educadores e coordenadores populares; professores de EJA; universitários e educandos dos MOVAs que desenvolvem experiências em educação popular de jovens e adultos no Brasil.

Dia 09/06/2005 (quinta-feira)
Matutino
CREDENCIAMENTO
O credenciamento e entrega do material foi realizado até as dez horas da manhã.

ATIVIDADE CULTURAL
Após o café da manhã e credenciamento, no Auditório II – Calasãs, Maria Luíza Pereira Angelim, coordenadora do evento e da mesa de abertura, saudou os participantes, convidando o grupo indígena Caingang, do Pantanal de Mato Grosso do Sul, para apresentar uma dança mística, dando o sentido da caminhada, em conjunto, presente neste 5º Encontro Nacional do MOVA-BRASIL.

MESA DE ABERTURA
Em seguida, foi composta a mesa pelas seguintes autoridades: Ricardo Henriques – Secretário e Thimoty Denis Ireland-Diretor do DEJA da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação e Cultura (SECAD – MEC); Sylvio Quezado de Magalhães - Decano de Extensão da Universidade de Brasília (UnB); Erasto Fortes Mendonça, Diretor da Faculdade de Educação da UnB; Carlos Rodrigues Brandão – conferencista; Assunção S. Martins representante de educandas/os do MOVA-BRASIL e José Edmar de Queiroz - representante da Deputada Arlete Sampaio-PT Presidente da Comissão de Educação e Saúde da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Também compuseram a mesa de abertura os coordenadores, por regiões, do MOVA-BRASIL: Adelaide Brasileiro, pela Região Norte; Maria Emilia de Castro Rodrigues, pela Região Centro-Oeste; Eliane Bandeira, pela Região Nordeste; Dionísio Aragão, pela Região Sudeste e Paulo Renato Soares, pela Região Sul. Nesse momento ocorreu a apresentação das delegações por Estado, sendo que os participantes do encontro, representantes de cada região brasileira haviam recebido um abada, destacando-os pelas cores: vermelho, a Região Centro-Oeste; azul, a Região Sul; branco, a Região Sudeste; amarelo, a Região Nordeste; e verde, a Região Norte.
Depois da execução do Hino Nacional Brasileiro e do Hino do MOVA de autoria de Almino Henrique-MOVA/Belém, que foi animado pela delegação do Pará; para demarcar as origens do MOVA vinculada aos movimentos de educação popular dos anos 1960, foi homenageado o educador popular e poeta José Moreira Coelho, que atuou no Movimento de Educação de Base em Goiás (MEB-GO) na década de 1960, o qual foi convidado para cantar o “Hino do Monitor” (anexo 03) hino este que abria as aulas da escola radiofônica naquele período. José Moreira convidou sua esposa e a professora Alda Maria Borges, uma das coordenadoras estaduais do MEB-GO daquele período, para ajudá-lo na execução da tarefa. Cantaram também a música “Companheiro” (anexo 04). O compositor fez um breve relato de sua experiência de educador popular no MEB-GO: de como através dos cursos de formação – o primeiro que participou foi sobre “Realidade brasileira” – compreenderam a situação em que se encontravam os trabalhadores rurais naquele período, uma realidade de exploração; falou do confronto com latifundiários; do compromisso de um educador popular com a transformação social e como tiveram que parar as atividades no ano de 1964 com o Golpe Militar.
Em seguida, Assunção Cegóvia Ortiz, alfabetizada do MOVA de Mato Grosso do Sul e representante dos educandos dos MOVAs do Brasil, falou de sua satisfação de poder iniciar seus estudos com 55 anos e aprender a ler e escrever.
A Professora Maria Luíza, coordenadora do evento, nomeou cada estado presente, apresentando as delegações, com representantes das cinco regiões brasileiras, que saudaram os demais participantes com cantos e palavras de ordem. Em seguida, foi passada a palavra para o Professor Sílvio Quezado de Magalhães, decano de extensão da UnB que, cobrou a responsabilidade do poder público em assumir a alfabetização de crianças, jovens e adultos, diminuindo o analfabetismo no Brasil; expôs as ações da UnB acerca da educação virtual e disse que a educação deve ser prioridade acima de qualquer outra. Segundo suas palavras “(...) Oxalá não haja necessidade de um 6º, 7º, 8º MOVA, que nossos netos, bisnetos não precisem se engajar num movimento pró-alfabetização” à medida que não haja mais analfabetos.
O Professor Erasto Fortes Mendonça, representando a Faculdade de Educação da UnB, disse que esta Faculdade é locus de formação de educadores no Brasil, mas que ela, assim como outras universidades federais, não têm tido sua atuação respeitada e valorizada, na medida em que políticas desastrosas de formação de professores têm sido implementadas ao longo da história da educação brasileira, especialmente com a criação dos institutos superiores de educação, o que terá graves conseqüências. Elogiou a iniciativa do Governo brasileiro de unir MEC e SECAD no trabalho com a diversidade. Professor Erasto é, atualmente, diretor da Faculdade de Educação e colocou a UnB à disposição do MOVA-Brasil.
José Edmar de Queiroz, representante da deputada distrital do PT, Arlete Sampaio, falou da importância dos Movimentos Sociais de Alfabetização buscarem o apoio do legislativo. Denunciou a precariedade de atendimento a grupos de alfabetização na garagem ou residências de educadores populares no DF, enquanto o(s) prédio(s) da(s) escola(s) pública(s) ao lado fica(m) fechado(s) no turno noturno. Segundo ele, Arlete foi vice-governadora do governo do PT-Frente Popular (1995-98), e agora sente o desmantelamento da EJA no DF.
A vereadora Professora Lucimar - PT, de Valparaízo de Goiás, pediu a palavra dizendo que foi alfabetizada pela própria mãe, mulher simples do povo, disse ser inadmissível, numa sociedade da informação, ainda termos tantas pessoas não alfabetizadas.
Maria Luíza agradeceu às equipes local e nacional, bem como o grande apoio que não se limitou só à doação de recursos financeiros e fez, também, um apelo a cada delegação para apresentar sua prestação de contas, para ao final se ter um mapa geral das despesas reais do encontro. Apresentou as planilhas, demonstrando os parceiros envolvidos e atuantes e os valores recebidos pelo MOVA. Falou das marcas das mãos de Paulo Freire, deixadas na placa de cimento à frente da mesa de abertura e projetou algumas fotos, fazendo a memória histórica das marcas deixadas por este grande educador popular. Relatou sobre o surgimento da cidade de Ceilândia – DF, informando-nos que o CEI, do nome da cidade, veio de Campanha de Erradicação de Invasões, local onde ainda hoje há muitas pessoas não alfabetizadas. Ela ainda relatou-nos que, em 1996, com a presença de Paulo Freire, essa cidade instalou seu I Fórum Regional pela Alfabetização de Jovens e Adultos.
Na continuidade das atividades Maria Luíza ainda comentou, brevemente, sobre o símbolo do V Encontro Nacional do MOVA-BRASIL, representando as diversas etnias, riquezas e belezas do Brasil. Invocou os quatro elementos: terra, ar, água e fogo, que entrando em sintonia com o dia 09 de junho – data da abertura deste evento e próximo do solstício de inverno, momento em que o Sol está mais próximo da Terra, em nosso hemisfério – e em função de ser próximo do dia junino, um dia de fogo, fogo do Divino Espírito Santo, seja um dia de bênçãos. Segundo ela, a tradição dos açoreanos do culto popular do Divino Espírito Santo, inspirado no monge calabrês Joaquim de Fiori (de Flora) penetrou no Brasil, com seus três fundamentos: comida/vida para todos (ausência de fome), liberdade para todos (ausência de prisões), governo da criança como “ser em criação” (poder como serviço à criação e não como dominação). É dentro deste clima que foram trabalhados cada um dos copos de barro, que cada componente da mesa de abertura recebeu de presente, os quais foram decorados por educandos dos movimentos de educação popular presentes, que foram aplaudidos pelo público.
Representando o Ministério da Educação, Ricardo Henriques – Secretário da SECAD, falou que a luta do governo federal é para que não tenha de continuar com movimentos de alfabetização de adultos, mas ter uma base de políticas de alfabetização e letramento, enquanto garantia da continuidade da escolarização de todos, em especial da EJA, nesse país. Segundo ele:
(...) o governo federal está tratando a alfabetização como a diversidade de cores vista nesse auditório, que transmite energia positiva e força da militância (...). Hoje, são 65 milhões de pessoas acima de 15 anos que sequer têm o ensino fundamental. Segundo ele, o ministro Tarso Genro, juntamente, com sua equipe faz uma inovação institucional quando traz o conteúdo da diversidade para a SECAD, reconhecendo e valorizando a diversidade ética, social e cultural. Nesse sentido não se pode ignorar os mais de 200 povos indígenas que temos no país. O país não pode continuar achando, que só se fala uma língua ou ignorando os quilombolas, ou ainda, achando que as populações do campo são comunidades homogêneas, bem como as de pescadores, distintos de ribeirinhos. É a primeira vez na história deste país que se reúne numa mesma diretoria a agenda da alfabetização e a agenda da educação de jovens e adultos, pois no MEC sempre foram tratados como elementos isolados, e, portanto, do ponto de vista da historicidade reguladora do MEC não havia instrumentos concretos reais de articulação para continuidade de alfabetização com êxito. E esta, hoje, é nossa grande prioridade: unir alfabetização com mobilização, re-trabalhar conteúdo cidadão para a sensibilidade das pessoas que estão fora desse processo.
Um elemento chave é aumentar a efetividade do prestígio social hoje, e a política educacional é instrumento de justiça social. A nossa responsabilidade como Ministério da Educação é aumentar a eficácia e a transparência dos programas, criando condições para que não se transformem numa tese que não tenha efetividade para a vida das pessoas, para que não tenhamos uma abordagem gerencial do processo, ao contrário, que tenhamos uma abordagem de justiça social, pois faz parte desse processo aumentar a qualidade do programa no território nacional.
Hoje, de manhã, saiu publicado no Diário Oficial a nova edição do Programa Brasil Alfabetizado para 2005. O Ministro Tarso deu um aumento real no orçamento, que hoje, nos permite sair da meta que conseguimos cumprir no ano passado, que foi atender cerca de 1.700.000 pessoas para chegarmos a 2.000.200 pessoas, entrando no processo de alfabetização no mês de agosto/setembro. Mais do que isso, conseguimos um movimento em direção a compatibilizar a riqueza da vida dos movimentos sociais que estão trabalhando no cotidiano da alfabetização com a responsabilidade pública, que é o regime de colaboração, que não faz que apenas o MEC seja responsável, mas sim os estados e as prefeituras, não só pela gestão do ensino médio e fundamental, mas pelo ensino infantil e, evidentemente, pela educação de jovens e adultos. Nessa direção, aumentamos o peso dentro da agenda da alfabetização da responsabilidade de estados e municípios. Constituímos uma meta de alfabetização para cada um dos 5.562 municípios, deste país. E isso acontece pela primeira vez na história deste país. Com isso o governo quer garantir, em todo o território nacional, o Direito a alfabetização. Temos, hoje, um desenho que permite uma cobertura universal em todo o território nacional. Mais do que isso nós redesenhamos o programa de educação de jovens e adultos. O nome fantasia dele é “Fazendo Escola”, mas é o programa de EJA de 1ª a 4ª série e 5ª a 8ª série.
A orientação que segue todos os princípios de ação da SECAD: temos que ser capazes de compatibilizar, diante do direito a educação, áreas da população de jovens e adultos que não tiveram acesso ou que foram evadidos ou expulsos da escola. E nós temos como princípio chave: garantir uma universalização com um tratamento diferenciado diante das fragilidades que temos no território.
O que nós fizemos então? O movimento de universalizar com o apoio do governo federal à educação de jovens e adultos, tratando desigualmente os desiguais, ou seja, dando maior incentivo e apoio aos mais frágeis.
Todos os municípios, hoje, que têm matriculas em EJA vão receber um apoio do governo federal, com transferência direta. Isso significa sair de um apoio a 1.800.000 pessoas que estavam no ano passado para 3.360.000 pessoas que estão em EJA, hoje. Conseguimos instrumentos para fazer dois movimentos: 1) universalizar o apoio do governo federal a todos os esforços que existem na EJA, tratando obviamente diferente: cidades mais ricas e cidades menos ricas, ou mais frágeis e menos frágeis educacionalmente; 2) universalizar, criando instrumentos a partir de Brasília para que os que, efetivamente, passem pelo processo de alfabetização possam continuar seus estudos e chegar até pelo menos a 8ª série e chegar à passagem do ensino médio.
Queremos chegar a programas de alfabetização, por exemplo, que é um foco pedido para os pais dos meninos que estão nos programas de erradicação do trabalho infantil, chegar nas populações quilombolas, nas populações de pescadores, chegar num tratamento universal reconhecendo os que são mais fracos.
Temos feito encontros periódicos não só nos estados, mas centralizados, aqui, no MEC com os Fóruns de Educação de Jovens e Adultos dos 26 estados. Os fóruns de EJA hoje não são meros atores, são interlocutores tribulares do Ministério da Educação, temos discutido os avanços, os desenhos, os re-desenhos, as mudanças das ações programáticas que nós temos feito por aí. Temos ainda trabalhado diretamente com os coordenadores de EJA dos estados e municípios, pois, sem essa relação de proximidade com os movimentos sociais, com o setor público organizado, com os educadores que estão nos fóruns de EJA e com as universidades será impossível fazer que a alfabetização de jovens e adultos neste país seja política pública.
Educação é direito de todos, educação é prioridade e a vergonha do analfabetismo não pode mais ser suportada, não podemos mais esperar 50 anos. Começou nos anos 50, estamos em 2005, nós temos que, muito rápido, acabar com esse processo de exclusão, para isso, nossas parcerias são fundamentais para fazer esse país mais justo, mais solidário e mais de iguais.

O Professor Thimoty Ireland, da SECAD/MEC, após saudar a todas/os presentes no encontro, lembrou que participou do IV Encontro Nacional do MOVA-BRASIL, ensejando continuar o diálogo com os MOVAs ao longo de 2005. Ele salientou que além de reconhecer a diversidade, é fundamental aumentar a eficácia dos programas e formas de controle, enquanto elemento de justiça social, pois a educação é direito de todos, deve ser assumida pelo poder público, para além de questões partidárias, e contar com a colaboração da sociedade civil (movimentos populares, sindicais, instituições, entre outros) na sua implementação e controle social. Além disso, destacou que:
(...) ouvindo o hino nacional e depois o hino do MOVA, eu sinto uma emoção muito forte, uma energia, uma sinergia que tem que existir entre os ministérios, especialmente o Ministério da Educação e os movimentos que têm uma militância assim, que têm uma história, que têm toda uma luta nesse campo que é a educação de jovens e adultos na área de alfabetização. O MOVA, os MOVAs, já são parceiros nossos. Esperamos que em 2005 eles se façam crescer, fortalecidos. Esperamos, também que o diálogo riquíssimo continue, que é só através de uma escuta sensível que vamos construir políticas públicas sedimentadas de educação, numa política nacional de Educação de Jovens e Adultos que atenda realmente aos anseios de todas as pessoas que foram até agora excluídos de um direito tão fundamental como é a educação, habilidade, ao longo da vida. O fato do MEC estar presente aqui não só fisicamente, na pessoa do Secretário, mas também trazendo apoio financeiro, que também não é suficiente, faz que (...) esse espírito de querer aprender com os movimentos, de ouvir, de discutir e construir juntos uma política nacional seja para valer.

MESA TEMÁTICA:
MOVA-BRASIL, TECENDO A EDUCAÇÃO POPULAR LIBERTADORA: POLÍTICA PÚBLICA E DIVERSIDADE

Maria Luiza, após dar alguns informes sobre a “Marcha Pró-Alfabetização”, passou a palavra ao Professor Carlos Rodrigues Brandão, da Universidade Federal de Uberlândia, que iniciou sua fala chamando a atenção das “gentes de todas as regiões, dos vários brasis dentro do Brasil”, presentes no encontro, fazendo referência ao que dizia o apóstolo São Paulo: “feliz o reino em que os seres humanos produziam mercadorias”, mas lembrou que agora nós é que somos as mercadorias.
Brandão destacou que 1961 foi o ano que deu início ao que se chama de Educação Popular, “(...) uma caminhada que tem 40 anos, cujo grande educador Paulo Freire deu uma enorme contribuição” – história esta relatada, entre outros, no livro o Menino que lia o Mundo. “Outros educadores como Alda Maria Borges Cunha, presente neste encontro, que há 44 anos está fazendo Educação Popular, têm uma vida inteira dedicada a esses trabalhos”. Segundo ele, todos eles acreditaram que “(...) é possível criar um outro mundo. Um mundo mais humano”, em que as pessoas não sejam tratadas como mercadorias. Esse termo Educação Popular só vai aparecer muito tempo depois, após o exílio de Paulo Freire, pois nos anos 1960 o termo utilizado era educação de base. Educação Popular, traduzida por ele nos seguintes dizeres:
Uma pessoa que talvez participe de uma forma um pouco mais ativa e conscientizadora do que eu chamaria um programa de alfabetização, de educação de jovens e adultos, qualquer que seja, de popular e começando a ser libertador, pois ao mesmo tempo em que aprenderia esse saber instrumental, da escola, do curso da alfabetização, aprenderia o que eu chamaria o rudimento de cidadania. Trata-se desse saber que ao lado de ser operário, ao lado de ser cozinheira, ao lado de ser motorista, ao lado de ser um pintor de paredes, um pintor de quadros, professor, o que seja lá, desde que seja também um participante ativo, tipo ONGs, de grupos, que tentam, de alguma maneira, melhorar esse estado de coisas, dessa vida de desigualdade, que diz respeito às diferenças, de exclusão, de injustiça, de arbítrio e assim por diante. Eu ainda não creio que outro mundo seja possível, mas creio que este mundo possa ser melhorado.

Para tanto não basta, segundo Brandão, ser uma educação popular, apenas aquela voltada para o povo, com um conteúdo de ilusão, mas precisa ser uma concepção política de educação popular libertadora, pois uma pessoa que passa pela alfabetização/EJA, não numa abordagem libertadora, vai apenas adquirir um mecanismo, mas não um instrumento de luta.

Uma educação popular libertadora pretende dar um passo ali, pretende retomar a escrita que transforme a realidade social, como na carta que vai ser entregue hoje, para que venha buscar mudança, através do Tarso Genro e Lula, não sei quem mais, no final da nossa passeata. Ela pretende algo mais, ela acredita que a tarefa de buscar em todos os caminhos percorridos, os nossos autores, nesses anos, não era apenas transformar-se para viver uma vida um pouco melhor e mais proveitosa. Esse não era o único combustível. Mas o de ser capaz de vir a acreditar não só nos seus pequenos escritos, mas tomar nas mãos a própria condução da sociedade que se quer formar. Acreditar que esse mundo injusto pode ser ativamente transformado, pode ser revolucionado, pois uma sociedade capitalista e injusta, por mais que melhore e se aprimore, vai continuar sendo propriamente capitalista e injusta, e que o nosso horizonte ainda é a criação de uma fórmula, de um estado, de uma política, socialista, de um socialismo de fato humano e vencedor (BRANDÃO).
Brandão pediu licença para ler uma passagem de um texto antigo de Paulo Freire, quando este estava no exílio, e atuou nas colônias São Tomé e Príncipe, pequenas ilhas da África, situadas no Oceano Atlântico, libertadas agora há pouco tempo em Portugal. Ali, começava a ser realizado um trabalho de educação, em alfabetização, um ensino muito inspirado nas idéias dele. Em uma das cartas escritas por Paulo Freire aos alfabetizadores de São Tomé e Príncipe, ele disse resumidamente o seguinte:
A tarefa que nos entregamos, a de possibilitar um grande número de nossos trabalhadores, sobretudo nos campos, não somente deles, deles eu escrevo que estavam proibidos de fazer um trabalho de memorização colonial, era uma tarefa política. A própria decisão de fazer alfabetização é um ato político. É preciso estarmos atentos na correlação de forças às insinuações feitas, às vezes ingenuamente, às vezes astutamente, no sentido de nos convencer de que a alfabetização é um problema técnico e pedagógico, não devendo, por isso, ser misturado com a política. Na verdade não há educação – e com isso a alfabetização de adultos – neutra. Toda a educação é, em si, por intenção, política. E razão disso é que nós, enquanto educadores e educandos do povo, devemos estar cada vez mais claros, com relação à nossa opção política e vigilantes quanto à coerência, entre a opção com que proclamamos e a prática que realizamos (FREIRE, apud BRANDÃO).
O conferencista destacou que este é o sentido que, aqui no Brasil, se buscou desenvolver nos anos 1960 e estender isso a quantos e quantos países da América Latina, embrenhados na mesma caminhada. “Nós nos colocamos frente a este dilema, que inclusive é agora muito mais complexo, muito mais desafiador do que nos próprios anos 60”.
Outro aspecto por ele resgatado para que a educação possa contribuir para que a transformação aconteça é o investimento do poder público na pesquisa nacional, revendo um dos escândalos da educação no Brasil, que:
(...) escancara em todas as esferas do conhecimento, do saber, da pesquisa nas mãos de empresas, cujo interesse deve ser em alguma coisa: o único grande interesse do mundo dos negócios, que a empresa capitalista quer, é gerar recursos, explorar as pessoas e se capitalizar cada vez mais. Não nos iludamos, a melhor empresa, a que presta os melhores serviços à comunidade, é capitalista, interessada, fundamentalmente no lucro. Nós sabemos que muitas delas se lançam a serviço da alfabetização, algumas delas muito boas e interessadas. Mas são programas que ainda não dão esse salto. Que é o salto essencial, que é a nossa fronteira, de nos tornarmos uma Educação Popular Libertadora. Não apenas educar o povo, mas educar-se com o povo. E não apenas nos educarmos e educar a ele, num processo de troca e diálogo para que nós melhoremos um pouco as nossas condições de vida e sejamos sujeitos subalternos a esses eternos patrões mais capacitados, mas sejamos capazes, pouco a pouco – não sei em quanto tempo –, mas capazes de, realmente, tomar em nossas mãos o destino social e político desse país e o transformarmos plenamente. Nos tempos da educação plenamente, nos tempos da Educação Libertadora, nós nos dávamos muito de trabalhar com as três fases que se encaixavam (BRANDÃO).
E Brandão destacou em um livro de Paulo Freire uma frase que representa/reflete uma Educação Libertadora: “A educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas, as pessoas mudam o mundo.” Buscou também na conclusão do livro “O que é o método Paulo Freire”, de sua autoria, a última quadra de um poema do Tiago de Melo, poeta da Amazônia. Um poema que segundo Brandão “(...) anda esquecido demais, que deveria ser camiseta, emblema de alfabetizador”. Brandão informou-nos que Tiago de Melo escreveu este poema no exílio, quando estavam no Chile – Paulo freire e ele –, após o amigo lhe entregar os manuscritos de “Pedagogia do Oprimido”, e este depois de lê-los noite adentro, ao amanhecer, redigiu este poema dedicado a Paulo Freire. Chama-se “Canção para os fonemas da alegria”. Mas antes de lê-lo Brandão solicitou um tempo para repetir algo que sempre gosta de enfocar:
Eu tenho origem cristã, creio em Deus, creio, inclusive em milagres, na intervenção feita a nosso favor. Mas (...) estamos vivendo uma vida cada vez mais dura, o povo vivendo uma vida expropriada e excluída. Volta e meia eu converso com amigos meus. (...) Eles me falam da sub-realidade deles ou milagres. Eles conversam com duendes, passeiam com fadas, coisas fantásticas. Muitas vezes, algumas dessas pessoas colocariam. Isso não aconteceu comigo, nem vai acontecer. Eu queria acreditar nesses tantos milagres maravilhosos que a gente encontra aí (...). Mas eu acho que já está em tempo de ao lado desses milagres, nós começarmos a prestar atenção nos nossos próprios milagres. Aquilo que, às vezes, nos fazemos com a aura, ou com a vida e fica esquecido, infelizmente. Então às vezes eu digo: quer saber o que realmente é um milagre? Esse é um acontecimento previsível. Você pode acreditar. É uma pessoa que não sabe ler e escrever aos 70 anos, assim e que às vezes entra pra uma turma de MOVA, e que alguns anos depois, pega um lápis e escreve a sua própria palavra. Esse é o milagre que nós fazemos.

“Daí, Fonemas da Alegria” (ver anexo 05), disse Brandão: “E nesse poema, dedicado ao Paulo, ele dizia: Peço licença para soletrar a canção da rebeldia / que existe nos fonemas da alegria: / canção do amor geral que eu vi nascer / nos olhos do homem que aprendeu a ler”. Poema de Tiago de Melo. E Brandão direcionando sua fala às/aos educadoras/es nos fala:
(...) sempre termino minhas falas lembrando, porque eu quero lembrar dos nossos educadores, porque sejam professores de universidade ou não.... – Paulo sempre gostava de dizer que seja educador, onde quer que ele esteja trabalhando. Uma mulher, quando se reúne com as amigas, elas trocam idéias de como mudar o mundo, uma enfermeira que atende pessoas no hospital, atende com amor, e atende sempre essas pessoas com uma coisa a mais do que apenas: “-Tome o seu remédio... tome a sua vida nas suas mãos, o que você pode fazer ”. E nós, estamos como educadores, em qualquer que seja o campo em que estejamos trabalhando. E o Brecht, Bertold Brecht, esse poeta marxista (...) diz, no final do poema: “Se não morre aquele que escreve um livro, com mais razões não deve morrer quem educa”.

Vespertino

MARCHA PRÓ-ALFABETIZAÇÃO
No período da tarde do dia 09/06/2005, os participantes se deslocaram às 14 horas, em ônibus, para Brasília e no Eixo Monumental - Esplanada dos Ministérios percurso Catedral-Congresso Nacional foi realizada a Marcha Pró-Alfabetização do MOVA-BRASIL, com a entrega de uma “Carta Compromisso do MOVA-BRASIL” (anexo 06) aos parlamentares Presidente da Comissão de Educação do Senado Federal e Presidente da Comissão de Educação da Câmara de Deputados Federais – Paulo Delgado-PT, no salão de recepção do Congresso Nacional, pelas cinco Coordenações Regionais do MOVA-BRASIL, Coordenação Local do Encontro, e representantes de educadores, educandos e indígenas do MOVA Mato Grosso do Sul.

Noturno

REUNIÃO POR REGIÕES - BALANÇO DAS AÇÕES ALFABETIZADORAS
À noite a reunião por regiões, avaliada como um espaço positivo no encontro, apontou um balanço das ações alfabetizadoras nas Regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que foram apresentadas na plenária da manhã do dia 10/06/2005, conforme veremos a seguir. Nos grupos foram eleitos um coordenador dos trabalhos e um relator para compor o registro das discussões, avanços e dificuldades ocorridas na região.

Dia 10/06/2005 (sexta-feira)
Matutino

PLENÁRIA DAS REGIÕES
A Plenária das Regiões, para apresentação do balanço nacional das ações alfabetizadoras, compondo um quadro da realidade do atendimento dos MOVAs nas regiões brasileiras, contou com a coordenação da mesa pela Professora Eliana Borges (RS) e as relatoras Maria Leda V. Silva (Projeto Ára Verá /MS) e Maria Augusta Rosa (AC). Houve inicialmente a apresentação da música MOVA BRASIL, feita pelo companheiro Carlos Moreira Teixeira (Paracuru/CE), seguida do testemunho de como foi alfabetizado pelo Prof. José Mendes Correia – CE. Após essa atividade houve a composição da mesa, com as/os relatoras/es regionais, para que apresentassem os relatórios para serem apreciados pela plenária.
A Região Nordeste contou com a relatora, Ana Almeida, do Rio Grande do Norte. Essa região não participou do quarto encontro, mas em função das articulações empreendidas, fez parte da comissão nacional que preparou o 5º Encontro Nacional da rede MOVA-Brasil. A realização do encontro regional preparatório foi um desafio que conseguiu superar para a participação no encontro nacional com uma delegação representativa. Foram apresentados como avanços: ampliação do número de turmas na terceira etapa do Brasil Alfabetizado; maior articulação com o Fórum Estadual de EJA; garantia da continuidade do MOVA na Bahia e no Ceará, com forte relação do MOVA com os movimentos populares e os institucionais; maior participação no V Encontro MOVA-BRASIL; formação continuada dos educadores; ampliação do número de turmas; ampliação de parcerias com oftalmologistas, conselhos comunitários, entre outros; atividades socioeconômicas desenvolvidas com os alfabetizandos e comunidade envolvente, tais como: hortas orgânicas/cooperativa de material reciclável/ campanha para visão; parceria dos coordenadores locais com o Fórum de Educação do Campo; referência da Pedagogia do MOVA para a construção do Projeto Político Pedagógico do CODES – Conselho de Desenvolvimento Territorial da Região do SISAL; resgate da cultura popular; organização de grupos de mulheres; fruto da articulação do MOVA com os Programas do Governo Lula, a criação da Casa Brasil, um centro de ação digital; na questão de gênero, cresce a organização do Grupo de mulheres, sendo também desenvolvidas oficinas de educação ambiental e capacitação dos educandos em trabalhos que tragam renda, inclusive com organização de cooperativas artesanais através da coleta seletiva do lixo. Os desafios são: ampliação de delegados para o próximo encontro; ampliação de participação na Coordenação Nacional; transformar o MOVA em política pública; no Ceará há uma boa relação do MOVA com os Fóruns de EJA, mas nos demais Estados esta articulação com os fóruns de EJA está sendo/precisa ser construída; resolver ou seja sanar o problema de visão; participar do ENEJA; ampliação do número de delegados para a rede MOVA-Brasil; criação de uma comissão de comunicação; buscar parcerias para garantir a continuidade do MOVA.
A seguir ouvimos a apresentação da Região Norte, realizada por Ione, que informou-nos que essa região conta com três grandes MOVAs: MOVA do Acre, MOVA Belém e o MOVA AJURI-Pará. Mas um dos entraves no trabalho é o atraso no repasse das verbas do Brasil Alfabetizado. No Acre, necessita-se resgatar o sentido dos movimentos populares. No Pará, o MOVA Belém vive um momento de resistência para garantir a proposta freireana, já que o Governo Democrático Popular foi derrotado. O MOVA AJURI-Pará, é desenvolvido por uma ONG (Instituto AJURI) e tem sérios problemas financeiros. Embora enfrentando todas as dificuldades, com a implementação do MOVA na Região Norte, as comunidades estão conseguindo intervir na sua realidade, organizando-se em cooperativas e buscando outras formas de geração de renda. Os avanços apontados foram: alfabetização de 62.000 pessoas no Acre; em Belém, apesar de todas as dificuldades existentes o MOVA resiste, e acredita na transformação da sociedade; tendo mais de 100 turmas atualmente; no MOVA Acre, há também parcerias firmadas com várias instituições governamentais e não governamentais; articulação com as entidades públicas e privadas; criação de cooperativas; criação da rádio Comunitária. Os desafios abordados foram: buscar parcerias para atender as necessidades gerais dos alfabetizandos; trabalhar com as comunidades indígenas respeitando sua língua, costumes e tradições; interagir com os programas sociais, exemplo FOME ZERO para melhor atender o povo; garantir iluminação nos lugares distantes (especialmente no Pará).
O relato sobre a Região Sudeste foi do Professor Magal, colocando os seguintes avanços: realização do I Encontro Regional, nos dias 30/04/2005 e 01/05/2005, na cidade de Guarulhos, com representantes de três Estados - apenas Minas Gerais não foi representada; elaboração de um documento a partir do encontro na perspectiva de como agilizar o funcionamento e permanência do MOVA considerando todas as necessidades do educando e que contribua para a reflexão sobre o conceito de Educação Popular, os sujeitos do MOVA, gestão, financiamento e currículo; a formação continuada é constante e faz com que a prática dos educadores seja melhor. Quanto aos desafios apresentados foram: buscar novas parcerias; firmar compromisso com as três esferas do poder público, e que isso garanta recursos para o MOVA; garantir a participação dos movimentos, na gestão dos recursos; formação continuada. O relator, em nome da região que representa, questiona se o MOVA está contemplado no financiamento da EJA e como se dá o gerenciamento dos recursos. Termina dizendo que “a mudança da história depende das nossas ações”.
A Região Centro-Oeste apresentou-se subdividida por estados, tendo como relatoras Telma (DF), Romilda (MS) e Márcia (GO). No Distrito Federal (DF) os avanços foram: realização 11º e 12º encontro do GTPA-Fórum EJA/DF; homenagem a Paulo Freire em Sessão Solene na Câmara Legislativa do DF; a interação dos movimentos populares e EJA. Já os desafios configuraram-se em: firmar novas parcerias; capacitar alfabetizadores e organizar grupos; elaborar documentos para o DF de programas e projetos sociais; lutar pela implantação do sistema EJA; pressionar o MEC para que haja um apoio mais efetivo do Programa Brasil Alfabetizado aos movimentos populares; realizar mobilização, através de abaixo assinados; adquirir os dados do último Censo escolar; junto com os movimentos populares e sindicais elaborar uma proposta de formação com a universidade pública. Também foram apresentadas as dificuldades: relação tensa com o governo do DF no compromisso efetivo contínuo e ausência nos eventos deliberativos; redução dos investimentos na EJA. Em Mato Grosso do Sul (MS) os avanços se configuram em: ser sede do IV Encontro Nacional do MOVA-Brasil; ampliação das parcerias; abertura de turmas nas comunidades indígenas, quilombolas etc.; realização de 03 encontros para supervisores; encontros para troca de experiências; a junção dos programas EJA e MOVA; aquisição do acervo de obras de Paulo Freire; ampliação da carga horária; implantação do MOVA digital; participação neste encontro com uma delegação de 83 pessoas representantes de diversos municípios; encontros do EJA. Como desafios foram apontados: viabilizar transporte para coordenadores e assessores técnicos; desburocratizar a bolsa auxilio e as documentações em específico com os povos indígenas; fortalecer as parcerias; servir merenda escolar; viabilizar a EJA nas comunidades rurais e indígenas; formar cidadãos críticos, capazes de compreender o mundo que os cerca; ampliar o MOVA no MS. No Estado de Goiás tem havido o uso político dos Programas/Projetos que desenvolvem a alfabetização de jovens e adultos, especialmente aqueles empreendidos pelos poderes públicos; e há alguns projetos desenvolvidos em parceria com o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) que sequer mencionam esta parceria: é como se somente o governo estadual ou municipal assumisse o financiamento do projeto/programa, fazendo campanha política com isso. Atuam na alfabetização de jovens e adultos além do Programa AJA-Expansão (um MOVA goiano), outros programas/projetos cujos princípios se aproximam do MOVA-BRASIL, é o caso do Vaga-Lume – Alfabetização e Valorização Humana (da Universidade Federal de Goiás - UEG) e Escola da Vida (Secretaria de Estado da Educação de Goiás-SEE/GO), bem como o trabalho da ONG Serviços para a Justiça e Não-Violência (SERPAJUS), ONG Cia de Teatro Vem Viver, CUT, MST e da Secretaria Municipal de Senador Canedo e a Alfalite Brasil. Na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia está havendo continuidade do Programa AJA-Expansão, nosso MOVA goiano – desenvolvido em parceria com Movimentos Sociais, ONGs, Universidades (UCG e UFG), instituições e empresas públicas e privadas –, mas este passa por graves alterações devido à saída do governo popular, dentre elas a diminuição de turmas – eram 192 turmas do Programa AJA-Expansão/PBA e passaram a ser 87 turmas. Em Goiás a ONG Alfalite Brasil conta com 2.196 alunos cadastrados, sendo 88 alfabetizadores e 22 turmas com voluntários, desenvolvendo o PBA em Senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Goiânia e Trindade, através de parcerias com as SMEs para a utilização de salas nas escolas, mas algumas turmas funcionam nas casas dos educadores; fornecendo os livros didáticos (cartilhas) produzidos no valor de R$10,00. No trabalho do MST em Goiás são 61 turmas sendo onze do PRONERA e cinqüenta do Programa Brasil Alfabetizado (PBA). O Programa Vaga-Lume da UEG foi constituído em 1996 e atende ao PRONERA – há um ano, com 1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries, ensino médio e superior – e ao Programa Brasil Alfabetizado (PBA), contando com 4.400 alunos e 261 professores do PBA, e 1400 alunos e 70 professores do PRONERA. O Vaga-Lume produziu material didático de apoio ao trabalho do educador popular, mas o trabalho não é especificamente na linha freireana e só funciona se for com parceria. A SERPAJUS atuou em Luziânia de 1989 até 1999, e tem retomado o trabalho na Cidade Ocidental, Novo Gama e Valparaíso, realizando o trabalho de Alfabetização de Jovens e Adultos em parceria com o Brasil Alfabetizado. Em Valparaíso a ONG Cia de Teatro Vem Viver tem parceria com o Gabinete da vereadora Professora Lucimar-PT da Câmara municipal para o funcionamento de 14 turmas, e contam com o máximo apoio do Ministério de Educação e mínimo do município, que não tem se envolvido com a alfabetização de adultos, sendo que, no município todo, há 45 educadores populares e 10 professores voluntários com turmas, expandindo para Luziânia. O Programa Escola da Vida/SEE-GO conta com o acompanhamento feito pelo Estado, assessoria dos NUREDs e na terceira etapa do PBA estão se formando 47.000 alunos, atendidos por 900 professores. Este Programa da SEE atua em parceria com os municípios, que assumem o pagamento do coordenador, sendo que os demais recursos vêm do governo federal (pagamento dos educadores, materiais didático-pedagógicos e, na quarta etapa, a formação continuada). A CUT em Goiás possui 36 turmas, 35 educadores e 2 coordenadores pedagógicos e está iniciando o trabalho. No município de Senador Canedo estão implantando trocas de experiências entre os educadores, atividade vista como formação continuada destes, e tem havido expansão da EJA por todas as escolas do município, que conta com 4.000 alunos. Como avanços foram apresentados: no âmbito estadual, o aumento do número de turmas de alfabetização atendidas pelos programas cujos princípios se aproximam do MOVA-BRASIL; a realização, em maio de 2005, do IV Encontro Estadual de Fórum Goiano de EJA, em Goiânia/GO – Fórum que tem avançado na busca de novas parcerias em prol da alfabetização, contando com maior participação dos movimentos sociais, secretarias municipais de educação, universidades e ONGs, bem como realizado encontros mensais com participação das entidades que atuam nos Movimentos de Alfabetização/EJA –; a contribuição da Educação Popular na EJA, trazendo saldos positivos nas redes públicas de ensino com essa articulação e inclusive no interior do Fórum; a rede da SME de Goiânia está sendo preparada para receber o aluno que vem da alfabetização, a qualquer época do ano; o Projeto Estudar sem Fome, da SME de Goiânia, onde a merenda é preparada de forma adequada para jovens e adultos e há o DEF-AJA da SME com a Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos (EAJA) que atua de 1ª a 8ª séries, com 23.000 alunos, e o Programa AJA-Expansão. Como desafios foram mencionados: em Goiânia, recuperar conquistas antes efetivadas e interrompidas com a nova gestão, como divulgação do projeto, o lanche e o vale transporte para as/os educadoras/es participarem das formações e as/os coordenadoras/es realizarem as visitas e as formações continuadas semanais, bem como para as atividades culturais, financiados pela SME; obter o apoio efetivo do governo municipal; houve diminuição no quantitativo de turmas de alfabetização; houve diminuição dos recursos financeiros da SME de Goiânia e financiamento de ações antes desenvolvidas junto ao Programa AJA-Expansão. Em Silvânia e Novo Gama foi mencionado que existe uma lacuna para o aluno que termina a alfabetização dar continuidade à escolarização, haja vista que não há escolarização de EJA de 1ª a 4ª série sendo oferecida, pois até 2004, era o Programa Vaga-Lume que assumia esta função, mas deixou de fazê-lo e a SEE oferece apenas de 5ª a 8ª série, o que também é realidade em muitos municípios goianos em que o poder público não tem assumido a EJA no ensino fundamental. Em Novo Gama o Censo oficial aponta 4.988 analfabetos, os dados extra-oficiais 13% da população, portanto há diferenças gritantes entre o Censo do Governo e do que se apresenta realmente no município; não há um elo entre o que o Estado, municípios e movimentos sociais realizam; o aluno fica circulando entre os Projetos/Programas e sai sem aprender; dificuldade de apoio e articulação das três esferas públicas, devido a oposição política. Em Valparaíso e Luziânia o processo de alfabetização tem sido assumido pelos movimentos sociais e a SEE, com o Programa Escola da Vida, mas o Estado não divulga o PBA por oposição ao Governo Federal, e não faz o repasse mensal ao educador popular. Há ainda o trabalho do SESI. Ainda como desafios foram apontados pela SERPAJUS: passar a contar com o apoio e vontade política dos Municípios/Estado que não atuam na EJA em função da politicagem; o Censo acontecer no município; a elaboração de projetos assumidos pelos governos municipais para atender aos alunos jovens e adultos, inclusive os que vêm de outros Programas e Projetos; estabelecer parcerias com as universidades para fazerem a formação; a escola estar preparada para receber o aluno do MOVA na EJA. Também as/os representantes de Itaberaí manifestaram que no PRONERA a maior preocupação é a continuidade do processo de escolarização no campo, pois não querem ir para a cidade; enquanto que em Formosa, foi relatado que, em função do trabalho desenvolvido pelo Programa Vaga-Lume, houve a necessidade da continuidade da EJA, sendo que a SME de Formosa montou a turma de EJA na própria escola onde funciona o processo inicial de alfabetização e agora já possuem a EJA de 1°, 2° e 3° segmento, ou seja a EJA que iniciou pelo Vaga-Lume, hoje está encerrando essas turmas com alunos já na Universidade. Foram apresentadas como sugestões: criar uma política que garanta a manifestação dos movimentos populares; que unifique os três poderes públicos e que juntos cumpram o seu papel junto aos programas e projetos sociais; que o FNDE financie capacitações e também material didático-pedagógico. A relatora por Goiás apontou que têm a perspectiva que no futuro se abrirá novos horizontes.
A Região Sul teve como relator Paulo Renato que iniciou dizendo do impacto causado com a troca de Administração pública, onde os movimentos não estavam preparados e não resistiram. Com a queda do MOVA-RS, dificultou a participação de educadores daquela região neste encontro. A preparação para este Encontro se iniciou em 2004 e algumas reuniões foram organizadas neste ano. Entretanto, as dificuldades de mobilização foram inúmeras e a delegação ficou restrita ao Estado do Rio Grande do Sul, pois Santa Catarina e Paraná não se fizeram presentes. A conjuntura atual do RS ainda sofre as conseqüências da derrota do Governo Popular (1999/2002), uma vez que foi neste período que os movimentos sociais participaram efetivamente da construção de políticas públicas, não somente do MOVA-RS, mas de outras ações como o Orçamento Participativo e Coletivos de Trabalho. Avaliamos, nesse sentido, que a interrupção do governo desarticulou e paralisou a organização popular. Entretanto, a partir de final de 2004, há sinais de retomada da Educação de Jovens e Adultos e do MOVA-RS através dos movimentos populares e escolas públicas, por exemplo. A situação do MOVA-POA não é diferente. O atual governo municipal inicia o desmonte do Movimento de Alfabetização. Mas, no sentido oposto, os Educadores Populares passam a se organizar em uma Cooperativa e esta está construindo alternativas para resistir, como a organização de um Curso de Pedagogia, em parceria com a PUC/RS, para os educadores populares. Há, também, outros encaminhamentos sendo elaborados coletivamente e em parceria com outras organizações. Saímos daqui com um relativo sentimento de frustração, pois nossa delegação foi numericamente muito tímida, porém, retornamos fortalecidos e com uma pauta de trabalho que visa reorganizar o MOVA-BRASIL na Região Sul, a partir dos pontos se seguem, sendo que estes serão tratados imediatamente, em uma reunião que acontecerá na próxima semana com o objetivo de: retomar contato com as administrações populares dos três estados; mapear a situação do MOVA em cada um dos três estados; participar do Fórum Estadual de EJA do RS; realizar um encontro regional do MOVA-BRASIL em 2006. Tiveram como avanços: criação da associação de educadores populares; convênio MEC/PUC, para alfabetizadores terem acesso a formação com currículo próprio. Os desafios são: discutir o papel do MOVA dentro do ENEJA; ampliar o número de representantes na coordenação nacional. O relator enfatizou que da forma que o programa Brasil Alfabetizado está estruturado, o mesmo não atende as necessidades do educando popular e, desta forma, só beneficia as necessidades da prefeitura e do Sistema “S”.
Para encerrar esta plenária ouvimos de Carlos Brandão, o verso de Cora Coralina, poetisa goiana: “Feliz aquele que ensina, o que aprendeu”.

RELATOS E TROCAS DE EXPERIÊNCIAS

Após a Plenária, ainda pela manhã, os participantes se dirigiram para os relatos e trocas de experiências. Foram inscritas 65 experiências e apresentadas 55, distribuídas em 15 grupos, sendo um deles direcionado para o tema ALFABETIZAÇÃO – CONTINUIDADE EM EJA ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA E FINANCIAMENTO; outro para o tema ALFABETIZAÇÃO E ECONOMIA SOLIDÁRIA; um de FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES E INCLUSÃO DIGITAL MULTIMÍDIA; nove grupos sobre o tema CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES E HOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE; e dois grupos relacionados a ALFABETIZAÇÃO – GESTÃO, PARCERIAS, DIVERSIDADE E CONTINUIDADE DE PROGRAMAS/PROJETOS; além de um grupo com vídeos diversos inscritos dos quais 3 apresentaram, como podemos ver nos relatos que se seguem abaixo.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 01: ALFABETIZAÇÃO – CONTINUIDADE EM EJA ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA E FINANCIAMENTO
Coordenadora da mesa: Márcia P. Melo (SME/GO)
Relatora: Cláudia de Araújo Santos (Secretaria de Educação – MOVA Diadema)
TRABALHOS INSCRITOS;
1- Título: O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO HISTÓRICO
Relator/a: Luiz Otávio Gomes dos Santos Cidade: São Paulo/SP

2- Título: ALFABETIZAÇÃO E CIDADANIA
Relator/a: Wellington Oliveira (Projeto MOVA-Brasil/Petrobrás) Cidade:Pólo Bahia

3- Título: O PROGRAMA AJA-EXPANSÃO E A CONTINUIDADE DA ESCOLARIZAÇÃO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA/GO
Relator/a: Márcia Pereira Melo (SME/Goiânia) Cidade: Goiânia/GO

4- Título: ALFABETIZAÇÃO CIDADÃ
Relator/a: Elza Mara de Souza Caetano (Projeto MOVA-Brasil/Petrobrás)
Cidade: Goytacazes/RJ
5- Título: CADERNOS DE EXPERIÊNCIAS
Relator/a: Adelino de Jesus Barreto (MOVA-São Paulo) e Maria José de Lima (ATIPA)
Cidade: São Paulo/SP

1ª Experiência
Título: O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO HISTÓRICO
Relator: Luiz Otávio Gomes dos Santos (São Paulo/SP)
Projeto editorial do livro: “Assuntos e trabalho pedagógico na comunidade – processo de educação no Brasil”, o qual trata desde o descobrimento, a inserção do negro, à história nacional valorizando a necessidade da existência e continuação do MOVA. Também aborda o trabalho social junto a Comunidade Local.

2ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO E CIDADANIA
Relator: Wellington Oliveira (Projeto MOVA-Brasil/Petrobrás - Pólo Bahia)
Alunos do campo estão desmotivados pela tecnologia (grandes máquinas), falta acesso nos créditos bancários, não possuem organizações para mobilizações, serviços públicos inadequados (saúde, escola, etc.). Estão realizando trabalhos de agricultura familiar para adquirir sua cidadania plena, e lutam por suas necessidades básicas. Os projetos que estão desenvolvendo visam buscar o crédito através de cooperativas, assistência técnica através de ONGs, tecnologia alternativas.
Desenvolvimento local: estão tentando fazer com que o educando se insira politicamente nos órgãos públicos – tais como Fóruns de Educação Regionais e Estaduais (Educação do Campo) –, fortalecer os movimentos (reforma agrária), estabelecer parceria com o Projeto FOME ZERO, e promover o resgate dos mutirões para beneficiar as famílias locais (cidadania solidária).

3ª Experiência
Título: O PROGRAMA AJA-EXPANSÃO E A CONTINUIDADE DA ESCOLARIZAÇÃO NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA/GO
Relatora: Márcia Pereira Melo (SME/Goiânia-GO)
O Programa AJA-Expansão desenvolve a alfabetização no Município de Goiânia desde agosto de 2001, através da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME - Goiânia) em parceria com Movimentos Sociais, Igrejas, Associações, Sindicatos, ONG’s, órgãos públicos, empresas privadas, Universidades (UCG e UFG) e sociedade civil. Sua perspectiva além de alfabetizar é elevar a auto-estima, provocando no educando o desejo de continuidade da escolarização. Para isso a SME conta com a organização da educação de jovens e Adultos em conformidade com a LDB, Lei nº 9394/96; com o Parecer Jamil Cury e CONFINTEA, desenvolvendo ações que garantam o acesso, a permanência e continuidade no processo de escolarização. Trata-se do Projeto da Educação de Adolescentes Jovens e Adultos (EAJA), aprovado pelo Conselho Municipal de Educação, que proporciona aos educandos continuar seus estudos, através de encaminhamentos para rede oficial de ensino, em qualquer período do ano. O educando tem a facilidade de ingressar no ensino fundamental, organizado com 800 horas e 200 dias letivos, sendo de 1ª a 4ª séries 600 h presenciais e 200 h complementares e de 5ª a 8ª séries com 700 h presenciais e 100 h de atividades complementares; além de contar com a “experiência alternativa” de 1ª a 8ª série cuja carga horária é menor, dividindo por eixos temáticos, grade paritária (cuja base curricular conta com carga horária igual para todas as áreas do conhecimento), e os alunos da EAJA recebem uma janta, servida diariamente no início das aulas.

4ª Experiência
Título: CADERNOS DE EXPERIÊNCIAS
Relator/a: Adelino de Jesus Barreto (MOVA-São Paulo) e Maria José de Lima (ATIPA - São Paulo/SP)
Os Cadernos de Experiências são produções dos educadores, elaborados a partir da formação do Instituto Paulo Freire (IPF). Foi relatado como esse grupo se fortaleceu para construir o livro, inclusive constituindo um Grupo de Comunicação, que passou a fazer os boletins informativos. Foi apresentado aos participantes da troca de experiências: as “Mostras de artes/ fotografia” – livro composto de plano de aula – com temas diversos; manual para o ponto de partida para mostrar o plano; e o plano continuaria com o lançamento dos livros, no entanto não conseguiram, pois não dispõem de recursos financeiros.

A 5ª experiência denominada ALFABETIZAÇÃO CIDADÃ, da relatora: Elza Mara de Souza Caetano (Projeto MOVA-Brasil/Petrobrás, da cidade de Goytacazes/RJ), não foi apresentada.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 2: ALFABETIZAÇÃO E ECONOMIA SOLIDÁRIA
Coordenadora da mesa: Liana Borges (Diálogo/RS)
Relator: R. Venâncio (Santo André)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: INCUBADORA TECNOLOGIA DE TRABALHOS SOLIDARIOS
Relator/a: Sonia Marise Salles Carvalho (UnB/DF) Cidade: Sobradinho/DF

2-Título: ARTE, REAPROVEITAMENTO, LEITURA E ESCRITA NO GRUPO MEIO AMBIENTE
Relator/a: Maria Madalena Morais de Oliveira (SME-Goiânia) Cidade: Goiânia/GO

3- Título: NEM TUDO QUE SE JOGA NO LIXO É LIXO
Relator/a: Nelsa Félix do Nascimento (Paróquia São Geraldo) Cidade: Santo André/SP

4- Título: O LIXO QUE VIRA FLOR
Relator/a: Ranúzia Luz de Souza, José Valeriano, Danielli Monho,
Eliete R. S. de Lima (MOVA -Santo André) Cidade: Santo André

5- Título: AS MIL E UMA POSSIBILIDADES
Relator/a: Nelma Florentina da Silva (MOVA-Santo André) Cidade: Santo André/SP


“Reciclagem um meio de sobrevivência”

A apresentação inicial foi por regiões, por sugestão dos presentes no grupo. Dos cinco relatos incluídos na atividade, quatro se apresentaram.
1ª Experiência
Título: ARTE, REAPROVEITAMENTO, LEITURA E ESCRITA NO GRUPO MEIO AMBIENTE
Relatora: Maria Madalena Morais de Oliveira (SME-Goiânia/GO)
Iniciou as apresentações das experiências, Maria Madalena, educadora de Goiânia. O trabalho foi desenvolvido em duas turmas, uma junto a um sanatório e outro numa empresa de limpeza/urbanização, onde a maioria dos estudantes são homens. Para ilustrar seu trabalho, Maria Madalena fez circular na sala uma pasta com textos produzidos por suas turmas e fotos das mesmas. O trabalho realizado por esta educadora iniciou pela necessidade de um retorno financeiro e de trabalho entre os estudantes e com uma questão: “para que ler e escrever a vida?” Havendo muita poluição no bairro e sobras de tecidos das confecções, começaram a fazer artesanato aos sábados. Ao pintar se conversava sobre as cores e se escrevia sobre o que sentiu ao fazê-lo. Neste momento, segundo a expositora, se conscientiza que está sendo artista, além de estimular à organização e como angariar fundos. Durante o trabalho a questão de recursos mexeu com um estudante de 78 anos, que disse “professora, você bateu à nossa porta pedindo para que a gente estudasse, agora porque não bate pedindo dinheiro?” A questão de falta de verbas, por vezes, causa desânimo, mas há muita expectativa do grupo e algumas parcerias. Deste trabalho surgiu uma feira uma vez por mês, que proporciona retorno financeiro aos estudantes, porém sentem dificuldade com relação ao transporte das mercadorias.

2ª Experiência
Título: NEM TUDO QUE SE JOGA NO LIXO É LIXO
Relatora: Nelsa Félix do Nascimento (Paróquia São Geraldo- Santo André/SP)
O segundo relato foi desenvolvido num bairro muito grande, pela relatora e outras duas educadoras, cada uma de uma entidade diferente. Como no bairro há muito lixo e os moradores não percebiam que isto trazia doenças e causava enchentes, o trabalho foi impulsionado. Primeiramente, fez-se uma pesquisa no bairro, como é a rua onde mora e sua cidade. Houve troca de correspondências entre as três turmas envolvidas e estudo sobre os diferentes tipos de lixo que há. Com o lixo inorgânico confeccionaram artesanato e escreveram sobre suas percepções acerca do lixo. Entre os escritos deste trabalho dois foram destacados: “O lixeiro merece respeito” e “Eu vi um senhor subindo a caçamba e comendo lixo”. Com estas citações a expositora salientou que pode ser estudada a realidade, estimulada a auto-estima, pois nesta comunidade há pessoas que trabalham com o lixo. Inclusive, uma cooperativa foi formada pelos moradores, mesmo sem ter muito conhecimento do assunto, é de lá que estas pessoas tiram seu sustento.

3ª Experiência
Título: O LIXO QUE VIRA FLOR
Relatoras: Ranúzia Luz de Souza, José Valeriano, Danielli Monho, Eliete R. S. de Lima (MOVA -Santo André/SP)
A apresentação do terceiro relato foi uma aula sobre a flor que uma turma confeccionou no trabalho apresentado. Daniele, de São Paulo, apresentou e envolveu os presentes. O material utilizado consiste em garrafa PET, tinta acrílica, argila e pote. Este trabalho foi realizado nas turmas, na semana passada e a educadora afirmou que, o mesmo recicla não só materiais, mas a mentalidade. A proposta da atividade é produzir e vender, porém ainda não se comercializou nenhum arranjo.

4ª Experiência
Título: AS MIL E UMA POSSIBILIDADES
Relatora: Nelma Florentina da Silva (MOVA-Santo André/SP)
A última relatora observou que o grupo parecia ter combinado as apresentações, pois todas elas abordavam a mesma temática. O trabalho que Nelma de Santo André relatou também envolveu a reciclagem, segundo ela, por uma necessidade de melhorar o mundo e a qualidade de vida. A partir de uma nota de jornal que mostrava crianças deixando a escola para catar lixo, seus estudantes ficaram perplexos e se questionaram: por que tantas pessoas buscam a renda no lixo e o que se encontra no lixo? Um estudante catador relatou à turma de Welma que encontra coisas que podem ser vendidas e outras que podem ser reaproveitadas. A renda do catador é pequena e pensaram como agregar valor ao jornal recolhido. Assim, produziram peças de artesanato e após a confecção acontecia a alfabetização, com base na produção feita pela turma. Entre os textos elaborados, a educadora ressaltou o de Cleide que terminou afirmando: “A reciclagem é um meio de sobrevivência”.

5ª Experiência
Título: INCUBADORA TECNOLOGIA DE TRABALHOS SOLIDARIOS
Relatora: Sônia Marise Salles Carvalho (UnB/Sobradinho/DF)
Esta experiência não foi apresentada, a relatora não compareceu.

Ressaltamos alguns comentários ouvidos ao longo das trocas de experiências: “O objetivo da aproximação MOVA/ECONOMIA SOLIDÁRIA não é só gerar renda, mas formação de cooperativas e contrapor ao capitalismo”; “Uma coisa é ensinar a reciclar, outra é fazer economia solidária”. “A Economia Solidária tem potencial de auto-sustentação”. “Só apropriação de escrita/leitura não chega, precisa de renda”. Para finalizar a educadora Nelma lembrou que: “Reciclagem é um meio de sobrevivência”.


BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 3: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES E INCLUSÃO DIGITAL MULTIMÍDIA
Coordenadoras da mesa: Maria Emilia de C. Rodrigues (UFG/GO) e Maria Luiza Pereira Angelim (UNB/GO)
Relatora: Eliana Rodrigues (Santo André)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: CINEMA - LINGUA DA REALIDADE NA EJA
Relator/a: Maria Madalena Torres (SECAD/Coordenação Pedagógica)
Cidade: Ceilândia/DF
2-Título: COORDENAÇÃO DO AJA-EXPANSÃO: PERFIL E PERSPECTIVAS
Relator/a: Antônio Luiz da Silva Freitas e Eliana Maria Sartori (SME/Goiânia)
Cidade: Goiânia/GO
3-Título: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES DO AJA-EXPANSÃO
Relator/a: Alda Maria Borges Cunha (UCG) e Maria Emilia de Castro Rodrigues (FE/UFG)
Cidade: Goiânia/GO
4- Título: SONS DO CORPO E VOGAIS – CHAKRAS/CENTROS DE INTELIGÊNCIA
Relator/a: Maria Luiza Angelim (UnB) Cidade: Brasília

5- Título: MOVA DIGITAL
Relator/a: Marinalva Santos e Maria Aparecida Tonesse (MOVA-Santo André)
Cidade: Santo André
1ª Experiência
Título: SONS DO CORPO E VOGAIS – CHAKRAS/CENTROS DE INTELIGÊNCIA
Relatora: Maria Luiza Pereira Angelim (UnB - Brasília/DF)
Inicialmente foi realizada uma vivência integrativa que em função do número de educadores, foi transferida para fora da sala – área verde. O trabalho desenvolvido foi extraído do livro de JECUPÉ (1), referindo-se ao texto "O Corpo, Som do Ser", procurando demonstrar os sete Chakras ou Centros de Inteligência na língua indígena (anexo 07).
A revelação autorizada à Kaka Werá Jecupé, índio Txukarramãe, de escrever em língua portuguesa sobre as tradições dos ancestrais Tubuguaçu, dos quais descendem os Tupinambá e os Tupy-Guarani, permite aproximar-se da compreensão indígena de “uma certa sabedoria da alma, ou seja, do ayvu, o corpo-som do Ser que, ligada a uma ciência do sagrado, desenvolveu técnicas – na verdade, intuíram técnicas – de afinar o corpo físico com a mente e o espírito”, manifestando sete tons (dentre eles os reconhecidos como vogais) essenciais do SER, entendido como um tu-py, um som-de-pé. A descrição dos centros no corpo, referidos aos respectivos sons e ao insonoro-silêncio, aproxima-se bastante da descrição dos chakras (palavra sânscrita, significa roda) ou centros de inteligência de origem indu (2), também pesquisados pela medicina vibracional do mundo ocidental (3). A vivência da dança em círculo, com a descoberta e emissão dos sons identificados nas vogais dos nomes próprios de cada pessoa, dá sentido à sua singularidade, desperta a dimensão de SER humano uno pertencente à humanidade e reafirma nossas raízes indígenas.
(1)JECUPÉ, Kaka Werá. A terra dos mil povos – história indígena contada por um índio.São Paulo, SP: Peirópolis,1998.
(2)LEADBEATER,C.W. Os Chakras ou os Centros magnéticos vitais do ser humano. Tradução de J.G.de Figueiredo.São Paulo, SP: Pensamento,1981.
(3)GERBER,R.M.D. Medicina Vibracional - uma medicina para o futuro. Tradução Paulo C.de Oliveira. São Paulo, SP: Cultrix,1998.

2ª Experiência
Título: COORDENAÇÃO DO AJA-EXPANSÃO: PERFIL E PERSPECTIVAS
Relator/a: Antônio Luiz da Silva Freitas e Eliana Maria Sartori (SME/Goiânia-GO)

Enfocou como foi importante a parceria com a Prefeitura de Goiânia, que assume o pagamento dos coordenadores do Programa AJA-Expansão. As/os educadoras/es populares e a coordenação pedagógica têm sete dias de formação inicial (perfazendo 40h) e esta é continuada semanalmente, com 2h ou 3h semanais, quando é uma oficina ou palestra. Eles contam com a assessoria das Universidades Federal de Goiás (UFG) e Católica de Goiás (UCG) junto à Secretaria de Educação.
Na formação inicial conhecem os aspectos administrativos, pedagógicos e históricos do projeto. O coordenador tem uma formação continuada semanal junto à assessoria das Universidades, que acontece na segunda-feira à noite e, às sextas-feiras, é realizada a formação continuada dos educadores populares.
Critérios para ser educador: ser da comunidade, ter no mínimo ensino médio. Para ser coordenador: além de ter passado pela sala de aula, conseguir ver e enxergar as necessidades da comunidade, relacionar-se bem com os colegas e ter sobressaído no trabalho dentro da proposta do Programa. A função do coordenador é de buscar informações e ajudar na luta diária do educador no processo ensino-aprendizagem. O coordenador sempre tem que estar se aperfeiçoando no referencial teórico-prático.
A evasão nas turmas é uma constante preocupação. Procuram encontrar estes alunos para levantamento dos motivos. Até dezembro tinha 192 turmas e hoje são 87. Na nova administração o lanche foi cortado. Cada coordenador é responsável por 10 grupos, que recebe passe escolar como ajuda para visitar as salas.
Os educadores recebem materiais didáticos, xerox de texto etc, e a formação inicial e continuada da UFG e da UCG. Os educadores recebem pelo Governo Federal (Programa Brasil Alfabetizado). No pagamento do educador vinha até dezembro de 2004 uma quantia de cinqüenta centavos para compra de lanche, e o mesmo devia apresentar nota fiscal para prestação de contas mensal. Na continuidade da escolarização, através da educação de adolescentes, jovens e adultos (EAJA), de 1ª a 8ª séries, é servida uma janta para os alunos, com recurso do FUNDEF/merenda escolar, acrescida de recursos do tesouro municipal.

3ª Experiência
Título: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES DO AJA-EXPANSÃO
Relatora: Maria Emilia de Castro Rodrigues (FE/UFG - Goiânia/GO)
A formação teórico-prática dos educadores e coordenadores populares do Projeto AJA-Expansão tem como referencial Paulo Freire, Vygotsky, Emília Ferreiro, Wanda Medrado, entre outros. Esta tem sido empreendida semanalmente, envolvendo temáticas desde a organização do trabalho pedagógico (planejamento através de temas geradores), níveis de leitura e escrita, trabalhando com textos significativos na sala de aula, auto-estima, etc. A formação é empreendida através da parceria da extensão universitária da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Católica de Goiás (UCG) com a Secretaria Municipal de Educação.
O Projeto AJA-Expansão, da Secretaria Municipal de Goiânia (SME), desenvolvido em parceria com a sociedade civil, universidades e outras instituições, constitui-se em uma oportunidade de iniciar o processo de alfabetização de adolescentes, jovens e adultos que ainda não foram alfabetizados. Através desse projeto a SME pretende garantir o acesso ao ensino fundamental a quarenta e cinco mil (45.000) pessoas analfabetas, residentes em Goiânia, acima de 15 anos.

4ª Experiência
Título: MOVA DIGITAL
Relatora: Marinalva Santos e Maria Aparecida Tonesse (MOVA-Santo André/SP)
Foi realizada uma explanação sobre a Administração democrática de Santo André. Hoje o MOVA conta com 2.400 alunos, 120 salas de aula e 120 educadores. Em janeiro de 2004 surgiu o MOVA-Digital.
Hoje o MOVA só se mantém em Diadema e em Santo André. Temos parceria com o Governo Federal. O MOVA Digital conta com 23 salas, em 6 meses, e desenvolve o trabalho com dicionário, na sala há 28 alunos, sendo que a maior parte é de idosos.
Ocorreu a construção de livros: o primeiro projeto deu origem à montagem de livros de receitas sobre o que eles conheciam - Ervas medicinais; do segundo projeto “As pessoas contam suas histórias”, a partir das necessidades que todos os seres humanos têm.
Depois da escrita no papel passamos para o mundo digital, onde foram levados os alunos para conhecer a máquina, como usá-la e digitar. A preocupação de escrever certo é grande, pelo fato de saber que outros irão ler.

5ª Experiência
Título: CINEMA - LINGUA DA REALIDADE NA EJA
Relatora: Maria Madalena Torres (SECAD/Coordenação Pedagógica - Ceilândia/DF)
O material didático é pautado em Paulo Freire e professor Carlos Brandão. Sendo que o trabalho é desenvolvido em grupos (um apoiando o outro). Há dificuldade de espaço físico, pois na Rede pública do DF há escolas que não cedem o espaço.
São realizados trabalhos com os filmes: Central do Brasil; Ó xente pois não; O carteiro e o poeta. A metodologia utilizada com os filmes é: 1ª etapa - passar filme; 2ª etapa – debate após os filmes, em que através da imagem se trabalha a pedagogia libertadora de Paulo Freire; 3ª etapa - trabalhos com cartas, onde os alunos relatam o seu entendimento, para amigos, professores e familiares. Buscam ainda traduzir o som através da imagem.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES E HOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenador da mesa: Cláudio Pinto de Melo (UEG/GO)
Relatoras: Walquíria e Selma (Embu)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: EDUCADORES E EDUCANDOS RECRIANDO SUA PRÁTICA
Relator/a: Marcia Maria da Cruz Messias (SME/MOVA-Guarulhos) Cidade: Guarulhos

2- Título: ALFABETIZAÇÃO PELA ONG MULHERES DAS ÁGUAS
Relator/a: Leila Chalub Martins (UnB) Cidade: Brasília/DF

3- Título: COMPARTILHANDO TRAJETÓRIAS A PARTIR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Relator/a: Maria Ione de O. Mendonça (SME-MOVA-Guarulhos) Cidade: Guarulhos

4- Título: PROGRAMA VAGA-LUME: ALFABETIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO HUMANA
Relator/a: Cláudio Pinto de Melo (UEG) Cidade: Anápolis

5- Título: PRODUÇÃO DE MATERIAL PEDAGÓGICO
Relator/a: Francisca Inácia e Terezinha Mian (SME/MOVA-Guarulhos) Cidade: Guarulhos

1ª Experiência
Título: EDUCADORES E EDUCANDOS RECRIANDO SUA PRÁTICA
Relatora: Márcia Maria da Cruz Messias (SME/MOVA-Guarulhos/SP
O trabalho é baseado na escolha de temas de interesse dos educandos. São feitas entrevistas, registros. Até o momento montaram jornais e revistas com base na proposta da Revista MOVA de Guarulhos –SP. Cada revista tem um tema escolhido pelos educandos, sendo eles: eleição, mulher e trabalho.

2ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO PELA ONG MULHERES DAS ÁGUAS
Relatora: Leila Chalub Martins (UnB/DF)
A educação popular conta com a participação dos alunos do Grupo PET-Educação da UnB. O trabalho iniciou-se a partir da recuperação do Ribeirão da cidade de São João da Aliança – GO. Os recursos são do PPP/GEF/PNUD. A capacitação foi feita com base no “método” Paulo Freire. Também aconteceu levantamento de histórias da região, observação cultural, entrevistas, observação da dinâmica social. A educação de jovens e adultos com base na educação ambiental foi realizada com a participação de 17 turmas em 10 assentamentos rurais. Um dos resultados alcançados foi a publicação do livro “De conto em conto”, que são relatos de histórias e curiosidades sobre a vida da comunidade.

3ª Experiência
Título: COMPARTILHANDO TRAJETÓRIAS A PARTIR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Relatora: Maria Ione de O. Mendonça (SME-MOVA-Guarulhos)
Justificativa: dificuldade encontrada pelos educadores. Desenvolvimento: observação da realidade do aluno e levantar a origem do educando; exposição do mapa do Brasil.
São realizadas aulas expositivas e aulas práticas. Assuntos abordados: discussão de costumes, apresentação e músicas, artesanato, construção de vocabulário regional, desfile e construção das bandeiras, desfile das roupas típicas, apresentação de personagens históricos, debate sobre perfil, culturas e folclore.
Encerramento e avaliação: apresentação entre as salas, exposições de trabalhos, debate pedagógico sobre as atividades e produção de materiais.

4ª Experiência
Título: PROGRAMA VAGA-LUME: ALFABETIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO HUMANA
Relator: Cláudio Pinto de Melo (UEG)
O programa teve início em 1996 em Formosa – GO, com apenas uma turma. Não havia recursos até que a ONG Moradia e Cidadania cedeu espaço para a realização das atividades. De 1998 a 2000 tinham 13 turmas. Depois destes anos iniciou-se uma parceria com a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e o trabalho se ampliou para 200 turmas. Conta com recursos do Brasil Alfabetizado. Já foram alfabetizados 13.000 alunos e atualmente mais ou menos 4.500.
O projeto também atende de 1ª a 4ª série em parceria com o município. O foco do trabalho não é alfabetização, mas a valorização humana. O professor tem o material específico para guiar seu trabalho.
A educação do campo conta com o apoio do PRONERA, e utiliza material específico para o campo. Não há uma metodologia específica, mas utiliza-se Paulo Freire, Emilia Ferreiro, etc.
O Programa trabalha com clientelas variadas, inclusive presidiários.

5ª Experiência
Título: PRODUÇÃO DE MATERIAL PEDAGÓGICO
Relatoras: Francisca Inácia e Terezinha Mian (SME/MOVA-Guarulhos)
Houve a preparação de material pedagógico por meio de jornais e revistas. A aceitação foi muito boa. As revistas publicadas por temáticas, até o presente momento, são: Eleição, Idoso, Trabalho, Trabalho e Mulher. Há planejamento colaborativo.

6ª Experiência
Título: MOVA MULHERES NEGRAS
Relatores: Francisca Inácia e Terezinha Mian (SME/MOVA-Guarulhos)
O grupo de Guarulhos apresentou mais uma experiência sobre o MOVA MULHERES NEGRAS, que conta com 32 monitores.

AUDITÓRIO l - OLYNTO

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenadora da mesa: Maria R. Cilena Pina Pinto (MS)
Relatora: Dinorá (SME Goiânia/GO)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: LISTAS DE COMPRAS E RECEITAS NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Relator/a: Aparecida Nepomuceno Arantes (SME-Goiânia) Cidade: Goiânia/GO

2- Título: MALETA DA ALFABETIZAÇÃO
Relator/a: Maria R Cilena Pina Pinto (SEE/MS) Cidade: Campo Grande/MS

3- Título: CONSTRUINDO E RECONSTRUINDO REDE GRUPOTICA NA PERSPECTIVA FREIRENA
Relator/a: Alcilene Viana de Souza (Instituto AJURI) Cidade: Belém/PA

4- Título: ALFABETIZAÇÃO CARCERÁRIA
Relator/a: Geracina Gonçalves Guimarães (UEG) Cidade: Goiânia/GO

5- Título: TRABALHAR O TEMPO COM ARTES
Relator/a: Rita Maria da Silva (Pastoral Operária Sta. GEMA GALGANI)
Cidade:Santo André/SP

1ª Experiência
Título: LISTAS DE COMPRAS E RECEITAS NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Relatora: Aparecida Nepomuceno Arantes (SME-Goiânia/GO)
O trabalho apresentado é desenvolvido no Projeto AJA-EXPANSÃO da SME de Goiânia. O tema abordado surgiu a partir do relato de um aluno que é cozinheiro e precisava fazer as compras para o restaurante onde trabalhava. O aluno pediu que a professora o ajudasse a fazer a lista de compras.
A professora trouxe, na aula seguinte, um cartaz com a lista do aluno. A partir daí, as situações problematizadoras começaram a surgir: problemas de matemática (valores monetários, quilograma, quatro operações fundamentais, etc.), leituras coletivas e individuais, trabalhos com receitas, plantas medicinais, construção de um livrinho medicinal.
Segundo a educadora “trabalhar com a realidade do aluno é muito bom”. Foram utilizados diversos textos como suporte para a leitura e escrita. Também no trabalho interdisciplinar se enfocou, além de Português, a área de Ciências, especialmente com os subtemas higiene e valor do alimento, bem como a área de matemática com operações fundamentais, medidas, entre outros. Foram trabalhados conhecimentos gerais: comércio, ingredientes e valor de uma cesta básica. E ainda houve a montagem de um supermercado na sala de aula com simulação de compras, situação de compra e venda, nome dos produtos, promoções de mercadoria, concorrência, quem é o dono da loja?

2ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO CARCERÁRIA
Relatora: Profª. Geracina Gonçalves Guimarães (Projeto Vaga-lume/UEG)
A Professora Geracina é coordenadora da alfabetização carcerária e atua na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Goiânia, onde 76% dos presos são analfabetos no universo de 1.200 carcerários. O material pedagógico utilizado é o mesmo do Projeto Vaga-Lume, sendo que a metodologia do professor é que tem que ser diferenciada. Material pedagógico financiado pela ONG moradia e cidadania, ligado ao Brasil Alfabetizado.
Existe o perigo eminente nas turmas, mas os alunos gostam muito das aulas e garantem a segurança do professor. Os alunos amam a aula porque: é uma ocupação e porque há a esperança de sair dali e fazer algo diferente. Também o tempo de estudo é contado para diminuição da pena.
Houve a intervenção de um professor, apresentando sua experiência como agente de saúde. Sente a segurança proporcionada pelos alunos e a percepção da consciência da situação de apreensão, canalizada para a violência.
Há a existência de um código de comunicação e um professor fez o levantamento desse código: são 28 palavras, com o emprego próprio. Os detentos se comunicam muito rapidamente no interior da CPP.
Uma vez por mês as professores se reúnem para trocas com a coordenação, configurando-se na formação continuada. Há visitas da coordenação nos locais.
Quanto ao comportamento dos alunos, uma investigação da professora levantou que aqueles que participam do Projeto alteraram seu comportamento e não se envolveram mais em outros processos criminais.
Há formatura desses alunos com festa, uma solenidade com autoridades e muita emoção. É uma felicidade poder assinar sua convocação de julgamento. Enfim, é um trabalho maravilhoso: “nós somos um sopro nas mãos de Deus”.

3ª Experiência
Título: MALETA DE ALFABETIZAÇÃO
Relatora: Maria R. Cilena Pina Pinto – técnica pedagógica da Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (MS), convênio com a FUNAI.
A MALETA DE ALFABETIZAÇÃO trata-se de um recurso para lançar às regiões diversas - quilombolas, indígenas etc. – a concepção freireana do MOVA. O objetivo é trabalhar para romper as desigualdades e os preconceitos. O eixo proposto na maleta: terra, vida e trabalho. Os Quilombolas lutam pela: terra, resistência negra, auto-estima e o ler e escrever codificado. Já os indígenas lutam pela: terra, vida, desenvolvimento sustentável e identidade cultural. Porém o alcoolismo configura-se como um grande problema entre os índios. Está sendo realizado um trabalho com a identidade étnico-cultural dessas comunidades. Há ainda o perigo de extinção dos últimos remanescentes de algumas aldeias.
Na SEE de MS há o atendimento a portadores de necessidades especiais. Mas uma dificuldade que têm enfrentado é da continuidade da formação: em função da especificidade, distâncias, transporte, entre outros aspectos.
A metodologia adotada está direcionada para cada especificidade. Alfabetização multilingüística. O alfabetizador fala e escreve o idioma indígena e até o espanhol na região de fronteira. O material pedagógico da maleta é produzido pelo professor, de acordo com as especificidades. O MEC sinalizou poder fazer publicações de material em português e em língua étnica. Esta maleta possui uma proposta de trabalho, mas ela ainda não chegou a todos os lugares que precisam ser alcançados.
Está sendo realizado o trabalho com os profissionais do sexo. Há grande presença dessa categoria de pessoas em torno da rodoviária de Campo Grande, com um grande percentual de analfabetos nesse grupo. O preconceito existe de fora para dentro do grupo e não entre as pessoas do grupo.
Trabalham com alunos de assentamento com atendimento específico. Há a existência de pessoas no meio dos assentados que os convencem a venderem suas terras. Após a venda vão à cidade, compram carros velhos, gastam no consumismo urbano. Isto prejudica o trabalho escolar. Os alunos não permanecem. Há a necessidade de aprender a ler e escrever para não ser enganado pelos desonestos que querem roubar sua terra. Temos observado que a cultura agrária está perdendo espaço para a cultura tecnológica e urbana, sendo que os moradores dos assentamentos são atraídos pela tecnologia e visual urbano.

4ª Experiência
Título: CONSTRUINDO E RECONSTRUINDO REDE GRUPOTICA NA PERSPECTIVA FREIREANA.
Relatora: Alcilene Viana de Souza
A experiência não foi apresentada, pois a relatora da mesma não compareceu.

5ª Experiência
Título: TRABALHAR O TEMPO COM ARTES
Relatora: Profª. Rita Maria da Silva
A experiência também não foi apresentada. A relatora compareceu, mas estava afônica e não pode apresentar seu trabalho.

AUDITÓRIO CALASÃS - CENTRAL

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenadora da mesa: Marilurdes S. de Oliveira (UCG- Goiânia/GO)
Relatora: Leda (MS)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: PROGRAMA AJA-EXPANSÃO: UMA AÇÃO HUMANIZADORA
Relator/a: Maria Auxiliadora Dias da Silva (SME/Goiânia/UCG) Cidade: Goiânia/GO

2- Título: PRONERA – ALFABETIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO HUMANA
Relator/a: Andréia Cristina Siqueira Noé (Vaga-Lume/UEG) Cidade: Anápolis/GO

3- Título: TABAGISMO
Relator/a: Cacilda Maria Moro de Mattos (Paróquia N. S. do Rosário),
Gezerita Oliveira Figueiredo (Associação do CENTREVO)
Cidade: Santo André/SP
4- Título: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA PERSPECTIVA DA CIDADANIA
Relator/a: Carlos Henrique Gomes de Oliveira Cidade: Belém/PA

5- Título: CONTOS E POESIAS
Relator/a: Ronea Maria Machado Batista (SED) Cidade: Campo Grande/MS

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenadora da mesa: Jamile Mércia Jabur (INCRA-GO)
Relatora: Maria do Carmo (Santo André)
TRABALHOS INSCRITOS:

6- Título: A HORA DO BATE PAPO
Relator/a: Edite Lemos de Macedo Silva/ Nanci Lopes (SED) Cidade: Campo Grande/MS

7- Título: HISTÓRIA DE VIDA
Relator/a: Antônia Rocha (MOVA-São Paulo-NEEAF) Cidade: São Paulo/SP

8- Título: MATERAL DIDÁTICO PARA EJA
Relator/a: Keila Cristina Vieira Guimarães (Fun. Univ. CERRADO/UEG)
Cidade: Anápolis
9- Título: RECEITAS DO GRANDE BRASIL: COMIDAS REGIONAIS
Relator/a: Maria Ramos Torres e Maria do Carmo Dias (Paróquia Sta. Maria Goreti)
Cidade: Santo André/SP
10- Título: ALFABETIZANDO COM PARLENDAS
Relator/a: Romilda Meira de Souza Barbosa(SED) Cidade: Campo Grande/MS
* Em função de ser o mesmo espaço para a apresentação dos trabalhos acima inscritos, totalizando 10 trabalhos, e apenas 5 relatores terem comparecido, o grupo preferiu fazer uma só apresentação sob a coordenação da Professora Jamile Mércia Jabur (INCRA-GO). Foram apresentados 6 trabalhos, pois o de número 2 e 8, referiam-se ao mesmo Projeto “Vaga-Lume” e estes uniram sua apresentação, mas foi acrescido mais um trabalho no grupo.

1ª Experiência
Título: PROGRAMA AJA-EXPANSÃO: UMA AÇÃO HUMANIZADORA
Relatora: Maria Auxiliadora Dias da Silva (SME de Goiânia/UCG - Goiânia/GO)
O Programa AJA-Expansão, todo ele voltado para uma ação humanizadora, teve início em agosto de 2001 numa gestão popular. Ele tem como meta a política de inclusão social do educando.
OBJETIVOS – Redimensionar a EJA na perspectiva de abraçar a educação num sentido pleno.
Necessidades básicas do Programa: reconhecimento dos direitos humanos; o educador como alfabetizador; trabalho com as necessidades dos educandos (a partir das suas necessidades); auto-reconhecimento do educando como pessoa que precisa de se auto reconhecer.
No Projeto há o reconhecimento dos direitos básicos do educando. Partindo das vivências de cada um. O planejamento é coletivo, no entanto as atividades são de respeito ao caminhar de cada um. Os princípios de Educação Popular embasam o Programa e utilizam-se da perspectiva dialógica.
Foram apresentados dados atuais comparando-os aos de 2004, quando se percebe que houve decréscimo significativo das turmas, o que reflete o impasse atual de mudança de gestão, que trouxe a necessidade de luta pela manutenção do programa.

2ª Experiência
Título: PRONERA – ALFABETIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO HUMANA e MATERAL DIDÁTICO PARA EJA
Relatoras: Andréia Cristina Siqueira Noé (Vaga-Lume/UEG - Anápolis/GO) e Keila Cristina Vieira Guimarães (Fun. Univ. CERRADO/UEG) Cidade: Anápolis
A linguagem e o contexto utilizados pelo Programa Vaga-Lume está de acordo com a característica regional. O educador também é morador do campo. A experiência iniciou-se com a capacitação dos professores. As visitas dos coordenadores e a assessoria pedagógica são mensais. Os recursos são voltados para os educandos. A escolarização direcionada para as necessidades do homem do campo, rompendo o perfil cultural de que o homem do campo precisa estudar conforme as concepções do meio urbano. Sua proposta fundamental é a continuidade do ensino no campo.
PRONERA - Projeto de conquista dos Movimentos Sociais com valorização do homem do campo que está vinculado ao INCRA. Os recursos e as parcerias são com as universidades, no entanto a demanda da educação do campo e a valorização do homem, ainda não foi totalmente atingida.

3ª Experiência
Título: TABAGISMO
Relatoras: Cacilda Maria Moro de Mattos (Paróquia N. S. do Rosário) e Gezerita Oliveira Figueiredo (Associação do CENTREVO - Santo André/SP)
Após a apresentação do perfil do trabalho em Santo André, houve a explanação do projeto pela educadora Gezenita, inclusive da justificativa da escolha do trabalho. Houve o relato da pesquisa, da necessidade em realizar esse trabalho e suas conseqüências, bem como o relato sobre a dinâmica das atividades realizadas. Há trabalho de grupo para que um educando procure apoio no outro. Há também interdisciplinaridade nas atividades desenvolvidas. A finalização da apresentação foi com a avaliação e pesquisa sobre o trabalho realizado.
4ª Experiência
Título: RECEITAS DO GRANDE BRASIL: COMIDAS REGIONAIS
Relator/a: Maria Ramos Torres e Maria do Carmo Dias (Paróquia Sta. Maria Goreti)
Cidade: Santo André/SP
A pesquisa parte do interesse dos alunos, envolvendo a troca e a relação entre todos, voltada para o levantamento da origem dos alunos. Faz-se o resgate de vida dos educandos. O trabalho foi realizado em salas do centro e uma outra sala na periferia. Porém os interesses culminaram em ambas as salas. Foi dito que as diferenças das aprendizagens e dos níveis de aprendizagem em que os educandos se encontram, devem ser consideradas, bem como a preservação das culturais regionais.

5ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO É UMA FESTA: A DO PEÃO
Relator/a: Admar Alves de Souza (SED - Aparecida do Tabuado/MS)
Alfabetização com a música: Sessenta dias apaixonado. Através deste trabalho foi realizado o resgate cultural do Estado do Mato Grosso do Sul (MS).

A 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 10ª experiências respectivamente: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA PERSPECTIVA DA CIDADANIA, CONTOS E POESIAS, A HORA DO BATE PAPO, HISTÓRIA DE VIDA e ALFABETIZANDO COM PARLENDAS, anteriormente previstas, não foram apresentadas, e foi acrescentada mais uma experiência ALFABETIZAÇÃO É UMA FESTA: A DO PEÃO.


BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenadora da mesa: Antônia Célia (UnB)
Relatora: Virgínia Souza de Santana (Belém/PA)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: MOSAICO DE MEMÓRIAS: NOSSAS HISTÓRIAS NO MOVA
Relator/a: José Anchieta de Oliveira Bentes e Cristiane Rodrigues Silva (MOVA-Belém - SEMEC) Cidade: Belém/PA

2- Título: ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Relator/a: Maria Marli de Araújo Soares, Orlando Vital da Silva e Neuriane Messias da Silva
Cidade: Valparaíso de Goiás/GO
3- Título: IDENTIDADE
Relator/a: Terezinha de Jesus de Oliveira (Paróquia São Geraldo)
Cidade: Santo André/SP
4- Título: PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO INICIADO PELA ONG MULHER
Relator/a: Izabel Lourenço das Neves Cidade: São João das Neves/GO

5- Título: ALFABETIZAÇÃO COM TEXTOS
Relator/a: Ronaldo Ramires Dias (SED) Cidade: Três Lagoas/MS

1ª Experiência
Título: MOSAICO DE MEMÓRIAS: NOSSAS HISTÓRIAS NO MOVA
Relator/a: José Anchieta de Oliveira Bentes e Cristiane Rodrigues Silva (MOVA-Belém – SEMEC - Belém/PA)
A importância de trabalhar a história da vida do Alfabetizando é evidenciada na estória/memória da alfabetizada Izaneide. Este trabalho refletiu o contexto, uma vez que todos nós temos uma história pra contar. Na avaliação dos expositores constatou-se que ao trabalhar temas que dizem respeito à vida cotidiana dos alfabetizandos resgatam-se possibilidades: ricas de oralidade, discussão de questões sobre exploração, trabalho escravo, etc. observada na estória da alfabetizada Izaneide, que é a memória social, construção de um texto, de uma biografia que valoriza a experiência de vida dos educandos, onde a oralidade, a escrita e a leitura se somam à realidade coletiva. Trabalham-se também textos, cujo conteúdo é novo do ponto de vista da relação da literatura, incentivando a leitura em sala de aula. Rodas de leitura, música etc. agregam a proposta.

2ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Relator: Orlando Vital da Silva (Grupo Companhia Teatral Vem Viver - Valparaíso de Goiás/GO)
Este grupo é composto de 40 alfabetizadores que tem a assessoria da Faculdade de Educação da UnB. Trabalha com os princípios políticos – pedagógicos de Paulo Freire. Na pesquisa do universo vocabular foram escolhidos 360 palavras e, ao final, 19 palavras já estão sendo incorporadas à proposta. Existem atividades de conto, capoeira, dança e curso de violão. Estão buscando parceria com o MEC/SECAD. A formação se dá em processo, mensalmente. Atualmente 10 turmas estão em funcionamento.

3ªExperiência
Título: IDENTIDADE
Relatora: Terezinha de Jesus de Oliveira (Paróquia São Geraldo - Santo André/SP)
Trabalha a estória de vida dos educandos. No grupo a maioria dos educandos é migrante do Nordeste. A apresentação dos educandos ao iniciar os trabalhos na sala de aula busca fazer com que os mesmos relatem suas estórias de vida quando e porque saíram de sua terra natal. É muito estimulante, pois todos participam. Trabalha-se a questão da pós-alfabetização onde a música contextualizada faz-se presente, bem como fotos, comidas típicas, mapas, etc.

A 4ª e 5ª experiências, denominadas PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO INICIADO PELA ONG MULHER e ALFABETIZAÇÃO COM TEXTOS, anteriormente previstas, não foram apresentadas, pois os relatores das mesmas não compareceram.

Houve 30 minutos de debate, e a maioria dos presentes reafirmou a importância de se trabalhar a história de vida dos educandos como forma de resgatar a auto-estima e ter resultados mais relevantes do ponto de vista da troca de conhecimento e fortalecimento da cidadania.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenador da mesa: Renato Hilário dos Reis(UnB/DF)
Relatora: Sueli Fernandes (Santo André)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: ALFABETIZANDO EM LÍNGUA TERENA E PORTUGUESA
Relator/a: Sílvia Miguel da Silva (SED) Cidade: Aquidauana/MS

2- Título: COMO FAZER QUE O EDUCANDO PERMANEÇA NA SALA DE AULA
Relator/a: Daniela Paula de Freitas, Malta Pires e Anaides Silva (SME/Goiânia)
Cidade: Goiânia/GO

3- Título: COMPARTILHANDO TRAJETÓRIAS A PARTIR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Relator/a: Maria Ione de O. Mendonça (SME-MOVA-Guarulhos) Cidade: Guarulhos

4- Título: ALFABETIZAR ATRAVÉS DE EMBALAGENS E RÓTULOS
Relator/as: Josefa Zélia F. Lopes (Paróquia S. João Batista), Eleni Dumas
e Maria Lindete Barbosa da Silva (Soc. Amigos de Moradores) Cidade: Santo André

1ª Experiência
Título: COMO FAZER QUE O EDUCANDO PERMANEÇA NA SALA DE AULA
Relatora: Daniela Paula de Freitas e Malta Pires (SME de Goiânia/GO)

O relato da mesma iniciou com a citação da frase:
“Não há mudanças sem sonhos, como não há sonho sem esperança”.
Paulo Freire
Trata-se de um trabalho desenvolvido na sede da Associação dos Idosos e Adjacentes do Jardim Balneário Meia Ponte, em Goiânia - GO. Eram sete salas de aula e com a nova gestão da Prefeitura de Goiânia reduziu para quatro, com 25 alunos cada.
Com o objetivo de fazer com que os educandos permanecessem na sala de aula, foram desenvolvidas atividades que interessassem a eles, buscando resgatar a auto-estima e contribuindo na construção da identidade de cada um, com vistas a uma melhor qualidade de vida. Para tanto procuramos saber o que o bairro oferecia e mostrar o Programa AJA-Expansão aos moradores do bairro para que todos se tornassem parceiros do mesmo.
No trabalho com as/os educandas/os foram estabelecidas como metas:
Levar para a sala de aula a discussão sobre direitos sociais, políticos e civis e deveres, por ex. o Estatuto do Idoso.
Obter a participação dos familiares para conhecer o processo e as especificidades.
Desenvolver atividades sócio-educativas, conhecendo novos alunos, novas escolas.
Desenvolver atividades dançantes, culturais com atividades lúdicas e prazerosa (dois casamentos já se concretizaram) promovendo a leitura e escrita interdisciplinarmente.
Promover dinâmicas na sala de aula.
A educadora popular Malta citou que, quando um aluno tem habilidade, faz parceria com ele para que este socialize esta habilidade e depois vendem o que produzem. A maioria é de idosos e não há mercado de trabalho para eles. Nesse processo de troca de saberes “O educando se torna educador”.
O projeto desenvolvido auxilia na alfabetização, pois as/os educandas/os escrevem e lêem contextualizadamente:
Rompe com a cartilha, que é algo difícil, mas o aluno desenvolve mais conhecimentos com a vivência.
Trabalha com tema gerador, discutido com o aluno, no seu bairro – com o interesse do aluno para transformar e procurar soluções: transporte, saúde, receitas caseiras etc.
O aluno só constrói conhecimentos quando estes são significativos.
Visitas domiciliares, em que a solidariedade e socialização, trazem a família para a sala de aula. Valorização da família, fortalece vínculos (não sente nojo).
Passeios turísticos: financiamento com parceria pelos comerciantes do próprio bairro, pelo prefeito, pelo Sr. Paulo.

2ª Experiência
Título: ALFABETIZAR ATRAVÉS DE EMBALAGENS E RÓTULOS
Relatoras: Josefa Zélia F. Lopes (Paróquia S. João Batista), Eleni Divina Dumas e Maria Lindete Barbosa da Silva (Soc. Amigos de Moradores - Santo André/SP)
Trabalha para que os alunos tenham satisfeitas suas necessidades. Procura fazer a leitura de mundo identificando produtos e marcas. Rótulos de produtos consumidos por eles facilitam a aprendizagem com a linguagem dos produtos. Sugere que o educando identifique unidades de medidas, identifique validade, comparação de preços e marcas. Com isso tenta trabalhar o projeto de maneira prazerosa com dia pré-determinado para o Projeto.
Josefa Zélia apresentou as atividades desenvolvidas com os alunos em sala de aula: produtos e marcas para lista de compras de supermercado com pesos e medidas. Atividades de leitura, escrita de frases e textos.
Lindete mostrou jogos que foram confeccionados com rótulos e embalagens proporcionando a integração e a motivação do grupo dos alunos. Em história e geografia foi trabalhado: por que a embalagem se modernizou e como era antes e depois.
O tema gerador é trabalhado em roda de conversa com os alunos, identificando o interesse (é identificado pelo educador), tendo este tema um caráter existencial, conforme Renato Hilário ouviu dos dois grupos.
Segundo Zélia “Existem muitos professores, mas nem todos são educadores”. Ao que Renato Hilário comentou: isto é educação popular, tem o diferencial que requer a participação das pessoas de maneira a apropriar-se dos conhecimentos de leitura e escrita não apenas para a nota.
Eleni também faz visitas a supermercados comparando as ofertas. E Renato Hilário disse que a produção de listas, de ambos os grupos apresentados, se constituem como a “cartilha do grupo”.
Daniela disse para confeccionar um prontuário com estas atividades para que o aluno receba suas produções no final do ano. Ao que Zélia denominou de portfólio do aluno, como instrumento de avaliação.
Renato Hilário falou da importância de valorizar os autores com a educação popular, onde os alunos são valorizados e transformando a política pública de educação. O que só é possível se se transformar a educação tradicional.
Malta (GO) contribuiu dizendo que se puder levar um artesanato para distribuir no bingo vai valorizar a atividades. Anaildes de Brasília, questionou quantas vezes trabalham o projeto por semana, e obteve como resposta que o projeto é o trabalho diário nas turmas.
Naldo (SP) achou interessante a questão da permanência do aluno na sala de aula. A questão dos parceiros, com o final do mandato do prefeito do PT, pouco incentivo tem tido. Falou da abordagem de se partir da realidade, ainda que dura, dos alunos. Falou também da diversidade dos MOVAs.
Tália (rede pública - Brasília/DF) destacou a diferença do movimento popular, que tem o movimento solitário. Mas não perderam o sonho e a esperança de que a EJA queira beber desta fonte. Parabenizou os educadores populares e disse do quanto está aprendendo com eles e reiterou a fala do Renato Hilário, dizendo da importância dos autores na coletânea de atividades dos alunos. Falou do trabalho com a releitura. Por exemplo: falar da rapadura: doce de açúcar e os alunos vão recordar (pistas: de onde vem? Como ela chega a nossa mesa? Que pessoas trabalham com ela? Onde). Trazemos as questões sociais e políticas da sociedade.
Claurenice falou da troca do educador popular pelo educador da Rede Municipal de Educação de Goiânia, onde funciona a EAJA (Educação de Adolescentes Jovens e Adultos) que dá continuidade ao processo de alfabetização.
Na parceria com Santo André e Diadema são feitas atividades diversificadas, tais como: cultura hip hop, passeios culturais e visitas educativas onde há integração idoso/jovem e já conseguiram reabilitar muitos jovens.
Foi destacado que “Faço a diferença no meu grupo de trabalho se quero transformar. Educação é saúde para o mundo. Depende do meu compromisso individual”.
A educanda Maria das Graças Pereira falou da importância de aprender a ler e a escrever. Na Bahia havia MOBRAL, mas a mãe a tirou da escola. Antes não sabia marca, preço e medida, não sabia tomar ônibus e nem conversar. Hoje está aqui e agradece a sua professora por esta conquista, professora que para ela é uma mãe (embora jovem). Tomara que os alunos respeitem os professores, assim como são respeitados. Sua professora é Lídia Maria da Costa (EMBU/SP).
Maria Aparecida (EMERI / SP) disse que a inclusão está aí, mas é um trabalho diferente. Ela ficou um ano trabalhando com eles e só aí conseguiu aprender a trabalhar com eles.
Anaildes diz que quanto à questão de palavras geradoras, trabalha com palavra geradora e dá seqüência com discussões a respeito delas. E Daniela falou que trabalha auto-estima a partir da identificação de alguns problemas, resgatando a identidade e a cidadania, já se promove a auto-estima.
Renato Hilário reforçou que, ao fazermos diferente, construímos políticas públicas diferentes.
Chantal disse que foi um prazer participar como educanda. Depois ser educadora e amiga e ex-educadora. Aprendeu com o Leomar e Maria Helena (educandos surdos mudos) um pouco de libras e hoje aprendeu e sabe como é importante o que está conquistando com estes encontros.

A 1ª e 3ª experiências, ALFABETIZANDO EM LÍNGUA TERENA E PORTUGUESA da relatora: Sílvia Miguel da Silva (SED - Aquidauana/MS) e COMPARTILHANDO TRAJETÓRIAS A PARTIR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA da relatora: Maria Ione de O. Mendonça (SME-MOVA-Guarulhos/SP), respectivamente, não foram apresentadas.


BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenadora de mesa: Neima dos Santos (SME/Formosa)
Relatora: Iracy (Diadema)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: CANTANDO SE APRENDE CONHECENDO
Relator/a: Maria Vilma Araújo (PETROQUÍMICA) Cidade: Santo André/SP

2- Título: CURRÍCULO E GRUPOS GERADORES
Relator/a: Sheila de Fasio Pinheiro (EPODH – D. Paulo Evaristo Arns)
Cidade: São Paulo/SP
3- Título: ARTES: CRIANDO E ME CONHECENDO
Relator/a: Sirlane da Silva Bento (Associação Paulista Adventista) Cidade: Santo André/SP

4- Título: RESGATANDO A IDENTIDADE POR MEIO DA ALFABETIZAÇÃO
Relator/a: Maria Terezinha Andrade (SED) Cidade: Brasilândia/MS

Todos os relatos apresentados neste grupo apontaram para a construção da cidadania nos eixos temáticos, como: reaproveitamento de alimentos, música RAP "Cantando também se aprende", artes, resgatando identidade.

Objetivos:
- Construção da Cidadania
- Geração de renda
Em todos os trabalhos houve a preocupação em perpassar pelas áreas do conhecimento e a valorização do ser humano e da auto - estima. Houve também vários questionamentos no tocante à iniciação da alfabetização.

1ª Experiência
Título: CANTANDO SE APRENDE CONHECENDO
Relatora: Maria Vilma Araújo (PETROQUÍMICA - Santo André/SP)
O relato da experiência com a música mostrou a possibilidade de diversificar o trabalho em sala de aula com a produção no estilo musical, que tem como característica a crítica e a denúncia.

2ª Experiência
Título: ARTES: CRIANDO E ME CONHECENDO
Relatora: Sirlane da Silva Bento (Associação Paulista Adventista - Santo André/SP)
Na troca de artes houve a confecção de vidros decorados, feitos com possibilidade de gerar renda. Naquele momento o objetivo era presentear as mães.

3ª Experiência
Título: RESGATANDO A IDENTIDADE POR MEIO DA ALFABETIZAÇÃO
Relatora: Maria Terezinha Andrade (SED - Brasilândia/MS)
Na troca de experiência a educadora iniciou o trabalho de sala de aula com o evento da cidade de documentar os municípios.

4ª Experiência
Título: REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS
Relatoras: Solange Aparecida, Geni Ana Leocardio e Isaltina P. S. Lima(SME – Diadema/SP)
No reaproveitamento de alimentos o propósito do trabalho foi chamar a atenção para o desperdício do então considerado lixo orgânico.

O 2º trabalho inscrito com o título CURRÍCULO E GRUPOS GERADORES, da relatora Sheila de Fasio Pinheiro (EPODH – D. Paulo Evaristo Arns - São Paulo/SP) foi apresentado em outra sala.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES EHOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenador da mesa: Wanderley Dias Cardoso (FUNAI/MS)
Relatora: Maria José (MS)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: MOVA INDÍGENA
Relator/a: Wanderley Dias Cardoso (FUNAI/MS) Cidade: Campo Grande/MS

2- Título: ALFABETIZAÇÃO É UMA FESTA: A DO PEÃO
Relator/a: Admar Alves de Souza (SED) Cidade: Aparecida do Tabuado/MS

3- Título: ÁGUAS PARA A VIDA E NÃO PARA MORTE: AS LUTAS DO MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS FORTALECENDO A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Relator/a: Ana Rita de Lima Ferreira (Bsb), Juliana Teixeira (MG) e
Jussara Fátima Arnold Trierveiler (RS) (MAB) Cidade: Brasília

4- Título: DOROTY STANG: HISTÓRIA DE VIDA E MORTE
Relator/a: Almino Henrique do Carmo (MOVA Paulo Freire - SEMEC) Cidade: Belém/PA

1ª Experiência
Título: MOVA INDÍGENA
Relator: Wanderley Dias Cardoso (FUNAI/MS - Campo Grande/MS)
Historicamente houve uma desarticulação dos movimentos de alfabetização, mas, a partir de 1988, inicia-se um processo onde o professor na aldeia teria que ser indígena e da própria etnia. A educação escolar nas aldeias é um desafio, pois os conhecimentos, até então, eram passados através da oralidade, sendo o único espaço para a educação a família.
No início da implantação do MOVA no município de Aquidauana havia mais salas nas aldeias que nos municípios. As capacitações atualmente acontecem dentro das aldeias e com técnicos de Educação Escolar Indígena.
O tempo de oito meses para alfabetização é considerado pouco (insuficiente), pois a alfabetização com os indígenas deve ser bilíngüe. Além disso, há necessidade de construção de um material diferenciado para cada etnia.
O deslocamento do supervisor para as aldeias é muito caro, devido a distância das aldeias da sede do município. E é importante deixar claro nas parcerias (durante o convênio) as responsabilidades que lhe competem.

2ª Experiência
Título: COMUNIDADE QUILOMBOLA
Relatora: Maria Leuda P. Silva (Jaraguari – MS)

A comunidade ainda planta para sua subsistência e fica distante 40 km de Campo Grande – MS. O MOVA chegou para os mais velhos e as salas ficam próximas das/os alfabetizandas/os, sendo o horário combinado com os mesmos. Os materiais utilizados na alfabetização são: cartazes, recortes de jornais e revistas. A alfabetização inicia-se com a letra bastão e depois é feita a transcrição para letra cursiva. Todos sabem assinar o nome e a partir do nome formam outras palavras. O método utilizado está pautado em Paulo Freire. O tempo para a alfabetização é insuficiente. Dos 60 alunos, 48 foram para a EJA.

3ªExperiência
Título: ÁGUAS PARA A VIDA E NÃO PARA A MORTE: AS LUTAS DOS MOVIMENTOS DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS FORTALECENDO A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
Relatoras: Ana Rita de Lima Ferreira (DF), Juliana Teixeira (MG), Cida Maria Dias Lessa (MT). Contato: educação@mabnacional.og.br
A sigla MAB – Movimento dos Atingidos pelas Barragens – é um movimento que atinge 14 estados brasileiros e outros países. É a luta contra as barragens que alagam as terras e contra o movimento neoliberal. Dele participam as pessoas que foram atingidas direta ou indiretamente pelas barragens e aqueles que assumem a causa dos povos atingidos e lutam pela construção de um novo modelo energético e de sociedade. Lutam pela construção de uma política para educação no campo, ribeirinhos e quilombolas.
Possuem sete princípios pedagógicos: o direito a educação; o atingido como sujeito do processo educativo e histórico; o diálogo; o zelo, a liberdade e a solidariedade; a gestão democrática; a relação entre educação e política energética e ambiental; a educação contribuindo para a construção de um modelo socialista para o Brasil.
Há uma preocupação com o currículo diferenciado, pois há uma história desse povo que deve ser escrita. As barragens atingiram e atingem cidades e o campo. São oferecidas como indenização novas casas que não correspondem as necessidades dessa população. Sofrem a repressão antes e depois da construção das barragens: por policiais, exércitos e políticos.

4ª Experiência
Título: DOROTY STANG: HISTÓRIA DA VIDA E MORTE
Relator: Almino Henrique do Carmo (MOVA Paulo Freire/SEMEC – Belém/PA)
Enfrentam sérios problemas, pois o governo eleito na última campanha não tem compromisso com os excluídos, mas os movimento vem resistindo as pressões. A história que é contada pela mídia nem sempre reflete a realidade, mas o jornal escrito e falado é utilizado para fazer uma leitura crítica dos mesmos. Irmã Doroty fez denúncias às autoridades quanto a queima de casas.
O alfabetizador é um pesquisador. O método utilizado é pautado em Paulo Freire. O tema gerador escolhido foi a história de irmã Doroty e os conflitos da terra. Há reflexão sobre os textos e escolhem-se palavras para o trabalho. Foram realizadas discussões sobre o conflito agrário e impunidade dos crimes ligados a terra.

5ª Experiência
Título: FRATERNIDADE E PAZ
Relatores: Cibele Dirce dos Santos, Edileusa Donizete, Helaine Pirolo e Silvana M. Demetriuk (SME - Diadema/SP)
O currículo é dividido em sete eixos temáticos. O título do projeto é: Fraternidade e Paz.
Objetivo: Contribuir com a convivência com a sociedade. Utilizam como procedimentos: dinâmicas, textos, teatros, bem como os recursos: livros, máquinas fotográfica, organização espacial, cedência do espaço por alguma entidade e passeios. Os conteúdos trabalhados são: alfabetização, localização espaço – temporal. Realizam avaliação: contínua e conselhos com os portfólios dos alunos que são apresentados.
Texto para reflexão: O defeito que vemos no outro e o nosso próprio defeito. Foram realizadas duas dinâmicas durante a apresentação, com o objetivo de trabalhar a oralidade e a expressão.

BLOCO G – REFEITÓRIO

GRUPO 04: CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENAS, AFRO-BRASILEIRO, QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES E HOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Coordenador/a de mesa: Ana Carolina Rodrigues – Belém-PA
Relatores: Sandra Cordeiro – DF
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: QUILOMBOLA, AFRODESCENDENTE E SUBSISTÊNCIA
Relator/a: Maria Leuda de Paula Silva Cidade: Santo Jaraguari - MS

2- Título: DST - AIDS
Relator/a: Maria Aparecida (MOVA) Cidade: Santo André - SP

3- Título: EM BUSCA DO SUSTENTO NOS LIXÕES
Relator/a: Selma silva Cidade: Belém - PA

4 -Título: O DESEMPREGO
Relator/a: Cibele Dariana Cidade: Belém - PA

1ª Experiência
Título: DST/AIDS
Relatora: Maria Aparecida (Santo André)
DST - Você sabe o que é isso? Este projeto foi realizado com quinze alunos, numa sala de bairro periférico, onde a maioria dos alunos era mulheres. A iniciativa de trabalhar com tal temática, em sala de aula, se deu por meio do conhecimento de que uma aluna estava com doença sexualmente transmissível. A educadora levou textos e trabalhou temas ligados à saúde (higiene, saneamento e alimentação), posteriormente trabalhou-se especificamente sobre as causas, os sintomas e tratamento das DST’s.
A partir destas atividades, partiu-se para um trabalho de campo: com visita ao posto de saúde, onde fizeram testes de HIV; na comunidade distribuíram folders, camisinhas, cartazes, informando e conscientizando das causas, sintomas e tratamento das DST’s.
A relatora do projeto informou que teve apoio por parte dos postos de saúde, MOVA-BRASIL e também da comunidade. Relatou também que este projeto foi bastante significativo para os alunos, bem como para ela, pois tiveram oportunidade de conhecer, de se aprofundar sobre esta temática, muitas vezes, ou na maioria das vezes, acompanhada de muitos preconceitos e sobretudo de falta de informação de modo geral da comunidade. A partir deste trabalho muitos tabus foram desmistificados e houve com isso muitas trocas de experiências, ganhando a comunidade na aproximação com a escola.

2ª Experiência
Título: EM BUSCA DO SUSTENTO NOS LIXÕES
Relatora: Selma Leitão (Belém-PA)
Local realizado: Associação Comunitária do Bairro Guamá (Núcleo Coraparú). A relatora informou que inicialmente se fez uma pesquisa sócio-antropológica (pesquisa do universo vocabular). O subtema deste projeto foi: Nem tudo que vai pro lixo é lixo.
Justificativa do projeto, segundo a relatora que disse: “A educação de jovens e adultos deve ser vista como um processo dinâmico que atenderá o educando como um todo, propiciando-lhe condições de tornar-se um ser participativo, ativo, reflexivo, crítico e transformador, capaz de solucionar seus problemas e de sua comunidade. É necessário que os educandos sejam estimulados a fazer novas descobertas, valorizar seus costumes, cultura e ser conhecedor de sua história e sua realidade. O tema surgiu com a fala significativa dentro do currículo de interesse, quando trabalhávamos o tema: A violência é o reflexo do desemprego”.
Problemática apresentada:
A fala significativa: “Tem muita gente que vive da venda de latinhas de cerveja, refrigerante, garrafas, papel, papelão. Eles catam no lixo, para sobreviver, porque não tem emprego para todo mundo. Eles até ajudam na limpeza das ruas”.
A essa fala houve a necessidade de envolvê-los nas questões relacionadas ao desemprego, preservação ao meio, transformação de materiais alternativos como sendo uma das formas de sobrevivência.
O objetivo geral foi a conscientização da problemática e os objetivos específicos foram:
Buscar a integração entre os alunos por intermédio do meio, propiciando a observação, a reflexão e a interação com a sua realidade, alertando para os problemas ambientais, ampliando a visão de todos sobre o excesso de lixo no meio ambiente;
Estimular o educando a perceber e compreender que o próprio homem polui o ambiente, quando o lixo é mais um problema. E quando o lixo não é lixo? E como os materiais alternativos podem ser transformados em fonte de renda.
Desenvolvimento: Logo após as pesquisas organizadas surgiu o tema trabalhando com as construções da rede temática.
Do planejamento:
Tema gerador: Tem muita gente que vive da venda de latinhas, papelão; eles catam no lixo para sobreviver, porque não tem emprego para todo mundo; eles até ajudam na limpeza das ruas e dá um bom dinheiro, sabia?
Contra-tema: A falta de emprego, a pobreza e a fome faz com que as pessoas procurem o lixo como alternativa para a sua sobrevivência. Cabe as autoridades e a sociedade resolverem estas questões.
Intencionalidade: Que os educandos compreendam e percebam quando o lixo é problema e quando o lixo não é lixo. Estudar o lixo na visão ampla (local e mundial); fazer parcerias na busca de soluções para o problema do lixo.
Segundo a relatora, trabalhar com esta temática foi bastante enriquecedora, na medida em que o debate, as discussões resultaram em iniciativas bem positivas, tais como a produção de materiais recicláveis, gerando de fato, fontes de renda.

3ª Experiência
Título: O DESEMPREGO
Relatora: Cibele Dariana (Belém-PA)
Segundo a relatora, o projeto começou com pesquisa sócio-antropológica (do universo vocabular) na comunidade. O objetivo do projeto foi o estudo da realidade, causas do desemprego e suas conseqüências. O subtema foi: violência e saneamento básico. O desenvolvimento do trabalho proposto deu-se por meio de pesquisas, palestras, registro da fala dos educandos, de forma interdisciplinar.
Foi abordado que na semana do trabalhador, o tema foi bastante discutido, construindo-se um texto coletivo, com frases sobre a importância do trabalho; as conseqüências do desemprego, bem como suas causas. Após tal atividade, a relatora apresentou um texto comparativo, evidenciando a partir da composição alguns erros gramaticais.
Uma outra atividade desenvolvida foi uma tempestade de idéias, sobre os direitos do trabalhador, a cada palavra pronunciada, tentava-se montá-la no alfabeto móvel, e abriam-se as discussões.
Foi proposto também neste projeto a representação, por meio de um desenho, do que eles compreendiam do seu “Eu no trabalho”, um auto-retrato de como eles se viam no trabalho e também na falta dele.
A relatora disse que este trabalho na Educação de Jovens e Adultos, no MOVA, tem sido muito gratificante, tento em vista que na medida em que ensina, pesquisa, ela aprende que ao se doar, ao fazer os educandos enxergar a realidade, ela constrói sua própria história.

O 1º trabalho previsto, de Maria Leuda de Paula Silva de título QUILOMBOLA AFRODESCENDENTE E SUBSISTÊNCIA, não foi apresentado, pois a relatora do mesmo não compareceu.

BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 5: ALFABETIZAÇÃO – GESTÃO, PARCERIAS, DIVERSIDADE E CONTINUIDADE DE PROGRAMAS/PROJETOS
Coordenadora da mesa: Ivonete Maria da Silva (SME/Goiânia)
Relator: Luís Mário (MS)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: GESTÃO E POLÍTICA PEDAGÓGICA
Relator/a: Claudia Regina da Silva (CEPODH - Dom Paulo E. Arns) Cidade: São Paulo/SP

2- Título: ESTRUTURA DO PROGRAMA AJA-EXPANSÃO EM GOIÂNIA
Relator/a: Ivonete Maria da Silva (SME/Goiânia) Cidade: Goiânia/GO

3- Título: PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E RESULTADOS DO PROGRAMA ESCOLA DA VIDA
Relator/a: Eliane Soares de Souza Nascimento e Tânia Maria Ventura (SEE/GO)
Cidade: Aparecida de Goiânia/GO
4- Título: ALFABETIZAÇÃO NO MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGEM
Relator/a: Raquel da Costa Barbosa (MAB) Cidade: Bom Jesus da Lapa/BA

1ª Experiência
Título: ESTRUTURA DO PROGRAMA AJA-EXPANSÃO EM GOIÂNIA
Relator/a: Ivonete Maria da Silva (SME/Goiânia-GO)
A Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia sensível às necessidades das camadas populares, no que se refere à escolaridade, implantou em 1993 o Projeto AJA, uma Experiência pedagógica de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, baseada nos princípios freireanos de educação, elaborado a partir de um projeto piloto desenvolvido na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, o Projeto Intenção de Estudos. Este programa visava atender a alunos que foram excluídos ou que não buscavam a Rede Municipal de Educação.
Em agosto de 2001, a rede pública municipal propõe parceria com outros órgãos públicos municipais, estaduais e federais, bem como, com os organismos da sociedade civil para executar a expansão do referido Projeto AJA. A partir de 2003 passou a contar com a parceria do Programa Brasil-Alfabetizado.
Tal expansão acontece por meio de turmas diferenciadas quanto à organização de carga horária, composição dos profissionais envolvidos e locais de atendimento, numa chamada de todos para uma única causa, juntando, poder público e sociedade civil para responder à grande demanda de alfabetização de Adolescentes, Jovens e Adultos em Goiânia: o Programa AJA-Expansão. O local de atendimento são as unidades escolares, empresas, sindicatos, associações. Conta atualmente com 97 turmas, sendo a carga horária diária de 2 horas e 30 minutos.
Há parceria entre a SME, Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Católica de Goiás (UCG) para efetivar a formação inicial e continuada de educadores e coordenadores populares são promovidos encontros semanais na UFG, pautadas no referencial teórico de Paulo Freire, com palestras, oficinas, etc. As aulas são de 2ª à 5ª, e a formação continuada às 6ª feiras. Havia até o final do ano de 2004 o lanche, pago pelo tesouro municipal. Os objetivos do Programa são: ampliar o atendimento do Ensino Fundamental; desenvolver metodologias que respeitem a identidade pessoal e social dos educandos e educadores. Há acompanhamento do trabalho teórico-prático dos educadores populares através dos coordenadores pedagógicos que atendem a 10 grupos.
Para garantir a continuidade da escolarização dos alunos do AJA-Expansão, há a educação de adolescentes, jovens e adultos (EAJA) uma forma de organização do ensino fundamental regular, com carga horária diferenciada (600h presenciais e 200 complementares de 1ª a 4ª séries e 700 h presenciais e 100 h complementares de 5ª a 8ª séries) e matrícula durante todo ano, financiada pelo tesouro municipal/FUNDEF.

2ª Experiência
Título: PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E RESULTADOS DO PROGRAMA ESCOLA DA VIDA
Relatoras: Eliane Soares de Souza Nascimento e Tânia Maria Ventura (SEE/GO - Aparecida de Goiânia/GO)
Objetivos: Manter-se vivo e manter-se com dignidade.
Trabalho pautado no referencial teórico de Paulo Freire, através da experiência de vida dos educandos. É desenvolvido em parceria com todos os prefeitos de municípios de Goiás, sendo que o material didático utilizado contempla o manual do educador e do aluno.
Alfabetiza tratando das condições de sobrevivência do educando, tanto no que se refere ao ambiente de trabalho mais amplo e da cidadania. Foram atendidos no Programa no período de: julho a dezembro/2003 – na 1ª etapa do Brasil Alfabetizado – 11.088 alfabetizados; na 2ª etapa - 16.000 alfabetizados e na 3a etapa - 17.000. Totalizando: 44.000 alfabetizados.
No projeto foram produzidos, junto com os alunos, doces cristalizados, sabão caseiro, etc. a partir do que montaram o material e confeccionaram livros. A capacitação totaliza 40 horas, realizada nos Núcleos (NURED’s) localizados em diversas regiões, contando para tal com coordenador e professor de cada área. Em Luziânia, o município fornece um coordenador local que acompanha e repassa as avaliações, as fichas de freqüências e o relatório mensal. No final de cada etapa há a entrega de certificado do professor e de todos os alunos.

3ª Experiência
Título: A EXPERIÊNCIA DE CEILÂNDIA-DF
Relator: Osmar Aguiar – Centro de Educação Paulo Freire (Ceilândia)
Ceilândia-DF conta com 300.000 habitantes, um bairro cuja história inicia com uma invasão. Em 1985, há 20 anos, também iniciou o trabalho de alfabetização em igrejas, associações, etc.
Os governos do Distrito Federal nunca apoiaram os trabalhos e os sabotam. Sem apoio do governo local, os Movimentos Sociais buscaram apoio dos sindicatos, ONG’s, governo federal, etc. e constituíram o Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização do Distrito Federal (GTPA).
Mais quinze cidades do entorno do Distrito Federal (DF) estão sendo atendidas, com uma média de 10 a 15 turmas. Montam cursos em todo o DF. A metodologia é pautada no trabalho de Paulo Freire, ou seja, uma educação na perspectiva freireana: 1º etapa - 21 palavras geradoras, entra na questão política; 2ª etapa de pós-alfabetização em que se consolida o início do trabalho; 3ª fase - matemática; 4ª fase - formação com educadores e coordenadores, juntamente com um supervisor.
No Círculo de Cultura de 15 em 15 dias trabalham temas da atualidade. Ao final emite um certificado para o educando, observador e alfabetizador.

4ª Experiência
Título: “MEIO AMBIENTE” RECICLAR, A ONDA DO MOMENTO
Relatoras: Alda Aparecida Romeiro e Flávia Valéria L. Ribeiro (SME - Diadema/SP)
A comunidade de Nova Conquista é que desenvolve o trabalho ou projeto. O Projeto Meio Ambiente é empreendido à noite, ao longo do semestre. Nele o educador mora próximo ao educando e a maioria dos educandos não têm fonte de renda fixa: usam os resíduos sólidos. Trabalham com o objetivo de criar sempre fonte de renda: expõem em feiras e confeccionam objetos a partir da reciclagem.

5ª Experiência
Título: O QUE PODEMOS FAZER PARA MUDAR O MUNDO
Relator/a: Alex Sandra Regina Teixeira, Iraci Torres de Araújo, Mauro Lintras e Terezinha Maria da Silva Góes (SME – MOVA-Diadema/SP)
Em 1995 surge o Mova - Diadema que conta com 150 salas no município, com uma média de 10 a 20 alunos por sala. Administração do PT, atende atualmente a 2078 alunos. Realiza a formação continuada toda semana, a cada seis meses uma nova turma é concluída. O trabalho é com temas geradores envolvendo a inclusão social e se cria diversos subtemas, quais sejam: 1- acabar com fome e miséria; 2 – educação básica de qualidade para todos; 3 – igualdade entre sexos – valorização da mulher; 4 – reduzir a mortalidade infantil; 5- melhoria da saúde.

O 1º trabalho inscrito, GESTÃO E POLÍTICA PEDAGÓGICA, da relatora Claudia Regina da Silva (CEPODH - Dom Paulo E. Arns - São Paulo/SP), não foi apresentado, sendo substituído e acrescentado mais um trabalho.


BLOCO G – SALA DE AULA

GRUPO 5: ALFABETIZAÇÃO – GESTÃO, PARCERIAS, DIVERSIDADE E CONTINUIDADE DE PROGRAMAS/PROJETOS
Coordenador da mesa: Pedro Torres (ONG Moradia e Cidadania)
Relatora: Marta (MST)
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: TROCA DE EXPERIÊNCIA MOVA/SP
Relator/a: Coletivo do MOVA (MOVA/SP) Cidade: São Paulo/SP

2- Título: PROJETO MOVA BRASIL NO RIO DE JANEIRO
Relator/a: Raquel Fernandes de Oliveira (IPF,FUP,Petrobrás) Cidade: Rio de Janeiro/RJ

3- Título: GRUPOS GERADORES NOS NÚCLEOS E POLÍTICA PEDAGÓGICA
Relator/a: Rosinaldo de Abreu Rodrigues-Nado (CEPODH – D. Paulo E. Arns)
Cidade: São Paulo/SP
5- Título: MOSAICO
Relator/a: Denise Favacho Vendas (SED) Cidade: Campo Grande/MS

1ª Experiência:
Titulo: O TRABALHO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Relatora: Josilda, Vera Lúcia, Maicon (SME)
Tema: Linha do tempo – Brasil e sua história.
O tema foi desenvolvido inicialmente trabalhando a história do trabalho na sociedade a partir de figuras no retroprojetor, com vistas a: trabalhar a formação do povo brasileiro  as três classes: índio, europeu e negro; trabalhar o processo de escravização dos índios e dos negros e como se deu a mão de obra escrava. Foi discutido porque o negro até os dias de hoje está, na sua maioria, fora da universidade e inserido muitas vezes nos piores trabalhos.
Nesse tema pudemos trabalhar: o processo de libertação do negro  até que ponto chega esta libertação; o Brasil República; o esquecimento do nordeste brasileiro; porque esta região era tão rica e hoje caiu no esquecimento; o êxodo rural  como se deu; o que vem acontecendo nos dias atuais  porque se deu isso, quais as conseqüências. Também propiciou buscar as experiências dos próprios educandos; trabalhar o mundo atual; trazer as informações do mundo para a sala: as vantagens e desvantagens do Mercosul e da ALCA.
Este foi um momento de muita interação entre educador e educando, que também possibilitou: trazer a importância de haver igualdade social entre todas as pessoas; resgatar o conceito de cidadania; finalizar o trabalho com a música CIDADÃO de Raul Seixas.
Questões norteadoras utilizadas: 1. Desalento do trabalhador em relação as desigualdades sociais, destacando as situações de direito ao transporte, a educação, a moradia; 2. Arrependimento de ter deixado sua vida anterior; 3. Conformismo diante de uma realidade e a busca do consolo através da fé; 4. Contradições do ser humano em relação aos seus.

2.ª Experiência
Titulo: PROJETO MOVA-BRASIL NO RIO DE JANEIRO
Relatora: Kátia (IPF/FUP/Petrobrás - Rio de Janeiro/RJ)
Balanço da Alfabetização
O MOVA-BRASIL na cidade de Campos dos Goytagazes traz a responsabilidade do avanço da palavra cidadania no contexto sócio-cultural. Nele trabalhou-se a cultura, inclusão social, minimizando a exclusão. Através dos trabalhos levou o educando a descobrir que ele não somente lê o mundo, mas também intervém nele.
No norte-fluminense não temos só uma educação popular libertadora e sim temos ações libertadoras, onde trabalhamos: poesia, produção de textos, gráficos, confecções de artesanato (barro, couro e borracha), trabalhos manuais (cartões, porta-retrato, lembranças etc.), doces caseiros, livros de receitas, reciclagem. Contamos com 800 alunos matriculados e 32 monitores.
Em Nova Iguaçu/RJ existe uma onda muito grande de violência, por isso procuramos trabalhar alguns temas como: violência local, chacinas (recentemente ocorrida em Nova Iguaçu), saúde, montagem de um projeto político pedagógico voltado para a Economia Solidária, horta comunitária, artesanato, assentamento. A cidade conta com 14 monitores, 400 alunos matriculados, 300 freqüentando. Há 5 núcleos em Nova Iguaçu, 8 em Mesquita e 1 em São João do Meriti.
O MOVA Caxias, na Baixada Fluminense, realiza os seguintes trabalhos: tirar documentação dos alunos, palestras instrutivas – orientação sexual, saúde, conscientização política, etc. – e trabalhos artesanais com reciclagem. Entre São João e Caxias são 14 monitores e 455 alunos.
Em Itaperuna, noroeste do Estado, há uma turma com 49 educandos no interior do presídio desta região.
Foram apontadas como perspectiva: possíveis implementações de ONGs para trabalhar Economia Solidária, organização de um encontro da regional sudeste na Baixada Fluminense. As dificuldades apresentadas foram: violência no momento das aulas e falta de apoio da prefeitura.
Num balanço geral, o RJ conta com um total de: 2.211 alunos matriculados e 75 monitores.

3ª EXPERIÊNCIA
Título: MOSAICO
Relatora: Denise Favacho Vendas (SED - Campo Grande/MS)
Houve a apresentação de alguns exemplos de mosaico e falou-se sobre a importância do mosaico para o desenvolvimento da coordenação motora do idoso. A partir dos mosaicos são desenvolvidas atividades:
1ª fase: Português  Este trabalho é uma forma de fixação das letras: 1º - fazer as letras grandes do alfabeto – pode ser feito de papelão ou outro material preferido; 2º - fazer bolinhas com papel crepom; 3º - colar em cima das letras.
2ª fase: Matemática  como trabalhar mosaico na matemática; pode-se trabalhar a geometria. Exemplos: fazer triângulos, quadrado, círculo.
Pode se utilizar diversos tipo de materiais para colar dentro, como: papel crepom, papel laminado, revista colorida e outros.
3ª fase: Conhecimentos gerais  as quatro estações do ano: trabalhar com a música “As quatro estações do ano”, os períodos de cada estação. Como? Pode simbolizar as estações do ano através de mosaico: o Sol, as árvores caindo as folhas, as árvores com frutas, jardins, e outros desenhos que corresponderam ao desejado. Pode trabalhar também a formação de frases com os desenhos feitos
4ª fase: O Relógio  fazer um relógio grande e trabalhar as horas, pois muitas vezes tem alunos que tem relógio, mas não sabe contar as horas.
5ª fase: o alfabeto móvel  pode ser feito de: papelão, papel sulfite, cartolina... O alfabeto móvel facilita a memorização das letras.
6ª fase: mosaico profissional  pode utilizar cadeira, mesa e outros objetos de madeira. Lixar o objeto e fazer o desenho desejado. Pode utilizar cerâmica para fazer o desenho.
Questões do debate?
- Como é que se desenvolve a alfabetização nos presídios?
R. Através de um convênio com a Petrobrás e uma educadora da comunidade. Fizemos uma conversa com o diretor do presídio, e ele gostou da idéia e está nos apoiando.
- Existe algum tipo de ameaça para quem desenvolve a alfabetização dentro do presídio?
R. Não. A pessoa que trabalha com os presidiários é muito querida pela comunidade e pelos próprios presos, que têm um respeito muito grande por ela.
- O projeto do mosaico tem alguma outra parceria?
R. Tem. Hoje nós temos o governo do Estado que nos ajuda com o material didático com: lápis, lápis de cor, borracha e outros.

A 4ª e 5ª experiências com os títulos TROCA DE EXPERIÊNCIA MOVA/SP, do Coletivo do MOVA (MOVA/SP) e GRUPOS GERADORES NOS NÚCLEOS E POLÍTICA PEDAGÓGICA, do relator Rosinaldo de Abreu Rodrigues - Nado (CEPODH – D. Paulo E. Arns- São Paulo/SP), não foram apresentadas.

BLOCO D - AUDITÓRIO
GRUPO: VÍDEOS
Coordenadora da mesa: Maria Alice (SP)
Relatora: Maísa (SME/GO)
Materiais necessários: TV, vídeo e datashow
TRABALHOS INSCRITOS:
1- Título: MOVA-SÃO PAULO-NEEAF
Relator/a: Antônia Rocha (SME-Goiânia) Cidade: São Paulo

2- Título: APRESENTAÇÃO DE EXPERIÊNCIA EM DVD
Relator/a: Lúcia Silva de Souza e Maria Augusta Bezerra Rosa Verçosa
Cidade: Rio Brando/AC
3- Título: EXPERIÊNCIA DE ALFABETIZAÇÃO
Relator/a: Maria Augusta Bezerra Rosa Verçosa Cidade: Rio Brando/AC

4- Título: ALFABETIZANDO COM RECEITAS ENRIQUECIDAS
Relator/a: Leonir Aparecida F. Barros Cavalcante (SED) Cidade: Paranaíba/MS

5- Título: ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS
Relator/a: Marluce Cardoso Cidade: MOVA Santo André

1ª Experiência
Título: APRESENTAÇÃO DE EXPERIÊNCIA EM DVD
Relator/a: Lúcia Silva de Souza e Maria Augusta Bezerra Rosa Verçosa (Rio Brando/AC)
Experiência de alfabetização no Acre: depoimentos e método de alfabetização.
Relato de adultos sobre a experiência positiva de alfabetização e continuidade do estudo, melhoria na qualidade de vida. Educação para a libertação, construção da cidadania.
Destaques: Dom Joaquim – Bispo do Acre – reconhece o valor do Movimento para a sociedade; MOVA - Ligado a religiosidade; a resposta dos alunos é muito positiva; FETAEG.
Educação para a vida prática de adultos que não tiveram a oportunidade de estudar no tempo adequado: maior valor; maior envolvimento; cartas para parentes – comunicação antes impossível.
Parceiros representam grandes conquistas para o MOVA no Acre (público, privado, institucional): Tim, Pirelle, BB (prestação de contas).
Censo IBGE 2000 trazia 80.000 analfabetos do Estado. Em 2003 passou para 48.000 alfabetizados. Em 2004 foram atendidos 30.000. Em 2005 pretende-se alfabetizar 24.000.
Quanto ao acompanhamento na Zona Rural: a maior dificuldade é o início das aulas, pois as condições climáticas (chuvas) atrapalham a ida à escola: não tem data certa, põe isso em 2005, o início será em julho, com duração de 6 meses; superação das dificuldade visuais (escolha das armações); não é possível atingir a 100% dos analfabetos porque alguns não querem ser alfabetizados; nas zonas de difícil acesso os educadores vão morar no local.
O MOVA conta com uma coordenação geral. Para 2005 serão 1.200 professores (educação); 23 pessoas na equipe pedagógica (mulheres), para suporte para monitores; 80 monitores de campo estarão em sala mensalmente (critério: ter CNH); 22 municípios com coordenadores e monitores
Em 2000 houve a iniciativa do Governo do Estado do Pará para começar o movimento, estabelecendo parceria com movimentos sociais; e o medo da não continuidade se o governo do PT sair.
Todo município tem câmara fotográfica para registrar o trabalho; o salário do monitor de campo é de R$650,00 (recurso do Governo do Estado). Atualmente 60% do MOVA Acre acontece na zona rural – havendo a preocupação com a preservação do meio ambiente. Atendem em hospitais que tratam da hanseníase, com pessoas mutiladas que pensam em chegar na universidade.
O MOVA tem dado certo no Acre pelo apoio que recebe do Governo. Os médicos vão à escola para atender às necessidades dos alunos que têm dificuldades. Em 2004 foram: 20.000 matriculados; 18.000 freqüentando; destes 14.000 concluíram a alfabetização; 11.049 alfabetizados.
Em todos os municípios é oferecida a continuidade, sendo que no meio urbano é sempre oferecida a continuidade, no meio rural nem sempre é possível a continuidade. A continuidade é a grande preocupação. O coordenador recebe R$ 1.400,00 e possui curso superior. O educador recebe R$15.00 por aluno (não tem piso salarial).

2ª Experiência
Título: ALFABETIZANDO COM RECEITAS ENRIQUECIDAS
Relator/a: Leonir Aparecida F. Barros Cavalcante (SED - Paranaíba/MS)
O vídeo aponta: a realidade da comunidade de Mato Grosso do Sul, Governo popular / Movimentos Sociais / parceiras; o movimento se fortalece a partir de iniciativa do município; o projeto foi realizado em um distrito rural; as parcerias são fundamentais para a continuidade do projeto; que buscaram apoio na Pastoral da Criança; os educandos recebem uma cesta de alimentos por mês. A cesta básica atende a 1.000 famílias com a condição de que freqüentem a escola. O fubá estava sendo desperdiçado. A partir deste diagnóstico surgiu a idéia de trabalhar a alfabetização com receitas enriquecidas: trabalharam com o enriquecimento do fubá; aproveitamento das folhas de abóboras, mandioca, beterraba etc. Folhas que normalmente são desperdiçadas; as receitas são colocadas no quadro. Já foi confeccionado um livro com as receitas. O objetivo deste trabalho é melhorar a qualidade da alimentação / qualidade de vida das pessoas.

3ª Experiência
Título: ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS
Relator/a: Marluce Cardoso (MOVA Santo André/SP)
Educandos da 3ª idade: com mais ou menos 60/70 anos, sendo: 23 alunos ao todo, 15 em fase de alfabetização, 8 alfabetizados. No trabalho há alunos buscando alunos. Alguns alunos são depressivos. Há alunos com dificuldade visual e auditiva.
São trabalhadas receitas medicinais em sala de aula. Recursos para alfabetizar: alfabeto móvel, jornais, revistas... Os alunos ajudam o professor a alfabetizar os colegas. O aluno precisa acreditar na alfabetização. Vão à lousa escrever frases, palavras que são completadas pelos outros. A professora registra em fotos.
A professora organiza agrupamento com colegas que já sabem um pouquinho mais. Trabalha com a realidade do aluno com pesquisas extra-sala: sobre saúde (posto de saúde próximo das casas), teatro, sobre a realidade do atendimento médico na região e as expectativas de atendimento.
Há parceria com a prefeitura: governo federal (que paga a ajuda de custo, pagamento), ONGs (dão o lanche), Banco do Brasil (dão os óculos), FORD (oferece o material escolar), Colégio de Freiras (possibilitam a informática para 45 alunos - freira).

Os vídeos MOVA-SÃO PAULO-NEEAF e EXPERIÊNCIA DE ALFABETIZAÇÃO de Rio Branco/AC não foram apresentados

Vespertino

GRUPOS TEMÁTICOS (GTs)
A exemplo do que ocorreu em âmbito nacional nos encontros regionais e estaduais, foram discutidos cinco temas nos grupos temáticos, totalizando dez grupos, assim distribuídos: um grupo com o tema 1, um grupo com o tema 2, dois grupos com o tema 3, cinco grupos com o tema 4 e um grupo com o tema 5. Estes grupos debateram o assunto tomando-se por base algumas questões norteadoras, quais sejam:

Tema 1 – ALFABETIZAÇÃO – CONTINUIDADE EM EJA ENQUANTO POLÍTICA  PÚBLICA/FINANCIAMENTO: FUNDEB, INICIATIVAS DE MOVIMENTO SOCIAIS E CONTROLE SOCIAL.
Questões norteadoras:
Tem sido garantida a alfabetização e a continuidade da alfabetização/escolarização de jovens e adultos? Como? Há financiamento? O que está posto na legislação tem se concretizado? Qual o papel do poder público municipal, estadual e federal? E da sociedade civil? Há articulação entre as instituições que têm responsabilidade em desenvolver (poder público em seus vários níveis e entre si) e aquelas que desenvolvem a alfabetização e a continuidade da EJA? O que almejamos? Quais ações devem ser empreendidas para garantir o financiamento dos Movimentos de Alfabetização e a continuidade dos estudos na EJA? Como ter uma política pública de EJA?(Formação; material didático; alimentação; transporte; acompanhamento; hospedagem...) E quanto ao FUNDEF e ao FUNDEB?
Tópicos: financiamento (alfabetização e continuidade da escolarização de jovens e adultos): desafios, dificuldades e avanços; proposições ao MEC, SEE, SME, ONG’s, escolas/entidades que desenvolvam a EJA, educadores populares e demais profissionais, universidades, sociedade civil, Fórum de MOVA/EJA.

Tema 2 – ALFABETIZAÇÃO E ECONOMIA SOLIDÁRIA: GESTÃO COLETIVA DO TRABALHO.
Questões norteadoras:
Tem havido articulação do MOVA com o mundo do trabalho e com a Economia Solidária? Como? Qual o papel dos sujeitos do MOVA (educador, educando, sociedade civil, poder público municipal, estadual e federal) nesse processo? Quais os avanços, dificuldades e desafios? O que almejamos? O que se faz necessário para que ela se concretize desta forma?
Tópicos: MOVA e mundo do trabalho/Economia Solidária: desafios, dificuldades e avanços; proposições ao MEC, SEE, SME, escolas/entidades que desenvolvam a EJA, educadores populares e demais profissionais, universidades, sociedade civil, Fórum de EJA.

Tema 3 – FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES E INCLUSÃO DIGITAL MULTIMÍDIA
Questões norteadoras:
Tem sido garantida a formação inicial e continuada dos educadores populares? Qual o tipo de formação desenvolvida? Quais princípios a norteiam? Que fundamentos, currículos e metodologias são por ela veiculados? Que formação almejamos? O que se faz necessário para que ela se concretize da forma que almejamos?
Tópicos: formação de professores empreendida: desafios, dificuldades e avanços; proposições ao MEC, SEE, SME, ONG’s, educadores populares e demais profissionais, universidades, sociedade civil, Fórum de MOVA/EJA.

Tema 4 – CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENA, AFRO-BRASILEIRA, E QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES E HOMOAFETIVOS, PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.
Questões norteadoras:
Alfabetização e diversidade: quais princípios, concepções e conceitos têm sido utilizados no MOVA? Eles proporcionam a formação do cidadão valorizando o ser humano? Quais currículos e quais metodologias atendem às necessidades dos educandos do MOVA? Quais os desafios, dificuldades e avanços na sua implementação? O que propomos para melhorar?
Tópicos: Alfabetização/EJA e diversidade - princípios, concepções e conceitos: desafios, dificuldades e avanços; proposições ao MEC, SEE, SME, educadores populares e demais profissionais, universidades, sociedade civil, Fórum de MOVA/EJA.

Tema 5 – ALFABETIZAÇÃO – GESTÃO, PARCERIAS, DIVERSIDADE E CONTINUIDADE DE  PROGRAMAS/PROJETOS MOVA'S/EJA.
Questões norteadoras:
Tem sido garantido o atendimento da alfabetização e da continuidade da EJA? Como? O que está posto na legislação tem se concretizado? Nas parcerias efetivadas entre o poder público e a sociedade civil na alfabetização de jovens e adultos: qual o papel do poder público municipal, estadual e federal? E da sociedade civil? Há articulação entre as instituições que têm responsabilidade em desenvolver (poder público em seus vários níveis e entre si) e aquelas que desenvolvem a alfabetização e a continuidade da EJA? Quais as ações desenvolvidas para garantir a participação e democratização dessa relação? Como tem sido a gestão nos MOVA’s? Tem sido considerada a diversidade dos sujeitos e de necessidade de atendimento nos MOVA’s e na continuidade de programas/projetos da EJA?
Tópicos: Papel do poder público e da sociedade civil (alfabetização e continuidade da escolarização de jovens e adultos) – gestão, parcerias diversidade e continuidade: qual é, desafios, dificuldades e avanços; proposições ao MEC, SEE, SME, escolas/entidades que desenvolvam MOVA/EJA, educadores populares e demais profissionais, universidades, sociedade civil, Fórum de MOVA/EJA.

As discussões apontaram como as temáticas têm se apresentado em suas localidades, dificuldades/desafios e proposições, como podemos ver a seguir:

Tema 1 – ALFABETIZAÇÃO – CONTINUIDADE EM EJA ENQUANTO POLÍTICA  PÚBLICA/FINANCIAMENTO: FUNDEB, INICIATIVAS DE MOVIMENTO SOCIAIS E CONTROLE SOCIAL.
GT - A
Coordenadora da mesa: Profª Dr. Maria Margarida Machado – MEC/SECAD/EJA.
Relatoras: Jovane Melo Paz, Angélica do Nascimento Silva e Sheila Fernanda Silva Paz.

Inicialmente a coordenadora da mesa expôs para os presentes o cenário da EJA a partir da implementação do FUNDEF:
Os municípios não dispõem de recursos para garantir as matrículas de EJA no Brasil. Alguns municípios adotam as seguintes estratégias: manter as classes de EJA nas turmas de aceleração, no ensino regular noturno; encerrar as matrículas de EJA.
governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) para amenizar o problema criou programas que atendiam municípios com baixo índice de desenvolvimento humano (IDH), tais como os projetos Alvorada e Recomeço. Outro programa implantado por FHC, na tentativa de melhorar o problema da falta de recursos à EJA, foi o Alfabetização Solidária, projeto de alfabetização de jovens e adultos desenvolvido em parceria com ONG’s com recursos provenientes da União e das empresas privadas.
A partir de 2003 o governo Lula implementou o Programa Brasil Alfabetizado substituindo o programa de alfabetização de jovens e adultos anteriormente mencionado. Esse programa é desenvolvido através das prefeituras e organizações da sociedade civil, e como avanço esse programa agora atenderá a todos os municípios.
Para a EJA os recursos são provenientes do programa Fazendo Escola, substituto do Programa Recomeço, que agora também atende a todos os municípios e na última Resolução garantiu o seguinte orçamento:
Apoio às ações assistenciais aos alunos da EJA – óculos, no valor de R$ 2.400.000,00;
Apoio à ampliação da oferta de vagas do ensino fundamental a jovens e adultos – R$ 390.213.000,00;
Apoio à capacitação de alfabetizadores de jovens e adultos – R$12.125.000,00;
Apoio a projetos especiais para oferta da educação básica a jovens e adultos – R$ 14.661.735,00;
Concessão de bolsa ao alfabetizador R$ 204.750.000,00;
Fomento à leitura e aceso às bibliotecas por jovens e adultos – R$ 6.000.000,00;
Universidade na educação de jovens e adultos – R$ 100.000,00;
Perfazendo um total de R$ 630.249.735,00, compondo duas grandes linhas de financiamento para a EJA: alfabetização e continuidade da escolarização da EJA.
O Fazendo Escola irá colocar na página do MEC a Resolução com anexo informando quanto o que cada município recebeu para a EJA.
Em seguida a Profª Maria Margarida expôs uma seqüência de slides (anexo 08) demonstrando o que muda da implantação do FUNDEF para o FUNDEB.

QUESTÕES RELEVANTES DO GRUPO:
Proposta de junção do PRONERA e Brasil Alfabetizado, pois o PRONERA pode trabalhar em parceria com o Brasil Alfabetizado, haja vista que estes programas não devem conflitar entre si, e sim procurar caminhos para que os dois consigam somar recursos para aumentar a contribuição para a EJA no campo.
Mecanismos de controle do Fazendo Escola: o governo federal tem equipes coordenadoras para estados e municípios. Essa equipe é responsável pelo acompanhamento e a informação de aplicação dos recursos.
O MEC está trabalhando junto com o Ministério do trabalho, e a sugestão é que nos Fóruns de EJA esses dois Ministérios atuem juntos para avançar na questão da economia solidária, com o objetivo de alcançar as demandas dos educandos.
Como garantir uma concepção freireana dentro das parcerias que estão sendo realizadas entre as ONG’s e o Programa Brasil Alfabetizado.
Deliberação do grupo: colocar na página do GTPA a planilha de valores exposta na apresentação do tema 1.

Tema 2 – ALFABETIZAÇÃO E ECONOMIA SOLIDÁRIA: GESTÃO COLETIVA DO TRABALHO.
GT - B
Coordenador da mesa: Wilnean (DF)

O grupo teve a participação em torno de 130 pessoas. O tema Economia Solidária foi desenvolvido a partir do relato de quatro experiências e da fala do representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária.
Paulo Renato, da Cooperativa Refazenda (prestes a ser formalizada), iniciou citando Paul Singer: “Economia solidária é tudo”. Sendo assim, um tema complexo. A experiência que ele trouxe é fruto do trabalho realizado em Porto Alegre (POA)/RS, iniciado pela administração da Frente Popular na prefeitura. Há dois anos o MOVA/POA já tinha começado a discutir economia solidária, daí cinco embriões de cooperativas se formaram. Entretanto, com a perda das eleições, apenas um empreendimento de educadores se constituiu, chamado Refazenda. Esta tem como objetivo alfabetizar para ampliar a capacidade de intervenção. Já sentem algumas dificuldades: conjugação das ansiedades individuais com tempo para planejamento estratégico e de assumir o protagonismo coletivo.
O trabalho de alfabetização a partir da economia solidária possibilita uma gama de temas geradores. Para isto é necessária a formação dos educadores a partir da perspectiva da economia solidária.
Cibele, da Prefeitura de Santo André, expôs o Projeto “Um Sonho de Maria” que foi desenvolvido por uma turma e construiu uma horta comunitária. Neste trabalho houve articulação entre as Secretarias de educação, Desenvolvimento Econômico e Parques e Jardins. Esta última dando um curso de agricultura orgânica. Em sua fala, a gestora colocou que a EJA não pode ser desarticulada do mundo do trabalho.
A experiência da Usina Autogestionária Catende foi apresentada por Isabel Araújo, pedagoga do empreendimento. O processo de tomada da gestão pelos trabalhadores foi profundamente educativo e, isto, em diversas direções: trabalhadores assumindo a usina, encontrando alternativas de trabalho, gerindo democraticamente. A educação é uma prioridade na Usina, pois possibilita romper com a submissão, que está impregnada naquela região. Tiveram apoio do governo do Estado para articular trabalho e alfabetização, o que reduziu de 80% para 30% o analfabetismo. A questão da educação é trabalhada em diferentes níveis de idade, envolvendo crianças e adolescentes, as quais, inclusive, têm produzido sementes. A educadora colocou que não é possível se isolar, é necessário formar redes para construir a sociedade que se quer, mesmo que para isto se tenha que competir no mercado e cooperar internamente.
O movimento sindical foi representado por Joana D’arc, da Escola de formação da CUT. Ela apresentou a primeira experiência da CUT com alfabetização, cujo projeto está sendo implementado em parceria com o MEC e Petrobrás. A perspectiva deste trabalho é do letramento intervir na realidade. No momento, o projeto tem 80 mil educandos, 5.040 educadores e seu desenvolvimento tem como objetivos: intervenção na elaboração da política pública, parcerias com poder público para a EJA e luta para a redução da jornada de trabalho. A organização do projeto se dá por três eixos: cultura, trabalho e desenvolvimento.
A representação do Ministério do Trabalho, por Roberto Marinho Alves da Silva, iniciou citando Singer; economia solidária como ato pedagógico. A SENAES, através de processos educativos, tem buscado formar nova cultura para o trabalho emancipado, solidário. O papel da secretaria, mais amplamente, tem sido: fortalecer o potencial da economia solidária por meio da criação dos Centros Públicos de Economia Solidária, fortalecimento das cadeias produtivas e do comércio justo, assessorando as empresas autogestionárias e formação de agentes de desenvolvimento solidários.
Entre as características da economia solidária, que não são consenso, o gestor indicou: a cooperação, autogestão, viabilidade econômica e solidariedade. Aspectos que são construídos coletivamente e em processos educativos.

Propostas:
Dar continuidade à qualificação de trabalhadores participantes da economia solidária.
Incluir a economia solidária como conteúdo programático nas escolas em todos os níveis e modalidades de ensino.
Elaborar diagnóstico a partir da prática pedagógica libertadora, articulando as demandas sociais com as potencialidades dos trabalhadores/alfabetizandos e comunidade.
Revisar e diminuir a burocracia atualmente exigida à obtenção de financiamentos e empréstimos solidários sócio-educativos.
Integrar as políticas de transferência de renda e economia solidária com as políticas educacionais, com destaque à Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos.
Articular o MOVA e a FBES como entidades nacionais e os fóruns estaduais de economia solidária com as organizações de alfabetização nos estados e municípios.
Estabelecer redes de sócio-economia solidária para produção e comercialização dos produtos fabricados pelas educandas e educandos jovens e adultos.
Criar locais públicos à comercialização de produtos oriundos de empreendimentos solidários. Exemplo: Centrais de Comercialização.
Estabelecer a gestão compartilhada dos Centros Públicos de Economia Solidária.
Formação de Agentes de Educação Popular, com ênfase na economia solidária.

Tema 3 – FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE EDUCADORES POPULARES E INCLUSÃO DIGITAL MULTIMÍDIA

GT - C
Coordenador/a de mesa: Renato Hilário
Relatores: Valéria Cristina (MS) e Inês (SME de Goiânia/GO)

Não tem sido garantida a formação inicial e continuada dos educadores populares como política pública estatal. Há a sugestão em consenso de traçar uma política pública para que esta formação institucionalizada aconteça como compromisso.
Apesar de não haver uma formação institucional inicial e nem continuada, as entidades e organizações populares, na medida do possível, buscam acolher e organizar uma formação inicial e continuada dando suporte às pessoas que estão dispostas a trabalhar com a EJA. Nestes casos, tendo o apoio de ONG's, Universidades e iniciativas privadas e representações governamentais, apesar de não ser uma política pública garantida.
Compreende-se que o educando e a educanda são sujeitos de suas ações e atitudes, que se organizam coletivamente, buscando em conjunto a superação de suas dificuldades individuais, através da discussão dos problemas da comunidade envolvida e encaminhamentos e os colocando em prática para a solução destes problemas.
A metodologia utilizada deve ser condizente com as necessidades de cada grupo humano, o currículo, tendo como eixo norteador as singularidades, interesses e necessidades de cada educando(a), incluindo os portadores de necessidades educativas especiais. Acionar os legislativos, via sociedade civil organizada, visando a aprovação de normas jurídicas, políticas e pedagógicas que sustentem a viabilização de uma política pública de Educação Popular.
Viabilizar uma formação inicial e continuada das(as) educadoras(es) populares com diretriz centrada em sua história de vida, numa perspectiva dialógica, com base teórico-epistemológica crítica que considere a diversidade dos educadores(as) e dos educandos(as). Existência de uma política pública do Estado que garanta uma formação inicial e continuada de forma institucional e permanente. Que o movimento popular organizado faça convênios de forma à viabilizar uma formação inicial e continuada que atenda às necessidades dos educadores populares.
Que sejam feitos convênios entre secretarias de educação, organizações populares e universidades visando a formação inicial e continuada entre as(os) educadoras(es) populares que contemplem a sua experiência de educação popular como um dos critérios de ingresso.
Elaboração de uma política pública em ação conjunta entre Estado e organizações populares, de tal forma que contemplem a melhoria das condições profissionais e de vida das(os) educadoras(es) populares, bem como seus educandos e educandas, com controle e organização da sociedade civil.

GT - D
Coordenador/a de mesa: Maria Luiza Angelim
Relatores: Jaqueline e Patrícia

As atividades desse grupo de trabalho (GT) tiveram início com uma apresentação, na qual cada um dizia seu nome e a instituição que representava, em seguida a professora Maria Luiza convidou todos a discutir o tema fazendo a leitura das questões geradoras. Após foi proposto que se fizesse rodadas para que cada um se colocasse. Muitas foram as questões levantadas, entre elas destacam-se as seguintes:
João Gualberto acredita que nos locais onde há administração petista os trabalhos relacionados à educação são facilitados.
Para a professora Maria Luiza Angelim, a formação inicial por si só não é suficiente para a continuidade do processo educacional.
Para João Gualberto o MOVA não pode ser partidário
Patrícia acredita que a formação dos alfabetizadores deve ser repensada.
Um dos problemas da alfabetização é o financiamento e as condições precárias oferecidas aos programas com essa destinação.
Questionamentos para pensar a formação continuada:
- Qual a identidade do alfabetizador?
- Quem é nosso aluno?
- Qual é o nosso objetivo na alfabetização?
- O que deve ser trabalhado em sala de aula?
- Como o aprendizado ocorre?
A discussão sobre aptidão X formação acadêmica apontou para a falta de acesso das/os educadoras/es populares ao ensino superior.
Valorização do educando.
A importância de uma formação adequada aos educadores populares nas universidades.
Discussão sobre a origem dos alfabetizandos.
Discussão sobre a formação inicial para jovens que estão terminando o segundo grau ou já concluíram. Essa formação pode tornar-se uma possibilidade de descobrir suas habilidades e anseios.
Discussão sobre a formação política de lideranças junto aos educadores populares.
Foi ressaltada a importância sobre a formação política de lideranças junto aos educadores populares; bem como de não se acomodar com a falta de valorização do educador popular.
Questionamentos:
- O que é ser um educador popular libertador?
- Que tipo de formação tem sido desenvolvida?
Em Goiânia, professores universitários se reúnem com os coordenadores, para que esses possam se tornar agentes multiplicadores e promover a capacitação dos alfabetizadores.
Em Brasília, ocorre atualmente uma formação à distância, que incluirá também momentos de encontros presenciais e observações nos círculos de cultura.
Relatos da Professora Maria Luiza sobre as atividades e experiências em Brasília:
- Programa da Rádio Escola para a Alfabetização de Jovens e Adultos: programas esses que podem ser acessados no observatório da Unesco (www.fe.unb/areas/alfabetizacao).
- Programas de televisão “Salto para o Futuro” da TVE: Brasil em foco (2003); Brasil Alfabetizado em Movimento (2004); site da TVE: www.tvebrasil.com.br/salto .
Discussão a respeito da tecnologia digital, software livre, inclusão digital e ainda apropriação da linguagem digital.
Relatos sobre os telecentros, como uma forma de conseguir um acesso à pontos de rede para grupos populares e divulgação do site para maiores informações: www.idbrasil.gov.br .
Princípios para a formação continuada: resistência, pesquisa, leitura.
Importância do intercâmbio de idéias.
Com o intuito de fazer o fechamento do tema são levantadas duas questões:
- A importância de a educação popular possuir um caráter libertador bem como caminhar rumo a uma economia solidária e sustentável.
- A Universidade Pública precisa ser um espaço aberto à Educação Popular, e esse espaço precisa ser reivindicado para que a formação continuada do educador popular ocorra dentro da Universidade.

Tema 4 – CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE: INDÍGENA, AFRO-BRASILEIRA E QUILOMBOLAS, DO CAMPO, GÊNERO – MULHERES E HOMOAFETIVOS – , PRESIDIÁRIOS E EGRESSOS, PNEE, JUVENTUDE.

GT - E
Coordenador/a de mesa: Maria R. Cilena Pina Pinto (MS)
Relatores: Orlando Vital da Silva (GO) e Valeria Amaral (MS)
Os principais programas que estão sendo empreendidos em nossos municípios goianos são: Brasil alfabetizado, MOVA, Escola da Vida (seguem os conceitos freireanos). Em seguida foi efetivada a Mostra do vídeo “Brasil Alfabetizado”.
O GT se subdividiu em cinco grupos de sete pessoas cada, para debater o tema e encaminhar propostas concretas.
No grupo 1- Quilombola/ Indígena – foram apontados como aspectos importantes no processo de alfabetização, considerando a diversidade dos sujeitos, a leitura do mundo, da vida, na vertente pedagógica libertadora, com respeito a todas as diversidades culturais.
O grupo 2 abordou como metodologia utilizada nos MOVA’s, a preconizada por Paulo Freire; e fazem uso como ferramenta no campo da tecnologia do softwer livre; bem como realizam a inclusão digital, como é o caso de Santo André – SP.
O grupo 3 apontou que os currículos devem considerar a realidade de cada região, dos educadores e educandos.
Já o grupo 4 apresentou como desafios e dificuldades do MOVA: a inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais; como aplicar na prática o referencial teórico realmente libertador; o educador ser respeitado diante de toda problemática; empreender práticas sociais com engajamento pelas ONGs; quebrar os preconceitos de submissão de uns e outros; transformar as dificuldades em conhecimento; inclusão dos nossos alfabetizados dentro da sala de EJA; independência econômica/autonomia no processo de cooperativismo; o fortalecimento das ONGs para melhor atender os grupos sociais, participando dos movimentos sociais; abertura das parcerias direto com as ONGs pelo MEC e organizações sociais; alfabetização com geração de renda, cursos de capacitação profissional (ex: artesanato); uma nova redefinição dos professores indígenas, quilombolas, etc.; que esta formação esteja contemplada como uma modalidade de ensino; o governo federal criar um sistema escolar com alimentação adequada aos alunos da EJA, tanto no sistema das secretarias de educação, assim como nas ONGs, que ainda é um caso mais sério; haver mais integração dos ministérios na busca de dar apoio na saúde bucal, óculos, exame médico, cadeira de roda, pois há casos em que o nosso aluno jovem não pode entrar na escola, ou não pode sequer ir à sala de aula; problemas de pele; engajar os educandos nos movimentos sociais; focalizar o olhar dos educadores e alunos do MOVA que têm uma historia de vida marcada pelas desigualdades sociais; mais apoio na educação especial e aos deficientes físicos; o MEC fazer parcerias com universidades como a UNB/ UFG/ UEG para dar formação superior, especialmente para os educadores populares/ alfabetizadores não formados; efetivar políticas públicas de ações afirmativas.
As concepções utilizadas no MOVA são os princípios da proposta de Paulo Freire, por se trabalhar a realidade de cada educando, principalmente aqueles que foram excluídos de todas as diversidades. Tem como princípios pedagógicos: o direito à educação, à escolarização e à aprendizagem, o educando como sujeito do processo educativo e histórico, a educação contribuindo com a construção do projeto socialista para o Brasil.
Princípios pedagógicos: leitura de mundo; cidadania, educação popular libertadora, processo de descoberta, construção coletiva, incentivo de confecção de livretos com receitas típicas do estado de cada educando, bem como a confecção de artesanato com materiais recicláveis, com a geração de renda para os educandos desempregados e a luta pela continuidade dos estudos dos alunos da EJA.
Os currículos devem sair da realidade dos educandos, respeitando as diversidades, sejam elas regionais, étnicas, entre outros. A metodologia freireana, por ser focada nos princípios da Educação Popular Libertadora, promovendo a conscientização, a emancipação humana, autocritica, a cidadania, foi por nós vista como a mais indicada para atender as necessidades dos educandos.
Propomos ainda o fortalecimento das entidades, a criação legal que garanta uma parceria direta do MEC com a sociedade civil organizada; associar a educação de jovens e adultos à educação profissional para geração de renda e auto sustentatibilidade da sua comunidade, na qual está inserido; incorporar nas ações de formação de professores do MOVA as questões referentes à Lei nº 10.639, bem como nas ações de formação de professores do MOVA indígena as questões referente a resolução 03/99 CNE, sobre a educação escolar indígena; que a formação de professoras do MOVA, contemple a abordagem de metodologia para a produção de materiais de autoria dos próprios estudantes; que o governo federal crie mecanismo para que os alunos do MOVA tenha acesso ao programa de alimentação escolar; abordagem de metodologia produzida pelos próprios alunos; que as diretrizes curriculares sobre a educação indígena sejam mais difundidas.

GT - F
Coordenador/a de mesa: Liana Borges (ONG Diálogo/RS)
Relatores: Wanessa, Mônica e Isabel

No grupo foram sendo discutidas as questões norteadoras, realizando inicialmente a análise conjuntural da região, as questões ligadas à legislação e as proposições sobre o conceito de alfabetização e diversidade.
As dificuldades destacadas pelo grupo foram: manter os alunos em sala (evasão/freqüência); continuidade da escolarização, pois na EJA a metodologia é diferenciada; estabelecimento de parcerias; ausência de apoio do poder público; concorrência entre os programas de alfabetização, havendo casos, nos municípios, de criação de outros programas que ofereçam merenda, transporte, etc.; espaço físico para implantar as turmas; desconhecimento das atribuições do processo de criação de turmas (zona rural); evasão por conta da dificuldade visual; aumento do nível de escolaridade dos alunos com necessidades educativas especiais; não aceitação da condição homossexual pelo grupo, havendo discriminação e preconceito; horário diferenciado para atender a diversidade; conviver com as diferenças e as diversidades; formação de professores para lidar com toda essa diversidade; há necessidade do EJA para dar continuidade.
Foram apontados como avanços: desdobramento do trabalho do MOVA; criação de cooperativas, empreendedoras rurais e federação; redução da violência, a partir do trabalho com o tema; garantia da alfabetização dos alunos; valorização da cultura negra; educação voltada para a superação da idéia de incapacidade, criando novas perspectivas de vida, facilidade da inserção de pessoas surdas no trabalho com surdos; espaço da sala de aula como local de discussão das suas limitações e possibilidades.
Como propostas o grupo apresentou: rever o cadastro no Brasil Alfabetizado no que se refere à especificação da cor; uma EJA diferenciada para atender às necessidades de cada grupo; olhar a diversidade para respeitar a diferença; o MOVA enquanto espaço de diversidade não pode se tornar um espaço de manutenção da exclusão, mas de problematização das questões da diversidade e o respeito à diferença, por ex. conflito entre adolescentes e idosos; que o Brasil Alfabetizado de fato se organize de forma a garantir a alfabetização no tempo que o aluno necessitar, tendo em vista a diversidade e especificidades, por ex. oito meses não é suficiente para alfabetizar à todos; que o EJA tenha como referência o MOVA como parceiro e não como adversário; reconhecimento da EJA como direito e assumida como política pública; formação para o desenvolvimento do trabalho voltado para os alunos com necessidades educativas especiais; que os próximos encontros contemplem as diversidades, por ex. intérprete em língua de sinais - libras.

Outros temas abordados pelo grupo: estudo mostrando os avanços no desenvolvimento dos projetos para repensar a sua continuidade; garantir formação inicial (no nível de graduação) aos educadores do MOVA em universidades públicas.

GT - G
Coordenador da mesa: Wanderley Dias Cardoso (MS)
Relatora: Maria do Carmo

A pauta foi subdivida em pontos e propostas:

* MULHER – a valorização da mulher professora, mulher educadora.

Como propostas foram apresentadas: maior valorização do ser humano, não somente na educação, mas em todas as áreas de produção do conhecimento; maior apoio financeiro para os professores; como a mulher, tanto educanda como educadora, sofre pressão por parte dos maridos (cultura machista) em relação aos estudos/trabalho, é fundamental a união pela emancipação das mulheres, independente de raça, cor, religião, situação econômica, profissional, etc.; temos que estar juntas, lutando pelas mesmas idéias, valorizando-as pessoal e profissionalmente.

* INDÍGENAS
Foi proposto: a extensão do MOVA nas áreas indígenas de todo território nacional - por uma educação específica na concepção freireana; unificar as entidades e ONGs que organizam o MOVA para que seja melhor o atendimento: com qualidade; a elaboração de um estatuto para o MOVA indígena (parâmetros); ter um gestor municipal que possa atender às comunidades escolares na concepção do MOVA; ter o ensino da língua indígena.
Ao final foi levantada uma pergunta: Quem financia o MOVA e como isso acontece? Quem é o gestor dos recursos?

*NEGROS
Como propostas tivemos: ser de suma importância a conscientização do poder público para que os negros tenham maior espaço nas instituições como um todo; trabalhar a cultura negra e quilombola respeitando as diversidades religiosas, econômicas e culturais em todas as instituições educacionais; oferecer cursos de capacitação para os educadores preparando-os inclusive para trabalhar com a questão negra na sociedade.

*AGRICULTURA FAMILIAR
Foram apresentadas como propostas: ampliação do número de turmas de alfabetização/EJA na Bahia, contemplando o maior número de agricultores familiares; criar intercâmbio entre o Instituto Paulo Freire e o poder público municipal e estadual, onde ele tem parceria, que garanta a permanência dos educandos assentados em sala de aula, com o MOVA.

*PNEE
Para o atendimento dos portadores de necessidades educativas especiais, foram apresentadas as seguintes propostas: curso de capacitação e materiais específicos para educadores que tenham em suas turmas alunos PNEE; ter no mínimo dois educadores quando houver PNEE dentro de sala de aula.
Os DESTAQUES nas proposições apresentadas pelo grupo foram: ter exposições públicas (propaganda, livros didáticos, materiais, etc.) da importância da diversidade entre os grupos e da nação brasileira; observação particular, e como um todo, de cada cultura na formação de professores/educadores/alfabetizandos; busca de formação de educadores comunitários com pessoas da própria comunidade; resgate da cultura/familiar para que os educandos tenham consciência de sua historicidade e base geográfica, ontológica; ter curso de formação/capacitação de educadores específicos (áreas): negros, índios, com temática homofônica e de gênero; fim da burocratização para estabelecimento de parcerias; fim da dificuldade de interlocução com o governo – superando problemas com a continuidade do programa devido as políticas divergentes.

Tema 5 – ALFABETIZAÇÃO – GESTÃO, PARCERIAS, DIVERSIDADE E CONTINUIDADE DE  PROGRAMAS/PROJETOS MOVA'S/EJA.

GT - H
Coordenadora da mesa: Maria Alice de Paula Santos (SP)

Para desenvolver o trabalho no GT o grupo optou por subdividir-se em pequenos grupos, apresentando como se configura esse tema na sua localidade, desafios, dificuldades e proposições.

GRUPO 1:
Dificuldades e desafios: conflito com o poder público; “encaminhamos para a EJA e os alunos voltam”, portanto é preciso repensar a EJA, avaliando o currículo e a metodologia; o tempo do Programa Brasil Alfabetizado não é compatível com o calendário da EJA; o atraso no repasse desanima os educadores.

GRUPO 2:
O quadro apresentado é que em alguns municípios há a articulação das prefeituras, com diferença de relações. Em alguns municípios tem apoio, outros não. As relações estabelecidas são complicadas entre Estado e municípios. Em geral os educandos do Programa Brasil Alfabetizado não têm continuidade da escolarização na EJA. Porém há municípios com boa parceria, como Santo André e Embu das Artes, em que os educandos contam com garantia de continuidade da escolarização. Em São Paulo, as entidades que tinham acordo com a administração da Marta estão sendo discriminadas, recebem visitas da coordenação que faz a contagem do aluno e fecha a sala, se por três vezes não encontrar quinze alunos.
Alguns municípios colocaram como dificuldades: espaço, apoio do governo, continuidade em escolas distantes; o Projeto Brasil Alfabetizado não contemplar aquisição de material.

GRUPO 3
Em todos os grupos se falou na parceria com o poder público e ficou claro que a parceria funciona bem quando a administração é do PT.
Também neste grupo foi destacada a dificuldade de adaptação do aluno do MOVA na EJA.
Como avanços: fóruns, cooperativas, projetos de lei; alguns apoios como o BB Educar, parcerias com universidades, entre outros.
Foram observados como impacto político: educandos organizados reivindicando seus direitos, como no Município de Sisal – Bahia.

GRUPO 4:
A falta de parceria é uma grande dificuldade para a maioria dos MOVAS. Também foi destacado como dificuldade o contrato do educador ser por tempo limitado, como no caso do Rio de Janeiro, que o contrato é de dois anos e termina, com isso muda o educador e sabemos o que esse processo acarreta para o educando.
Projeto Santo André: forma até a quarta-série e certifica, encaminhando para a quinta série com o ensino profissionalizante.

GRUPO 5
O problema maior, colocado pelo grupo, está no que se refere: ao currículo, ao calendário e às vagas na EJA, que não possibilita a continuidade da escolarização dos educandos. Também observaram que alguns municípios que estabelecem parceria com o Estado/MEC recebem verba e material didático, outros não.

AÇÕES
* Garantir a participação e democratização da relação entre o poder público e sociedade civil.

GT - I
Coordenadora da mesa: Adelaide Brasileiro (PA)
Relator: Pedro Torres (GO)

Estiveram presentes no GT 68 pessoas. Nos diversos depoimentos, percebeu-se que a alternância de poder, embora saudável democraticamente, tem sido um retrocesso (politicagem) para o MOVA (como nos casos de SP, GO, PA, entre outros), uma vez que não se garante a continuidade do Movimento. Sugeriu-se, então, que os atores envolvidos com o MOVA (educadores/educandos) estejam apoiando politicamente aqueles que garantem e lutem pelo MOVA (educadores/educandos).

O quadro apresentado pelos participantes do GT no MOVA em suas localidades foi:
No Pará, por exemplo, crianças que freqüentam a Escola Jacaré estão deitadas ao chão, por não terem carteiras, enquanto são alfabetizadas. Lá, muitos municípios não têm EJA; e quando têm é o ensino fundamental seriado. Há 35 municípios no interior com poder aquisitivo muito baixo, sem infra-estrutura. Neles não há pessoas alfabetizadas para serem educadoras. Outro dificultador para o atendimento e a continuidade da alfabetização e EJA é quanto ao deslocamento: transporte de barco, burro ou cavalo; combustível (os rios são as ruas) para superar as grandes distâncias. Material e espaço físico adequados são outros fatores.
A falta de apoio do poder público é notada, principalmente daqueles que não reconhecem o Movimento, não o valorizam, pois fazem uso político do mesmo (politicagem, para uso próprio e não em benefício da coletividade). O educando é visto como “número”. Se não completa a turma com os 15 exigidos, não há um esforço para garantir o direito à educação. Não há a atenção se o horário de funcionamento da turma atende a necessidade do aluno.
Busca-se o esclarecimento do educando de seu direito à educação, apoiando-o nessa conquista. O educando do MOVA é trabalhado para sua conscientização, para a luta, mas quando vai para a EJA isso não acontece, muitas vezes causando a descontinuidade.
Em diversos locais foi apontado que existem salas disponíveis em escolas municipais e essas não são cedidas para o MOVA. É preciso buscar a parceria para se garantir essa conquista. Pois é uma constante as aulas aconteceram em garagens de residências ou outros locais, sem uma estrutura mínima.
É importante que a metodologia da Educação Popular do MOVA esteja presente na EJA, pois há um desnível em relação à metodologia: no MOVA o educando é trabalhado para ser SUJEITO construtor de sua história, pela cidadania, enquanto na EJA é utilizado o método tradicional. É fundamental buscar parcerias para alavancar esse processo. Duas ONGs estão atuando com o MOVA no Pará: AJURI e Lamparina.
Em São Paulo o PT perdeu a prefeitura, representando um retrocesso para os trabalhos do MOVA. Tentaram diálogo, mas está havendo um desmonte do MOVA na Capital. 450 entidades participavam do MOVA na periferia. Acontecerá no dia 23/06/2005 uma “caminhada” até a prefeitura, trata-se de um movimento político para garantir o MOVA. Estão discutindo se transformam ou não o movimento em OSCIP. No trabalho do MOVA-SP não só não há apoio, mas conta com pareceres desfavoráveis à continuidade, pois o educando é contado por nº, “por cabeça”, se não atinge os 15 alunos por turma, ela é desativada. Se o aluno chega atrasado, não é contado. Percebe-se que é para desarticular o movimento. “Aluno não é gado, para ser contado por cabeça”.
Alega-se que os educandos serão remanejados para salas de EJA, mas estas já estão esvaziadas. Há uma clara consciência que é uma decisão política. Estão buscando parcerias para fortalecer o Movimento e garantir sua continuidade com governos no âmbito federal, estadual e municipal. Mas o Movimento Social tem clareza que para garantir a continuidade do MOVA é necessário o desatrelamento com o poder público municipal, ou seja, que o Movimento seja independente, que a sociedade seja responsável por ele.
Em Goiás há também o uso político do MOVA (dos educandos e educadores) e alguns projetos em parceria com o Brasil Alfabetizado sequer mencionam a parceria, é como se somente o governo estadual ou municipal que assumisse o financiamento do projeto ou programa. O PT perdeu as eleições em Goiânia, o que trouxe dificuldades no AJA-Expansão, mas há uma continuidade, ainda que com alguns cortes como o do lanche e do vale transporte. No Estado de Goiás (SEE) necessita-se de formação continuada para educadores populares. A EJA em Goiânia funciona na escola – a EAJA – ou como extensão de escolas através do Projeto AJA ou Organização Alternativa (em locais cedidos, como: empresas, COMURG, Associações, etc.) em períodos variados conforme a demanda, com número específico de alunos, se não há, não abre a turma.
No Sergipe a EJA é vista como se “só o educador sabe” havendo o desnivelamento com o aluno, não se aproximando do educando e sua realidade. No MOVA há um apego do aluno com o professor. Esta forma de atuar distante do aluno da EJA prejudica a continuidade dos estudos. O MOVA funciona nas salas de aula, nas casas, sem estrutura. Busca-se conscientizar os alunos do direito à educação, inclusive de se utilizar as salas de aula que não estão sendo utilizadas, mas ainda é incipiente. É importante que o governo municipal faça uma parceria com a Casa Operária para utilizar as salas e a alternância MOVA e EJA para garantir o atendimento na alfabetização e a continuidade na EJA. Estimula-se a conscientização: cidadania e direitos no MOVA, quando vai para EJA começa do b a ba, sem questionamentos. É fundamental aproximar a metodologia da EJA à do MOVA.
O Rio Grande do Norte reivindica a continuidade MOVA/EJA, com mudança de metodologia, pois quando chegam na EJA é no método tradicional, causando evasão. A proposta é buscar novas parcerias para garantir a continuidade do MOVA.
Mato Grosso do Sul enfatiza que com a alternância de poder o MOVA perde muito. Percebe-se o uso político de educação. Propõe reuniões, lutas, buscar parcerias. O Estado (SEE) de MS apóia o MOVA, mas muitos municípios não. Ainda assim, tem-se conseguido garantir a continuidade. Propõe orientação jurídica: constituição, etc. para forçar a continuidade. As salas no meio rural, e em assentamentos estão a longas distâncias que dificultam o acesso, acompanhamento e formação dos educadores populares. Não há verbas para combustível, pegam carona ou dinheiro do próprio bolso para ir até a sala de aula. Todo o movimento é político-partidário. Para se garantir o MOVA é com aqueles que o apóiam.
Guarulhos/SP informa que encaminhar os educandos do MOVA para EJA não dá certo. Precisa oferecer continuidade da escolarização também para os educadores populares. Tem autonomia do movimento e parceria garantida e que funciona. Há continuidade do MOVA. A oposição tenta intimidar o aluno, mas não tem funcionado: “Se você estudar com o pessoal do PT não vai ter o seu arado”. Resposta: “Eu vou estudar e vou ter o meu arado”.
Diadema/SP tem 10 anos de MOVA e a continuidade não aconteceu ser sempre do mesmo partido. Há avanços pedagógicos e políticos, mas com problemas. MOVA tem trabalho diferenciado. Precisa fazer trabalho de adequação com aluno para ir para EJA. Existe um conselho que busca garantir estudos aos alunos: MOVA e Secretaria Educação. Não existe aluno permanente. Todos têm que saber lutar. Existem parcerias com igrejas e empresas, mas a maior é com a prefeitura. Tem prova com o MOVA (o aluno vai até a 8ª série) e prova para escola do Estado, mas agora entenderam que não há necessidade dessas avaliações. Quanto às parcerias, a maioria é com o governo municipal e estadual. O MOVA é muito dependente dos governos e isso não pode ocorrer: a sociedade civil e os Movimentos Sociais precisam ser mais autônomos. Inclusive se não tem alguém do governo em um evento, ninguém fala do Movimento. Possuem parceria também com entidades.
No Distrito Federal o atendimento tem sido feito pelos movimentos populares, o governo do Distrito Federal (GDF) quase não tem agido. As escolas públicas não são abertas para movimentos populares, ficando a “cargo” do diretor; se ele se simpatizar com a pessoa ou o movimento, as coisas acontecem. Não há divulgação dos dados estatísticos do DF: número, quem são, onde estão, etc. O Fórum elaborou um documento que será entregue na Secretaria da Educação, com suas reivindicações: uso das salas de aula do GDF; a disponibilização dos dados estatísticos do MOVA (já pesquisados) – nº, quem são, onde estão, etc. Estão transformando a ONG CEAC – Centro de Educação e Alfabetização de Ceilândia (sem fins lucrativos) – em OSCIP, cujo estatuto já passa por reforma. Os alfabetizandos do MOVA são encaminhados para a EJA. Se não são absorvidos pela EJA, são instruídos a movimentarem e exigirem a criação de uma turma para eles.
Após a fala dos presentes, situando como os MOVAs estão em suas localidades, a coordenadora do GT propôs que busquemos alternativas para que o educando continue os estudos no MOVA e depois entre para a escola formal (EJA), mas numa escola libertadora.
Ela destacou ainda que o MOVA busque: a capacitação dos educadores; que o educador popular deve ser “revolucionário”, novo, nascer todos os dias na Educação Libertadora; a elevação da escolaridade do alfabetizador (Universidade) enquanto responsabilidade do Poder Público; MEC se responsabilizar por um MOVA/EJA de qualidade; continuar com Fóruns; articulação nacional; fortalecer MOVA; que o parceiro do MOVA, participe dos Fóruns, para que conheça melhor o Movimento fortalecendo-o; “MOVA” ser movimento NACIONAL contínuo assumido pelo MEC; que o aluno que não vai para a escola, fique na comunidade com o mesmo professor (MOVA e EJA) sendo financiado pelo Fazendo Escola para garantir sua continuidade da escolarização.
Após discussões destas e outras questões, o grupo elaborou suas propostas: garantir a continuidade dos alunos do MOVA na EJA; garantir verba do Fazendo Escola para a continuidade dos estudos dos educandos do MOVA; garantir a elevação da escolaridade ao professor alfabetizador e assessores pedagógicos; garantir que o poder público se responsabilize pelo financiamento do MOVA/EJA e o movimento social/base fique responsável pelo controle social, inclusive dos recursos; garantir a instituição dos fóruns e reuniões permanentes; garantir que o educador do MOVA não receba valor menor que um salário mínimo; reafirmarmos que o MOVA é ação de EJA e, como tal, exigirmos nossa participação nos Fóruns de EJA; recomenda-se que nos centros urbanos tenha no mínimo 10 alunos por turma, e, no máximo 25, e no interior, no mínimo 5, observando as características da localidade (ex. regiões ribeirinhas); garantir aos alunos do MOVA o atendimento oftalmológico; garantir acesso ao transporte escolar que é oferecido no meio rural; garantir a efetivação da economia solidária: recomenda-se que a geração de renda e cooperativas sejam juntos com os projetos que visam emprego e superação dos temas geradores.

Noturno
REUNIÃO DO GRUPO DE TRABALHO: RELATORES, COORDENADORES DE GTs, DELEGADOS/ GESTORES POR ESTADO E REPRESENTANTES DA COMISSÃO NACIONAL DO MOVA-BRASIL
Coordenação dos trabalhos: Maria Emilia de Castro Rodrigues (UFG/GO) e Maria Luiza Angelim (UnB/DF)
Relatoras: Maria Emilia (UFG/GO) e Liana Borges (ONG Diálogo/RS)

O objetivo da reunião: definir a estrutura do documento síntese a ser aprovado na plenária do dia 11/06/2005 e a estrutura do relatório completo do evento; compor com os relatores, coordenadores de GTs, delegados, gestores por Estado e representantes da Comissão Nacional do MOVA-Brasil uma avaliação do encontro; realizar algumas reflexões a respeito do mesmo; e propor encaminhamentos para a plenária do evento e para o próximo encontro. Para tanto foram ouvidos os relatores e coordenadores de GTs, quanto aos aspectos que se destacaram em seus grupos, seguindo-se algumas reflexões e debate, finalizando com as proposições.
Quanto a estrutura dos documentos: a) documento síntese a ser aprovado na plenária do encontro definiu-se que seria composto: pelo cenário – conjuntura política – em que se encontram os MOVAs no Brasil; um balanço das regiões do Brasil; dificuldades e desafios; proposições, recomendações e encaminhamentos; b) relatório completo: conter a temporalidade dos Encontros Nacionais e a Coordenação nacional, além do desenvolvimento das atividades propostas durante o encontro.
Em seguida os relatores e coordenadores de GTs fizeram uma síntese das discussões nos grupos:
a) GT 1 – Foi destacada a questão: Como preservar a concepção freireana quando se faz parcerias com o Brasil Alfabetizado?
Proposição: Que o MOVA também participe dos Fóruns de EJA.
b) GT 2 – Proposições: Continuidade na formação; trabalhar com Economia Solidária nas escolas de EJA; desburocratização; maior relação dos MOVAs com os Fóruns de EJA: articulação entre as políticas de EJA, os MOVAs e sua continuidade; articular com a rede de Economia Solidária; divulgar a diversidade de experiências dos MOVAs.
c) GT 3 – Proposições: Garantia de uma política pública de formação inicial e continuada – institucional; acionar o legislativo para viabilização de uma política pública da Educação Popular; estabelecer convênios entre órgãos públicos e Movimentos Sociais; deve ser utilizada nos MOVAs uma metodologia adequada aos interesses e necessidades dos educandos.
d) GT 4 - Proposições: Fortalecer a integração entre os ministérios: ex. MEC e Ministério da Saúde (para atendimento bucal, oftalmológico, ao PNEE etc.), apoio financeiro a instituições que atuem com PNEE; difundir as diretrizes curriculares da Educação Indígena; valorizar a mulher professora e educadora, com reconhecimento institucional; maior apoio financeiro para os educadores; união pela emancipação das mulheres; extensão do MOVA nas áreas indígenas em todo território nacional; elaborar estatuto do MOVA INDÍGENA; ao invés de ensinar Inglês ou outra língua estrangeira, ensinar uma língua indígena (esta proposição não passou no encaminhamento final do GT); ampliar as turmas de MOVAs entre os agricultores familiares; criar intercâmbio entre o Instituto Paulo Freire e as políticas municipais, onde ele tem parcerias; ter no mínimo dois educadores nas salas com pessoas com necessidades educativas especiais (PNEE); cadastro do Programa Brasil Alfabetizado solicita que se diga a cor do educando: no grupo havia um desconhecimento do porquê desse item no questionário; oito meses para o processo de alfabetização nem sempre são suficientes, precisa ver o tempo do aluno para se alfabetizar; articulação MOVA – EJA. Desafio: Educador ainda pouco participativo e pouco envolvido no trabalho.
e)GT 5 – Proposições: Prever tempo do programa para formação continuada; garantir que as bolsas dos educadores em âmbito nacional sejam no mínimo um salário mínimo; educador do MOVA continuar como educador da EJA: na medida do possível o educador do MOVA ser contratado pelo município para atender na continuidade da escolarização; garantir as verbas do Fazendo Escola para a continuidade na EJA; número de educandos menor em salas com PNEE; garantir merenda escolar e atendimento oftalmológico; Economia Solidária atuar junto com projetos dos MOVAs; Fóruns de EJA ter representação dos MOVAs; garantir que não se faça uso do Programa Brasil Alfabetizado de forma politiqueira; tempo de oito meses do programa em alguns casos é insuficiente; garantir que não haja atrasos no repasse dos recursos do Programa Brasil Alfabetizado; garantir acesso e permanência dos recursos da EJA aos MOVAs. Desafios e dificuldades: Metodologia da EJA não garante a continuidade e permanência dos educandos; dificuldade de entender os MOVAs como espaço de democratização e socialização; continuidade na EJA utiliza metodologia que exclui os educandos; há dificuldade de compreender que o MOVA é educativo no aspecto de gestão/participação.
DESTAQUES ao longo dos relatos, para o documento síntese:
A)Relação com o Programa Brasil Alfabetizado.
B)Salário mínimo com base para a bolsa do educador do Programa Brasil Alfabetizado (houve concordância de todos).
C)Estatuto para o MOVA INDÍGENA (alfabetização bilíngüe).
D)Cadastro do Programa Brasil Alfabetizado.
E)Haver dois professores na turma quando houver aluno com necessidades educativas especiais.

DISCUSSÕES
A) Relação com o Programa Brasil Alfabetizado.
A lógica do Brasil Alfabetizado é diferente do MOVA  formato “em gavetas” que compromete a concepção do MOVA. Como fazer essa “adequação”? O tempo de 6 meses se parece com os MOVAs porque o educando pode permanecer. Contudo o que o Brasil Alfabetizado tem que fazer é apontar qual é a sua concepção. Temos que avançar mais. Lógica dos 8 meses: o período em que começa e termina o Programa Brasil Alfabetizado é um tempo que não dá para trabalhar e isso interfere em todo programa.
Desde a posse do Presidente Lula, com a criação do Programa Brasil Alfabetizado, temos lutado para encostar a proposta do MOVA ao do Brasil Alfabetizado. Tempo organizacional de 8 meses para o aluno, podendo permanecer aqueles que não foram alfabetizados, foi uma luta dos MOVAs pela garantia do tempo que o aluno necessitasse. Queremos que o Brasil Alfabetizado e esse governo digam qual a concepção de alfabetização desejam para o povo Brasileiro. A do MOVA é ler o mundo e assumir-se como sujeito que amplia sua cidadania.
Temos que fortalecer essa marca dos movimentos populares financiados pelos recursos públicos, pois temos visto outras entidades recebendo esse dinheiro. Temos que fortalecer a educação pública municipal libertadora, ou veremos o crescimento do “Sistema S”, que tem sido financiado em grande parte pelos recursos do governo federal.
O Brasil Alfabetizado amadureceu e nós também, avaliando diante dos seis meses do Cristóvão Buarque para agora. Houve sim uma aproximação do Programa Brasil Alfabetizado com o MOVA BRASIL. Ainda há possibilidade de perda da identidade da Educação Popular. O MOVA BRASIL necessita solicitar que o governo federal diga com clareza qual é a sua concepção. Se está claro em nós o que propúnhamos e propomos enquanto princípios do MOVA BRASIL, temos que explicitá-los. E o Governo Federal precisa explicitar qual é a sua concepção de alfabetização e não ficar aceitando tudo que aparece. E esse é o momento de intervir para mudar em relação a privatização do poder público.
Quais são as implicações do repasse aos municípios segundo a Resolução do MEC? Como se dá esse repasse? Ver nova resolução do MEC.
Tem coisas para ajustar na operacionalização do Programa Brasil Alfabetizado, mas é provável que o MEC não faça opção de concepção. Paulo Renato acha complicado o governo responder essa questão de uma alfabetização numa abordagem popular. Como fazer para que o Brasil Alfabetizado continue avançando? É importante posicionar-se quanto aos sistemas paralelos da EJA, ao sistema oficial de ensino. O Sistema CUT também está no campo do popular.
Hoje podemos escrever um projeto para elaboração e publicação de materiais didáticos com o perfil do MOVA, conforme correspondência do MEC. Temos visto timidez nos nossos projetos dos MOVAs. É importante afirmarmos a identidade do MOVA BRASIL.
Governo não pode e não deve se manifestar dentro de uma única concepção (cadê a liberdade de expressão?); Enquanto um governo popular não deve fazer opção pedagógica, mas explicitar o conceito de alfabetização na relação com outras políticas públicas: conseqüente, responsável, vinculada ao desenvolvimento sustentável e à educação popular. É preciso haver liberação de certas exigências para os movimentos sociais, que não têm condições de cumprir com todas as exigências para firmar convênio com o FNDE.
As pessoas devem declarar a raça a que pertence, não dá para negar ou ocultar a raça. Sinalizar na plenária como o MOVIMENTO NEGRO (MNO) está trabalhando. E pedir esclarecimentos junto ao MEC. O que eles querem? É a livre manifestação. Foi o próprio Movimento Negro que foi contra a autodeclaração. O Movimento Negro está lutando é para retirar a definição “pardo” presente no IBGE. Questão: retirar esta categoria ou rever a forma? Critério seria a autodeclaração.

ENCAMINHAMENTOS

Temporalidade dos encontros do MOVA BRASIL: permanece anual e discutiremos com mais vagar, inclusive nas bases dos encontros estaduais e Regionais, avaliando a periodicidade e no próximo encontro nacional deliberaremos. Avaliar também: a questão das incertezas de ser um ano eleitoral (2007); articular com o ENEJA (bianual?); intercalar com encontros regionais dos MOVAs; o trabalho que é organizar um encontro como este, cujo peso maior fica para a comissão local. Daí o compromisso da Comissão Nacional do MOVA BRASIL com a organização, financiamento e registro do encontro.
Elaboração do Estatuto do MOVA INDÍGENA tem que retomar com eles.
A sugestão de alterar no currículo a substituição de uma língua estrangeira (inglês, francês/ espanhol) pela língua indígena não foi aprovada nos encaminhamentos finais do GT.
Não temos é que aceitar a metodologia do IBGE, no que diz respeito à cor, mas trabalhar com a questão da autodeclaração através do MNO, para a revisão deste dado.
Ter como bandeira de luta que a bolsa do educador popular não seja inferior ao salário mínimo.
Ter clareza das leis trabalhistas do voluntariado.
Educador do MOVA passar a ser educador da EJA para garantir a continuidade, na medida do possível.
Que os projetos encaminhados ao MEC traduzam a liberdade de cada localidade construir o seu MOVA: as suas práticas, os seus princípios dentro da educação popular libertadora.
Temos que batalhar pelo primeiro emprego ou vamos estimular cooperativas.
Cuidado: Educação Popular com profissionalização. MOVA não é educação formal.
Fortalecer o MOVA dentro da perspectiva da Educação Popular Libertadora.
Buscar no Programa Brasil Alfabetizado uma lógica que favoreça um trabalho onde a rede não atende.
Governo não bancar o “Sistema S” (privado) com recursos públicos.
Afinar um pouco mais os critérios para liberação de recursos públicos (federal, estadual, municipal): ser para o sistema público e ser numa linha de educação popular libertadora.
Enquanto um governo popular, este governo não deve fazer opção pedagógica, mas explicitar o conceito de alfabetização na relação com outras políticas públicas: conseqüente, responsável, vinculada ao desenvolvimento sustentável e à educação popular.
Papel do MOVA-BRASIL como problematizador deste “sistema paralelo” e que este recurso fortaleça a escola pública com raízes e organização popular.
CARTA COMPROMISSO: fazer o relato da elaboração, entrega e suas conseqüências, e a leitura para homologação. Entregar cópia para delegados e colocar no site.
Apesar do MEC ter comunicado que a presença de RAAAB na Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (CONAEJA) representaria o MOVA, retomar o pedido que reforça a inclusão do MOVA Brasil nessa comissão.
A nova Comissão Nacional do MOVA BRASIL fica com a tarefa de elaborar um projeto para encaminhar ao MEC para obter financiamento de material didático. Fazer uma proposta com as experiências dos MOVAs.
COORDENAÇÃO NACIONAL DO MOVA BRASIL: consolidar a regionalidade dos MOVAs, sendo três coordenadores por região, incorporando em cada uma delas representantes dos Movimentos Populares. O mandato a partir do 5º MOVA BRASIL será de dois anos. Na composição da Coordenação Nacional cada região, no 5º Encontro Nacional, ainda não está com todos os Estados representados, e seus membros irão construir esta representação para que em 2006 haja na Comissão um representante por Estado. Da Região Sul conta com RS e buscarão também a participação de SC e PR; da Região Sudeste contam com SP e RJ e buscarão a participação do Espírito Santo e Minas Gerais; da Região Norte contam com PA e AC e buscarão a participação do Amazonas, Tocantins e Rondônia; da Região Nordeste contam com CE, BA, RN, SE e buscarão a participação dos demais Estados da região; do Centro-Oeste contam com DF, GO e MS e buscarão a participação de MT.
Em 2006 o Encontro Nacional do MOVA BRASIL se mantém, tendo como pauta o tema MOVA- BRASIL: interface com as políticas públicas de EJA. O encontro será estruturado nos moldes do 5º Encontro, que foi muito bem avaliado.
A Coordenação Nacional tem dentre outros, o papel de ser a Central de Informações na localidade e construir a captação de recursos para o Encontro Nacional do MOVA BRASIL, juntamente com a equipe local, buscando o apoio junto a estatais, organizações (ONGs, como a Moradia e Cidadania da Caixa Econômica Federal, que apoiou o 5º Encontro), instituições, etc.
Na reunião do MEC, de 3 de setembro de 2005, após o ENEJA, já elaborar o projeto de captação de recursos para o 6º Encontro Nacional do MOVA BRASIL.
6º Encontro Nacional do MOVA BRASIL em 2006, provavelmente será em Fortaleza, Ceará.

ATIVIDADES CULTURAIS
Cada região trouxe suas contribuições, além de muito forró, apresentações musicais e muita animação.

Dia 11/06/2005
Matutino
PLENÁRIA FINAL
COORDENAÇÃO NACIONAL DO MOVA-BRASIL - Gestão 2005/2007
Composição: Critério - Inserção no movimento popular
Periodicidade: 2 anos a partir do 5º Encontro
Representatividade: 1 representante por Estado com flexibilidade

REGIÃO NORTE: Adelaide Lais Parente Brasileiro (MOVA-Belém/PA), Alcilene Souza(MOVA-Belém/PA), Cristiane Rodrigues (MOVA-Belém/PA)
REGIÃO REGIÃO NORDESTE Eliane Bandeira e Silva (RN), Vilacir Catunda (CE), Welington Oliveira (BA), Estado de Sergipe
REGIÃO CENTRO – OESTE: Márcia Pereira MeIo (Programa AJA-Expansão/Goiás), Francijairo Ananias da Silva (DF), Maria Luiza Pereira Angelim -coordenadora do 5º MOVA (DF); Mato Grosso do Sul (2 vagas: uma Movimentos Sociais, outra institucional).
REGIÃO SUDESTE: Ionilton G. Aragão (SP), Carlos Evandro (ABC/SP), Raquel Fernandes de Oliveira (RJ).
REGIÃO SUL: Paulo Renato Cardoso Soares (RS), Renata de Oliveira (RS), Liana Borges (RS – ONG Diálogo).
IPF – Anderson Severino Gomes; AEC-SP – Iraci Ferreira Leite; Ação Educativa.

6º ENCONTRO NACIONAL DA REDE MOVA-BRASIL: 15, 16 e 17 de junho de 2006
Local: Fortaleza – Ceará
Tema: MOVA- BRASIL: interface com as políticas públicas de EJA.

APROVAÇÃO DO DOCUMENTO SÍNTESE (anexo 09)

Sites:
www.fe.unb.br/areas/alfabetizacao
www.tvebrasil.com.br/salto
www.idbrasil.gov.br

ENCERRAMENTO
Maria Luiza agradeceu a todos os participantes, à sua equipe de trabalho e passou a faixa para a Vilacir Catunda (CE), que organizará o próximo encontro em Fortaleza.

EQUIPE DE RELATORIA
Adelaide Lais Parente Brasileiro (Instituto AJURI-PA), Anderson Severino Gomes (IPF), Maria Emilia de Castro Rodrigues (UFG - coordenadora), Maria Luiza Pereira Angelim (UnB), Renato Hilário dos Reis (UnB).

ANEXOS

Anexo 01 - Histórico do MOVA

Anexo 02 - Projeto do V Encontro Nacional do MOVA-Brasil entregue ao MEC/SECAD

Anexo 03 - Música: Hino do Monitor

Anexo 04 - Música: Companheiro – MEB/GO

Anexo 05 - Canção para os Fonemas da Alegria

Anexo 06 - Carta Compromisso do MOVA-BRASIL

Anexo 07 - O Corpo, Som do Ser

Anexo 08 - GT- 1: ALFABETIZAÇÃO – CONTINUIDADE EM EJA ENQUANTO POLÍTICA  PÚBLICA/FINANCIAMENTO: FUNDEB, INICIATIVAS DE MOVIMENTO SOCIAIS E CONTROLE SOCIAL

Anexo 09 - DOCUMENTO SÍNTESE DO V ENCONTRO NACIONAL DO MOVA-BRASIL